Arval é uma companhia de aluguer de veículos que faz parte do Grupo BNP Paribas, proprietário de um dos bancos maiores de Europa. A empresa de mobilidade e renting de carros fechou 2022 com um benefício neto atribuído de 1.195 milhões de euros, um recorde para a companhia. Em Espanha, sua frota supera os 200.000 automóveis.
Alfredo Campos teve um desses 200.000 veículos durante os 4 anos que esteve de renting com Arval. À data de finalização, conta a Consumidor Global, chamaram-lhe "várias vezes para ver se seguia e, como lhes disse que não, a atitude mudou radicalmente". Segundo relata, tinham-lhe que devolver certo dinheiro por kilometraje não consumido, mas o fizeram "por um custo ridículo" e lhe facturar uma série de despesas imprevistas, como uma limpeza do veículo, apesar de que Campos lho entregou limpo.
"Em suas contas não entra devolver um céntimo"
"Deu-me a sensação de que em suas contas não entra devolver um céntimo, e assim o têm que ajustar", considera. Fruto de suas reclamações, conseguiu que lhe reembolsassem 200 euros, mas é muito menos do que lhe correspondia. Seu contrato estabelece que, uma vez finalizado, efectuar-se-ia uma comparação entre os quilómetros percorridos e o kilometraje estipulado, e, se não chega ao lembrado, devolver-se-lhe-ia parte do dinheiro:
"Se constatasse-se um déficit do kilometraje efectuado com respeito ao contratado, o kilometraje não percorrido será abonado ao arrendatario ao preço estabelecido para estes casos nas ofertas com um limite do 20 % sobre o contratado. O custo por quilómetro total de um veículo calcula-se em base às quotas mensais de aluguer e gestão de serviços, multiplicadas pelo número de meses contratados, e dividido entre o kilometraje total previsto na oferta", estabelece uma cláusula.
270 euros de diferença
Assim, Campos tinha 120.000 km contratados, e os lidos foram 114.732, de maneira que tinha uma diferença a mais de 5.200 km correspondente aos que não tinham sido utilizados. Dado que ele tinha pago uma quota de 226,78 euros mensais durante 48 meses, o custo da devolução deveria ter ascendido a 477,80 euros.
Além dessas diferenças de cálculo, Campos não estava do todo conforme com que se lhe cobrasse por limpar o veículo. Fez questão de que o único dano de uso e não coberto pelo seguro "admissível" era o do assento do lateral direito, tal e como se refletiu no acta de devolução, na que se indica claramente "danos de uso".
Cobranças após tramitar a baixa
Em redes sociais também há opiniões de clientes descontentamentos. "Após 5 meses, o carro na oficina sem poder usar por um acidente onde o culpado tem sido outro e Arval nos cobra os 5 meses de renting, nos devolvendo sozinho 2 meses e meio. Pouca seriedade e profissionalidade", denunciava um utente. Outro criticava que, dois meses após devolver um carro que tinha alugado, ainda não tinham tramitado a baixa. "E seguem cobrando", criticava.
"Lamentável o trato que dão em Arval. Levo uma semana esperando a um perito que jamais passa pela oficina e que parece que não se importa com nada seu cliente. Vergonzoso e denigrante, uma falta de respeito e do todo brutal", expunha outro cliente.
"O pior renting que tenho tido na vida"
Igualmente, no foro de valorações Trustpilot há umas 120 opiniões sobre a empresa, a maioria muito más. "Um desastre de renting. Levo 5 dias sem carro por um simples pinchazo, e não sê nem onde está o carro, nem quando tê-lo-ei. A atenção telefónica, um santo desastre. Decepção total. O pior renting que tenho tido na vida. Horas ao telefone para não aclarar nada", diz uma cliente.
Outra cliente dizia estar "realmente decepcionada", já que, depois de três anos de renting, tocou-lhe pagar "mais de 5.000 euros pelo arranjo do carro", e seguiam-lhe cobrando a mensualidad "tendo o carro na oficina inclusive com o contrato de renting já finalizado".
A postura de Arval
Este meio pôs-se em contacto com Arval para perguntar por estas incidências. Desde a empresa alegam que, a fechamento do mês de junho, tinham 94 interacções nas RRSS e um 70 % delas eram por uma reclamação. Segundo desgranan, o 30 % das reclamações em redes estão vinculadas a finalizações de contrato "porque o renting é um serviço bastante novo para os particulares e as PMEs (estão a chegar-nos as primeiras ondas de devoluções)".
"Em general, nossos clientes valorizam o fim de contrato com um 7.7, pelo que podemos considerar que a gestão de reclamações vinculada ao fim de contrato é boa. Estas reclamações ajudam-nos a melhorar nossa comunicação, já que muitas vezes o que nos pede o cliente é simplesmente informação que não recorda de quando ele assinou o contrato 4 anos dantes", alegam, sugerindo que são os clientes os que não se inteiram do tudo.
Controlar "os danos e km facturar"
Acrescentam ademais que Arval está a trabalhar em melhorar as comunicações de forma proactiva ao momento de devolver o carro, diminuir os tempos entre a devolução do carro e o fechamento do contrato e "controlar os danos e km facturar a nossos clientes".
Arval, agregam, tem uma frota a mais de 200.000 veículos com seus respectivos condutores "e tratamos de dar a todos eles o melhor serviço". A cada incidência surgida trata-se de forma personalizada para dar solução à cada caso concreto.