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Comprar uma bicicleta sair-te-á mais caro: os preços sobem apesar do excesso de stock

Os fabricantes organizaram-se após o aumento da procura durante a pandemia, que então gerou atrasos nas entregas e agora acumulação de produto

Ana Carrasco González

Uma loja de bicicletas / PEXELS

Como todos os dias, David Navarro sai de sua casa em direcção ao trabalho montado na sua bicicleta. Ao chegar, estaciona-a no mesmo lugar de sempre, põe-lhe o seu cadeado, dá-lhe um último olhar e entra pela porta da loja onde trabalha. O estabelecimento, situado em Sabadell (Barcelona), tem por nome Bici Escapa, e vende todo o tipo de velocípedos, modelos eléctricos, de montanha ou de passeio.

"Temos um excesso de stock. Entre os anos 2020 e 2021 experimentámos um boom de procura e agora baixou bastante a clientela nos últimos meses", destaca. No entanto, os preços continuam a aumentar.

Sobram bicicletas

Depois do confinamento a que se expôs o país há já dois anos, muitos foram os que decidiram comprar uma bicicleta para se deslocar. Mas isso mudou.

"O consumo chegou-se a incrementar no ano passado em torno de 54%, no entanto, essa tendência de ascensão baixou e poderíamos dizer que aquelas previsões que falavam de crescimento sustentado se derrubaram. A procura baixou e há muitos fabricantes que descobriram que tinham feito provisões e tinham stocks, e agora têm uma grande acumulação de bicicletas", explica Cristian Castillo, professor de Economia da Universitat Oberta de Cataluña (UOC) e perito em logística.

A procura cai

Desta forma, tendo em conta essa procura que tinha, muitas lojas do sector reconhecem que não têm sido capazes de satisfazer as suas expectativas e, como argumentou o perito a este meio, "muitos fabricantes de bicicletas ou mesmo grossistas que as vendem contam actualmente com mais stock do que o necessário devido a esse boom que teve a bicicleta, que parece que agora não está a seguir essa esteira".

Uma loja de bicicletas / EP

Nos últimos meses, David experimentou que na sua lojam passam menos clientes. "Vendemos muito menos e temos mais. Essa é o paradoxo atual, quando antes era ao contrário", relata. Segundo conta, o vendedor e também ciclista no seu tempo de lazer, antes mal tinham bicicletas porque não chegavam os componentes e peças necessárias. "Pedia-lhe ao meu forncedor, a multinacional japonesa Shimano, alguns travões ou discos, mas demoravam entre seis ou sete meses a chegar.

15 % mais caras

"Hoje o sector encontra-se estabilizado. Sim que é verdade que pode haver alguns casos de escassez de stock pontuais, sobretudo se falamos de bicicleta eléctrica que leva semiconductores. Mas a nível geral poderíamos dizer que não há nenhum problema de abastecimento para além de casos pontuais", aponta Castillo. "Além disso, os prazos de entrega são inferiores, só os modelos eléctricos podem continuar a ter atrasos, mas não tão elevados", recalça.

Da Sanferbike, em Madrid, afirmam que o aumento dos custos do transporte e das matérias-primas também está a reduzir a entrega de algumas peças. "Os fabricantes de bicicletas estão localizados, na sua maioria, na Ásia. Agora num contexto de inflação, onde tudo é mais caro, os preços das bicicletas também subiram entre 10% e 15%, segundo o modelo e da marca do velocípedo", comentam a este meio do estabelecimento madrileno. Na loja de David Navarro também se subiu o preço 15%. Ao finalizar a jornada, o jovem volta a vender menos do que o esperado. Fecha a persiana da loja. Tira o cadeado da sua bicicleta e volta para sua casa.