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A carência de 5 anos que propõe o Governo encarecerá até 10.000 euros a hipoteca
A única "grande vantagem" das medidas aprovadas no Conselho de Ministros é a redução da taxa de juro a Euríbor -0,1%
O comparador iAhorro tem calculado que a carência de cinco anos que tem proposto o Governo como uma das medidas para os deudores hipotecarios vulneráveis poderia encarecer o empréstimo hipotecario até 10.000 euros, segundo tem transladado num comunicado.
Numa valoração das medidas lembradas entre o Governo e a banca, que têm sido aprovadas em Conselho de Ministros, a porta-voz de iAhorro, Laura Martínez, tem assegurado que a "única grande vantagem" destas medidas é a redução da taxa de juro a Euríbor -0,1%. "O demais já existia e o utente podia pedí-lo; outra coisa é que o banco lho concedesse", tem assegurado.
Hipoteca-a "vai-se a encarecer"
Ademais, incorporaram-se perfis "não tão vulneráveis" como os que propõe de forma geral o Código de Boas Práticas das entidades financeiras. Neste caso, o banco também estará obrigado a aceitar as petições, ainda que recorda que o novo código para classes médias tem carácter não vinculante.
No entanto, com respeito ao período de carência para o colectivo vulnerável, Martínez afirma que a hipoteca "se vai a encarecer". "Não é o mesmo conceder uma moratoria, como passou em pandemia , que beneficiou a muitos lares porque se concedeu um adiamento do pagamento da quota total da hipoteca --tanto capital como interesses--, que um período de carência de cinco anos, no que se adia a amortização de capital, mas não o pagamento de interesses".
Assim funciona a carência
iAhorro explica que, neste caso, com o Euríbor num 3 %, o hipotecado pagaria um 2 % de interesses de hipoteca durante os cinco anos do período de carência, mas "não amortiza capital, pelo que o dinheiro pendente quando acaba o período de carência será o mesmo que se tinha dantes do começar".
Assinala como exemplo que, se um utente contratou uma hipoteca de 150.000 euros em janeiro de 2018, agora pagará 451,42 euros de quota e em janeiro de 2023, se se acolhe a esta medida, em vez de pagar os 695,11 euros que tocar-lhe-iam na revisão, abonaría somente 307,10 euros correspondentes ao pagamento de impostos. E assim até 2027, quando cumprir-se-iam os cinco anos de carência da hipoteca. Não obstante, ao final da vida hipoteca, pagaria ao todo 70.348,62 euros em conceito de interesses que contrastam com os 65.035,53 euros que pagaria se não se acolhe à medida do Governo.
Mais interesses
Igualmente, se hipoteca-a é de 300.000 euros, em vez de passar de pagar 902,84 euros ao mês a abonar 1.390,22 euros, pagaria desde janeiro de 2023 até dezembro de 2027 um total de 614,20 euros e veria como sua quota se reduz em 288,64 euros.
Neste caso, o hipotecado que não se acolhe ao período de carência pagaria em 30 anos de hipoteca 130.070,70 euros de interesses e se aceita os cinco anos de carência, o pagamento por interesses ascenderia a 140.697,24 euros, isto é, acabaria pagando 10.626,54 euros mais à hora de lhe devolver o dinheiro prestado ao banco, segundo os cálculos realizados pelo comparador hipotecario.
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