"Acerca-se o inverno". Assim reza o emblema da casa Stark na série Jogo de Tronos, que ultimamente tem acolhido Europa para alertar sobre a ameaça do frio por culpa da crise energética. Ainda fica um par de meses para entrar de cheio num inverno que se prevê incerto, mas a cada vez há mais formigas previsoras que cigarras se preparando. A desorbitada escalada nos preços da energia e a preocupação pelo fornecimento do gás tem disparado a venda de pellets e, por consequência, lojas como Leroy Merlin estão já racionando sua venda ante um possível desabastecimiento.
Fernando Ucelay, director geral do grupo Querqus, dedicado à fabricação, reciclaje e venda de palets, confessa a Consumidor Global que a demanda actual deste combustível de biomasa é máxima em Espanha. "É normal, a gente está nervosa", aponta. Sobretudo, após que Gazprom tenha anunciado que a falta de gás procedente de Rússia poderá provocar graves consequências em Europa, fazendo possível que "se congelem cidades inteiras". Um palco sobre o que o presidente do Governo, Pedro Sánchez, tem querido mandar nesta quinta-feira uma mensagem tranquilizador assegurando que o país conta com um plano de poupança e umas medidas energéticas focadas a fazer frente a esta crise.
Máximo dois palets de pellets por cliente
Não obstante, quando o medo se apodera, pouco podem fazer as mensagens tranquilizadores, e são muitos os espanhóis que têm apostado por esta alternativa ao gás para se aquecer em casa. De facto, segundo a Associação Espanhola de Fabricantes de Estufas, Lareiras e Cozinhas para Combustíveis Sólidos (Aefecc), a venda de estufas de lenha e calderas de pellets incrementou-se ao redor de um 30 %. "Mais especificamente, a venda de pellets duplicou-se com respeito ao ano passado", destaca Ucelay.
"Agora obtemos madeira durante todo o ano para poder cobrir a demanda. O que mais está a subir é o pellet, a alternativa sustentável à lenha", acrescenta o experiente. Desta maneira, ante a alta demanda, lojas como Leroy Merlin estão racionando a venda. "Atenção! Limitação na venda de pellets. Máximo 2 palets por cliente", pode-se ler num letreiro da companhia. "Limitação aplicada com o fim de evitar o desabastecimiento do produto e garantir o acesso ao mesmo, a todos nossos clientes", explica a própria companhia.
A explicação de Leroy Merlin
"Desde Leroy Merlin trabalhamos por oferecer uma faixa acessível e disponível de todos nossos produtos", informam a Consumidor Global fontes da multinacional francesa. "Nos últimos meses, a companhia tem percebido um incremento da demanda de estufas e outros calefactores em relação com as cifras de anos anteriores, sem que isto afecte pelo momento ao abastecimento normal deste tipo de produtos", finaliza sem especificar a que se deve o racionamiento dos pellets que têm imposto a seus consumidores.
Por sua vez, Ucelay expressa que se trata de uma limitação bastante respetable já que uma pessoa compra um saco ou dois de pellets. "Aqui está a limitar-se dois palets de 70 sacos, mais que suficiente para um cliente. Suponho que está mais focado na compra de alguma empresa ou ao que parece o fazem para evitar acaparadores que depois revenden. Ainda que não estou totalmente seguro", reconhece o director do grupo Querqu.
Os fabricantes estão ao 100% de produção
O incremento da demanda também se reflete no preço deste produto. Faz aproximadamente um ano, um saco de 15 quilos de pellets custava quatro euros. Actualmente oscila entre os seis, nas superfícies maiores, e os oito euros. Pelo que seu custo se duplicou com respeito a 2021. Por sua vez, desde o fabricante nacional, Biomasa Florestal, transladam a este meio que a dia de hoje têm suficientes pellets para fornecer aos clientes.
"Isso sim, estamos ao 100% de produção pelo que, se aumenta mais a petição deste combustível face ao inverno, se que sofreremos um desabastecimiento. As lojas suponho que se estão a antecipar pára que o pellet não seja o novo papel higiênico ou o gelo", apontam fontes desta empresa fabricante. Por último, desde o sector da madeira prevêem que esta subida de preços e da demanda continue até o próximo ano 2023. "Acerca-se o inverno", e o sector é consciente disso.