As caixas de compostagem são uma maneira, autêntica e primitiva, de reciclar, já que significa devolver à terra o que um dia saiu dela. Com este método todo o alimento de origem vegetal é susceptível de converter-se em adubo para as plantas, graças à decomposição dos restos orgânicos em recipientes especialmente preparados.
Segundo Ecologistas en Acción, 40 % do lixo diário que gerado no lar é matéria orgânica. Daí que as caixas de compostagem sejam uma alternativa sustentável, económica e cómoda para eliminar o desperdício do lar. Por isso, esta prática milenar tem cada vez mais adeptos e apresenta um futuro prometedor. "Separar os resíduos não gerará nenhuma mudança, as grandes empresas continuam a contaminar e a maioria das pessoas atira todos os seus resíduos para um mesmo lixo. Por isso é importante ir um passo além", afirma Ashley González, estudante de química e criadora da plataforma Compostando Juntos.
Como ter uma caixa compostagem em casa
"Há diferentes formas de fazer compostagem", esclarece Germán Tortosa, doutor em química e especialista em compostagem e criador do blog Compostando Ciência. Ainda que viva numa casa sem jardim ou num andar, só há duas opções viáveis: o takakura (por meio do cultivo de microorganismos) e o vermicompostagem (com minhocas). "Para o nível principiante, recomendaria o segundo, já que o primeiro método é algo mais complexo e requer mais cuidados", diz Tortosa.
Em primeiro lugar, para iniciar-se nesta prática precisa-se de um recipiente de, pelo menos, 15 litros e uma tampa. "É preferível utilizar um material tipo porexpan --cortiça branca-- e se utilizamos uma caixa de madeira deve-se impermeabilizar com um plástico interior para protegê-la da humidade", alerta Tortosa. Por outro lado, há que comprar terra e minhocas. "Para um uso doméstico precisar-se-ão de umas 50-100 minhocas e uma quantidade de terra suficiente para cobrí-las", acrescenta este especialista. Na Amazon, por exemplo, encontramos este número de vermes por menos de 15 euros. Já a localização também é importante. Esta caixa deve ser mantida no interior do lar. "E se está no exterior, as temperaturas têm que oscilar entre os 20 e 25º C", detalha Tortosa.
O que podemos decompor e o que não
Nas caixas de compostagem, no entanto, não se pode acrescentar qualquer resto orgânico. Para elaborar compostagem em casa podem-se utilizar cascas de ovos, pão, borras de café, restos de fruta, legumes, a pele da batata, arroz, massa, iogures expirados e restos da limpeza do jardim, como folhas ou ramos.
Mas não servem os restos de carne, peixe, ossos, queijos e azeites. "Além disso, se cortamos os restos em pedaços melhor porque as minhocas comem muito, mas não são tubarões", aponta Tortosa.
Falsos mitos: o cheiro
Uma boa compostagem não cheira e também não atrai insetos, segundo Tortosa. Na opinião deste especialista a sociedade ctual ainda não tem uma boa educação ambiental, por isso muitas vezes "o desconhecido é atacado". E, para prevenir a criação de qualquer cheiro sempre é melhor remover os restos vegetaisde vez em quando para evitar que a terra sofra pela falta de oxigénio.
Outro truque para melhorar a qualidade da compostagem é cobrir a comida com folhas secas ou restos de plantas e tampar a caixa para evitar o aparecimento de mosquitos ou moscas.
O que dizem os utilizadores
Amaia Villaverde, estudante de 24 anos que pratica este método desde o confinamento, considera que "é um alívio" porque acumula menos lixo em casa. "Ganhas consciência sobre o que consumes e dás vida àquilo que gastas", sublinha.
Enquanto isso, Fernando Goméz Soria, autor de Viver sem plástico. Conselhos, experiências e ideias para dar-lhe um descanso ao planeta (Editorial Zenith), também o tentou, mas não se familiarizou com esta prática."É importante saber que as minhocas não se alimentam sozinhas pelo que, se vais de férias, acabou a compostagem", conclui