Apelidado por muitos como a Primark holandesa, a Zeeman entrou no mercado espanhol como uma alternativa a outras marcas de moda, defendendo os básicos face ao fast fashion. No entanto, tanto a Zeeman como a Primark –ainda que difiram quanto a modelo de negócio– coincidem na oferta de roupa a preços baixos ou ajustados.
Fomos comprar em ambas as redes para ver onde está a roupa mais barata e de maior qualidade. Para isso, escolheram-se várias peças básicas, desde uma t-shirt de alças até um boné. Primark vs. Zeeman: que marca dá mais e ao melhor preço?
Primark vai grande e Zeeman vai pequeno
Assim que se entra na loja de Primark, situada na praça de Cataluña, em Barcelona, o bullicio de pessoas ensordece e revoluciona todos os corredores, onde a roupa aparece desdobrada, apesar das tentativas dos trabalhadores de pôr as peças em ordem e atraentes para os clientes. Nos quatro pisos deste estabelecimento, mais a sua cave, pode-se encontrar quase de tudo: para mulher, para homem, para crianças e até para o lar. A empresa irlandesa vai em grande estilo, tanto no tipo de loja que oferece como na ampla variedade de produtos.
Pelo contrário, a Zeeman prefere algo mais pequeno. Mais discreto. A rede não aposta em colocar as suas lojas em zonas centrais da cidade. Prefere um local mais pequeno, um pouco afastado de toda a confusão, mas com movimento de pessoas. Assim é a loja da empresa na rua de Carmen da capital catalã. Uma vez dentro, apenas há três ou quatro compradores, pelo menos, nesse momento. Ao perguntar por sobre várias peças, descobre-se que o stock da empresa é bastante limitado. A sua expansão por Espanha também é mais tímida, mas já tem presença, aparte de Catalunha, na Comunidade Valenciana, Madrid, La Rioja, Castilla La Mancha, Aragón, Navarra e Múrcia.
À procura de t-shirts básicas
Na Primark é possível encontrar no primeiro piso uma banca de t-shirts de manga curta básicas para mulher com um grande cartaz que anuncia o preço: 3,50 euros. Enquanto isso, na loja da Zeeman, o valor deste tipo de peças básicas eleva-se até aos 3,99 euros. Isso sim, o produto da rede holandesa está feito com 95% de algodão, ao contrário da Primark, onde se usam várias fibras artificiais.
Quanto às t-shirts de alças, o preço mais barato encontra-se na Zeeman: 2,29 euros. A Primark tem-as por 3 euros. A diferença não é muita. Uns 70 céntimos. E, neste caso, ambos os estabelecimentos jogam com os mesmos materiais para o fabrico.
O 'pack' do verão: um boné e um fato de banho
À medida que percorremos os corredores destas duas lojas, enche-se o carrinho de compras. Agora toca o turno ao típico kit do verão composto por um fato de banho e um boné. Na Primark, neste caso, há bonés de cor por 3 euros. Enquanto, na Zeeman, os escassos desenhos que há são mais coloridos e ascendem aos 3,49 euros.
Quanto aos fatos de banho, a diferença de preço já é maior entre ambas as empresas. Assim, o básico de homem está à venda na Primark por 3,50 euros, e no seu "rival holandês" pode-se conseguir por quase 5 euros.
Os clássicos
Nos looks mais clássicos nunca pode faltar o jeans. Na Primark podem-se encontrar diferentes tipos. Mas, nesta ocasião, optou-se por um magro, tipo slim. Na loja localizada na praça Cataluña estão disponíveis por 14 euros.E na Zeeman, na verdade, não custam mais. Tem-os por mais dois euros. Isso sim, destes últimos, além ae sua etiqueta com o preço, também pendura uma de cor verde que revela os materiais sustentáveis que se utilizaram na sua confeção.
E como não há jeans sem camisolas, optámos também por comprar um par delas. Enquanto na rede irlandesa vende uma de cor clara por 14 euros, a holandesa é mais uma vez mais cara e tem de pagar até 16,99 euros.
O mais barato vs. o mais respeitoso ou sustentável
Com vários sacos de roupa na mão de peças tanto da Primark como da Zeeman, a conclusão final é que a rede irlandesa é mais barata. De facto, resulta muito difícil competir com ela quanto a preços baixos. Não obstante, a Zeeman também oferece preços ajustados e umas qualidades que podem interessar a vários consumidores. Fast fashion ou roupa sustentável? Esta pergunta é a que se fazem cada vez mais consumidores. Sobre isso, Claudina Romero, perita em moda sustentável e economia circular no sector têxtil, salienta que o vestuário feito de materiais sustentáveis nem sempre significa que provém de um modelo de negócio sustentável. "Há que saber diferenciar isso", destaca. Neste sentido, Zeeman assinala no seu website os lugares onde se fabricam sos eus produtos e as condições laborais. Ponto para a rede holandesa.
"Dever-se-ia de propor outro tipo de consumo que minimize o impacto negativo no meio ambiente", insiste Romero sobre o tipo de roupa que se compra hoje em dia. "Agora o modelo fast fashion prevalece na maior parte do mundo. Produzir muito em pouco tempo, deixando grandes montanhas de roupa fabricada em maior medida em países asiáticos", acrescenta Romero. No entanto, a perita quer enviar uma mensagem positiva e considera que "pouco a pouco somos mais conscientes do importante que é cuidar do nosso planeta".