Vivam Money é um neobanco que "combina os mundos da banca e o investimento numa sozinha app móvel". Isso quer dizer que os clientes podem controlar todas suas finanças e investir sem mudar de ferramenta. Lançou-se em junho de 2020 em Alemanha, e a princípios de 2021 chegou a Espanha. Segundo explicam em seu site, é "mais que uma banca pessoal: gere tuas finanças com amigos e familiares, recebe cashback em tuas despesas diárias, investe ao instante e desfruta de serviços bancários digitais de última geração. Por fim, todas suas necessidades financeiras num sozinho aplicativo".
Também estão vinculados com o mundo das criptomonedas. Permitem investir em mais de 50 sem comissões nem despesas acrescentadas, ainda que não se podem traspassar a outra carteira externa. Com tudo, algumas mudanças recentes têm levantado suspicacias entre os utentes.
"Bloquear contas porque sim"
"Vivam, o que supostamente faz, é bloquear contas porque sim. Se vêem que uma conta não tem movimentos, ou o que eles consideram pouco dinheiro, a bloqueiam", denúncia a este meio Rafa Castro. O problema, indica, é que ao a bloquear "não te deixam transferir o dinheiro a outra conta. Tentas-te pôr em contacto com eles e falas com um bot, e se ao final consegues dar com alguém, não te contestam explicitamente ao que perguntas, sina com mensagens copia e cola (todo é por chat )", explica.
A ele lhe remeteram a um mail que em teoria permitiria desbloquear a conta, mas assegura que não lhe mandaram dito correio. "Isto é, bloqueiam-te a conta e põem-te todas as travas possíveis para a desbloquear", resume. "Só tenho falado com bots e, quando me passaram com uma pessoa, não teve intercâmbio de mensagens, directamente escreveu uma mensagem no que dizia que me tinham enviado a meu correio electrónico as instruções de como sacar meus fundos, mas esse e-mail não existe", sublinha.
Mudança de condições
Em março de 2023, Vivam mudou suas políticas. Entre outras coisas, os clientes Standard passaram a pagar uma comissão mensal de 0,99 € pela manutenção da cada uma de seus cartões físicos ou virtuais adicionais (o primeiro cartão físico ou virtual continuava-se oferecendo custo algum). Com tudo, a conta não tem comissões de manutenção nem por transferências desde que o utente cumpra suas condições. Se não, lhe carregam 3,90 euros a cada mês.
Outra das vantagens de Vivam é o cashback: o utente, ao realizar pagamentos em determinados lugares, recebia um pequeno custo da quantidade que tivesse gastado. Essa quantidade alojava-se automaticamente num pocket da conta. "Tinha um dinheiro parado aí (pouco, ainda bem) desde faz 1 ano, para usá-lo em compras na que te dão cashback e porque ao ta abrir te presenteavam uma acção de uma empresa a tua eleição, e ma bloquearam porque sim", conta Castro.
"A pescadilla que se morde a bicha"
Em definitiva, seu problema é que quer eliminar sua conta e considera que não lhe deixam. "Não te deixam porque tens fundos, e tens fundos porque está bloqueada e não te deixa os sacar. A pescadilla que se morde a bicha. Levo 2-3 semanas brigando com eles e nada. E não vejo a luz, sinceramente. Tenho visto gente nos foros que leva mais de um mês tentando a desbloquear e não há forma", acrescenta.
Ademais, este utente acha que não lhe notificaram que bloquear-lha-iam. "Não avisam de nada. Simplesmente, quis fazer uma transferência e não me deixavam, e aí foi quando vi que ma tinham bloqueado, mas é algo do que não me informaram. Entrava de vez em quando a ver minha capital. A saber quantas semanas levava bloqueada", conta.
Dificuldade para contactar
Em redes sociais, muitos clientes em situações parecidas têm manifestado seu mal-estar. "Olá, gostaria de saber por que se fechou minha conta sem motivo aparente e sem prévio aviso. Não é possível contactar convosco através da app", indicava uma pessoa em Twitter. "Advertência a utentes: fecharam-me a conta, não sei o motivo nem onde está meu dinheiro. Não há modo de se pôr em contacto com alguém de Vivam. Só me fica fazer ruído em redes e cursar denúncia. Onde está nosso dinheiro?", perguntava-se outro afectado.
Também há quem, molestos, têm tentado as fechar sem sucesso. "É impossível fechar a conta que tenho com vocês. Sempre o mesmo erro", dizia um tuitero. "Vamos ter que lhe fazer uma demanda colectiva a esta empresa, já somos vários os desabrigados. Em cima, se queres que te ajudem, te fazem pagar uma conta premium", propunha um quarto.
"Não há forma de solucionar nada"
Estas críticas sucedem-se em HelpMyCash , um comparador de produtos financeiros que também acolhe reseñas. "Fecham-te a conta e sem nenhum tipo de explicações, atende-te sempre uma máquina e não há forma de solucionar nada, um serviço péssimo e uma arbitrariedad, nunca vista", denunciava uma internauta.
Os fechamentos poderiam ter que ver com erros nos processos internos de Vivam para detectar possíveis irregularidades. E é que as autoridades germanas têm a Vivam Money no radar. Concretamente, a Solaris (anteriormente Solarisbank), proprietário de Vivam e de outros bancos digitais. A princípios de 2023, a Autoridade Federal de Supervisão Financeira de Alemanha (BaFin) anunciou que endureceria sua regulação sobre a entidade e que limitaria as novas associações comerciais que pretendesse subscrever.
N26, vigiada
BaFin também tem posto o olho sobre outra fintech alemã, N26, à que tem limitado os novos clientes depois de considerar que o neobanco não tinha feito o suficiente para combater a lavagem de dinheiro ou o financiamento do terrorismo. Acusações graves que mostrariam que certas entidades on-line são mais laxas que os bancos tradicionais à hora de cumprir com as directrizes do regulador. Já em 2021, BaFin impôs a N26 uma multa de 4,25 milhões pela tardanza do banco à hora de preencher relatórios de possíveis actividades ilícitas.
Este meio pôs-se em contacto com Vivam para perguntar a que se devem estes fechamentos repentinos e se consideram que seu departamento de atenção ao cliente é o suficientemente eficiente, mas, ao termo desta reportagem, não tem obtido resposta.