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Casamento à fuga: como rescindir os contratos

Celebrar um evento nupcial em Espanha custa em media 20.000 euros e neste ano cancelaram-se mais de 17.000 cerimónias

Alejandra Used

Um noivo com as alianças de casamento na mão / Pixabay

"Mudar o formato do casamento por medo ao contágio e as restrições actuais custou-nos mais de 7.000 euros", explica Rebeca Andrés Calvo, uma noiva de 30 anos que trabalha na indústria farmacêutica e tem deixado seu frustrado enlace em mãos de advogados. Como ela, há muitos espanhóis que têm perdido a ilusão, já que o coronavirus tem suposto a cancelamento a mais de 17.000 cerimónias em Espanha. A maioria destas celebrações supõem despesas prévias, como o cátering, os trajes, as flores, o fotógrafo ou a viagem de noivos, entre outros.

Os profissionais que se dedicam a este tipo de eventos alegam que é injusto solicitar uma devolução do dinheiro porque trabalham durante meses na organização e não só um dia. "Mas há pagamentos que o consumidor pode reclamar. Tudo dependerá do que ponha no contrato assinado com o serviço de cátering, a finca ou o resto de provedores. Não é o mesmo se se cancela o casamento pelo estado de alarme ou se nos encontramos ante uma decisão dos noivos para evitar qualquer risco, ainda que estejam permitidos estes eventos", indicam desde o despacho LegalArts.

O cátering e os trajes

O contrato com a empresa de cátering , encarregada de acondicionar o lugar e preparar o banquete, implica que os clientes se comprometem a abonar o custo dos serviços nas datas lembradas. Por exemplo, no catering Guian, da finca Viñedos Rhey, primeiro pagam-se 2.000 euros em conceito de reserva da data, 3.000 euros depois da prova do menu e o resto dantes da celebração --o custo depende do número de convidados e dos serviços contratados, mas o preço médio ronda os 130 euros por pessoa--. "Em caso que os clientes, por qualquer motivo0, cancelem os serviços contratados para a data, assumem e consentem que não obterão a devolução dos custos entregados em conceito de indemnização pelos danos e prejuízos causados, derivados do tempo dedicado a eles", explicam a Consumidor Global fontes da companhia.

Quanto aos trajes dos noivos, estes costumam se fazer sob medida, o que dificulta recuperar o dinheiro. "Paga-se uma entrada ao reservá-los, para compra-a de teias, e o resto quando se recolhem. Damos a possibilidade de guardar o traje e fazer retoques de forma gratuita, mas outros ateliers têm obrigado a pagar todo o custo na data lembrada e recolher o desenho porque assim podem apanhar novas noivas no ano que vem", explica Clara Brea, desenhadora de vestidos de noiva de Madri, cujos modelos arrancam em 1.500 euros. Em outros casos, não têm aceitado modificações. "Gostava do esquema que reservei em Pronovias para casar pela igreja, mas quando decidi mudar o formato da celebração, chamei para perguntar se podia mudar o estilo. Disseram-me que não, pese a que não tinham começado ao costurar. Ao final, decidi aceitá-lo para não perder os 1.000 euros do sinal", lamenta Rebeca Andrés Calvo.

Mudar a data também sai caro

Se o casal decide mover a data do enlace no calendário, esta mudança pode implicar certas despesas extra como, por exemplo, uma nova impressão dos convites. Por isso, há noivos que optam por conservar as originais e o comunicar através do correio electrónico, o WhatsApp ou outras vias. Assim mesmo, no caso das alianças, há que revisar o contrato e analisar o apartado onde se especificam as condições de devolução. "A cada orfebre pode aderir-se a particularidades diferentes. Enquanto alguns oferecem uma garantia de por vida, a mudança de tamanho e inclusive o gravado, outros dão a possibilidade das devolver sem cargo num prazo máximo de 30 dias a contar desde a data do pedido", explicam desde Bodas.net.

Por outra parte, algumas floristerías e fotógrafos têm optado por fazer devoluções em formato vale. "Tenho 900 euros em fotos e 300 euros em flores. Ainda que não tenha data de caducidad, não sê quando vou consumir tal quantidade de dinheiro nestes serviços", lamenta Victoria Santamaría, uma enfermeira de Huesca que decidiu cancelar seu casamento ao ver que a situação não melhorava nos hospitais. Do mesmo modo, as agências de viagens optam por "os bonos ou créditos", explica Marta Salgas de Viagens Mundus.

Que diz a lei sobre os contratos?

A fiança que se pode pedir por uma cancelamento vem dada no contrato, se não existe uma solução de mudança de data ou outras circunstâncias. Nesse caso, "a norma favorece os acordos entre empresas e consumidores para evitar prejuízos económicos, estabelecendo uma série de prazos para que, em caso de não ter opção de acordo, as empresas devolvam o dinheiro aos clientes pelos serviços não prestados", explicam os advogados de LegalArts. Assim, o consumidor terá direito a resolver os contratos subscritos num prazo de 14 dias desde a impossível execução dos mesmos.

Não obstante, nos convênios assinados costuma aparecer que o sinal é em conceito da reserva de data. E, em caso de cancelar o contrato por causas de força maior, não se devolve. No entanto, "isto seria discutível e em base à lei, dever-se-ia atingir um acordo, como um vale, que pode ser recusado pelo consumidor", acrescenta LegalArts.

Os noivos poscoronavirus cobrem-se as costas

Um enlace para umas 100 pessoas tem um custo médio em Espanha de 20.150 euros, um valor que varia dependendo da zona onde se realize. Vitoria é a cidade mais cara para dar-se o sim quero, já que pode chegar a custar 25.000 euros. Enquanto, Málaga é a mais económica, com um custo médio de 13.740 euros, segundo o O Observatório do mundo dos serviços em Espanha, realizado pela plataforma Prontopro e o site de casamentos Zankyou.

Mas agora os casamentos se celebram com mascarilla, distância social e muita incerteza. Por isso, os convênios incorporam novas cláusulas e os noivos contratam um seguro especial para se curar em saúde, nunca melhor dito. "Em general, para limites que não superem os 25.000 euros podemos encontrar, dependendo do custo, pólizas que vão desde os 70 euros até os 200 euros", explicam desde o site de Generali. Mas, pese a que a cada vez há mais interesse por contratar estas pólizas, ainda há muitas que não contemplam as situações mais temidas pelos casais. "Tínhamos organizado um evento para 300 convidados e decidimos fazê-la mais íntima com sozinho 35 pessoas. O problema é que, se se levantam as restrições impostas pelo Governo, a finca cobrar-nos-á 35 euros pela cada pessoa que falte para chegar ao mínimo exigido, que são 150. Isso supõe uma multa a mais de 4.000 euros. E, em qualquer caso, este custo não o cobrem os seguros", lamenta Rebeca Andrés Calvo.