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Cuidado com as despesas de envio na hora de fazer uma devolução: "Na Leroy Merlin pago-as eu"

A multinacional francesa pode cobrar até 120 euros dependendo do destino do pedido, do peso e tamanho dos artigos, e nega-se a reintegrá-los ainda que o produto enviado seja defeituoso

Ana Carrasco González

Uma loja Leroy Merlin onde é preciso ter cuidado com os custos de envio quando se faz uma devolução / PE

"É a última vez que compro na Leroy Merlin on-line", avisa T. L. "Comprei uma mesa pagando aparte a despesa d envio e enviam-ma em mau estado com um canto do tampo partido. Logicamente, devolvi-a, mas as despesas de envio pago-as eu", diz o afetado. A multinacional francesa pode cobrar até 120 euros dependendo do destino do pedido, do peso e tamanho dos artigos.

O cliente, ademais, manifesta a sua irritação com a empresa ao não obter o reembolso da despesa de envio por uma mesa "partida" que teve que devolver. "Parecer-me-ia normal se devolvo a mesa porque dá-me vontade, mas não é por capricho, é que me mandam coisas partidas e sou eu que pago. Depois perguntarão porque compramos tanto na Amazon, pois querido Leroy Merlin perdeste um cliente. E espero que perca muitos mais para os ladrões", exclama indignado.

"Desmaiei com o roubo"

Muitos são os compradores da loja especializada em bricolaje, construção, decoração e jardinagem que se queixam dos elevados preços das despesas de envio que devem assumir na hora de realizar uma compra on-line. Alguns decidiram evitá-los. "A secretária que vi na Leroy Merlin, está na AliExpress mais barata e sem despesas de envio", realça Carlos B. que desistiu da multinacional francesa.

Um trabalhador da Leroy Merlin prepara uns pacotes para a sua recolha / LEROYMERLIN

"Que sacanas os da Leroy Merlin! Baixaram 10% o preço de alguns produtos mas passram as despesas de envio de 3 euros para 19 euros. Um disparate", alerta David S. Por sua vez, José T., ao perguntar à empresa pelas despesas de envio teve que "chamar a ambulancia e a polícia". "Desmaiei pelo roubo", conta com ironía.

As tarifas da Leroy Merlin

Da empresa informa-se que as despesas de envio ao domicílio variam segundo destino do pedido, do peso e tamanho dos artigos. Da mesma forma, no caso de requerer o serviço de entrega ao domicílio terá um custo extra de 30 euros. Estas são as suas tarifas:

  • Pacotes inferiores a 10 kilogramos (kg) e dimensões menores a 1.90 m: 3,90 euros ou 7,90 euros.
  • Pacotes entre 10 kg e 20 kg e dimensões menores a 1.90 m: 9,90 euros ou 13,90 euros.
  • Pacotes entre 20 kg e 40 kg e dimensões menores a 1.90 m: 19,90 euros ou 24.90 euros.
  • Pacotes entre 40 kg e 100 kg e dimensões menores a 1.90 m: 29,90 euros ou 49,90 euros.
  • Pacotes entre 100 kg e 200 kg e dimensões menores a 1.90 m: 39,90 euros ou 59,90 euros.
  • Pacotes entre 200 kg e 300 kg e dimensões menores a 1.90 m: 49,90 euros ou 69,90 euros.
  • Pacotes inferiores a 500 kg e dimensões menores a 1.90 m: 69,90 euros ou 99,90 euros.
  • Pacotes superiores a 500 kg e dimensões maiores a 1.90 m: 99,90 euros ou 119,90 euros.

Que diz a Leroy Merlin

"Os nossos clientes não têm que pagar uma taxa adicional pela devolução das suas compras, tanto adquiridas nas nossas lojas físicas, como através do nosso canal de venda on-line", diz a Leroy Merlin à Consumidor Global. Isto é, o utilizador não deverá pagar de novo as despesas de envio para devolver o produto ao armazém.

A porta de uma das lojas da Leroy Merlin / LEROY MERLIN

No entanto, no website da multinacional especificam na seção da sua política de devoluções que "as despesas de transporte e de instalação não serão objeto de devolução". Pelo que, o cliente só receberá o reembolso do produto devolvido mas se, por exemplo, pagou120 euros, não receberá de volta essa quantidade. Ainda que a devolução seja por um defeito no pedido.

Há um limite que limite as despesas de envio?

Jesús P. López Pelaz, advogado especialista em Novas Tecnologias e Legaltech, e director do Bufete Advogado Amigo, conta à Consumidor Global que o importante num caso assim é a transparência no preço, e que não haja sobretaxas de custos ocultos. "Mas se o preço do transporte varia, é transparente e comunicado ao consumidor ao realizar a compra, a aplicação encaixa na lei de protecção de consumidores e utilizadores", diz.

"Não há uma lei que limite as despesas de envio, mas se utilizamos as despesas de envio para mascarar o nosso lucro, isso afetaria ao direito de informação que têm os consumidores ao realizar a compra", explica López. Desta forma, se para enviar um determinado produto pede-se, por exemplo, 20 euros de despesas de envio, tem que ser porque realmente custa 20 euros a enviar.

Transparência com os envios

O advogado dá um exemplo para explicar a transparência que devem ter as despesas de envio para o consumidor. "Um website que quer vender telemóveis a 990 euros e lque os custos de envio sejam de 10 euros, deve indicar isso ao consumidor e cobrar-lhe 1000 euros. Não poderia, no entanto, dizer que o telefone custa 50 euros em oferta e que as despesas de envio são 950, ainda que o consumidor na verdade esteja a pagar o mesmo, 1.000 euros", sublinha.

"Isto produz uma imagem distorcida do mercado e induz o consumidor em erro, inclusive ainda que não lhe prejudique economicamente", argumenta López. "Por tudo isto, sempre que não se mascarem nos custos de envio ganhos do empresário, o custo poderá ser tão alto ou tão baixo como resulte da negociação que o empresário tenha realizado com os seus fornecedores logísticos", finaliza.