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Azeites refinados: são inimigos ou aliados como alternativa ao AOVE?

Com os preços do azeite virgen extra disparados, os consumidores procuram opções mais económicas mas há certos aspectos a ter em conta para além de seu baixo custo

Ana Siles

aceite de oliva virgen

Actualmente, comprar uma garrafa de cinco litros de azeite de oliva virgen extra (AOVE) é mais que um esforço económico. Em Carrefour, custa 12,92 euros o litro do ouro líquido da marca Carbonell. A garrafa de 5 litros, 64,59 euros.

Tendo em conta estes preços, muitos consumidores procuram alternativas mais económicas. É onde entram em jogo os azeites refinados. No entanto, nem todos são uma alternativa saudável ao AOVE, nem custam o mesmo. Há que distinguir entre três categorias: de oliva refinados, de orujo e de sementes.

Os preços

Em general, todos os azeites custam mais caros na actualidade. Mas o primeiro prêmio, neste sentido, é para o AOVE. O resto de categorias não têm sofrido escaladas de preços tão fortes. O azeite de oliva encontra-se ao redor dos sete euros, dependendo da marca.

Um copo de azeite de oliva virgen extra e umas azeitonas / FREEPIK

No caso do de orujo, o custo por litro encontra-se entre os 4,5 e os 5,5 euros, segundo assinala o director da Associação Nacional de Empresas de Azeite de Orujo (ANEO), Joaquín López. E os mais baratos são, sem lugar a dúvidas, os de semente. Ainda que, isso sim, não todo o vale com estes últimos. Sobretudo quando se trata de saúde.

O processo de refinación

São muitos os estigmas que há ao redor dos azeites refinados. Se são bons ou maus, é a grande pergunta que muitos se fazem. Mas o primeiro que há que ter muito claro é em que consiste o processo de refinación.

"É um processo tecnológico que se faz aos azeites de sementes que serve para eliminar impurezas do azeite e o fazer apto para o consumo humano", expõe a este meio Marina Diana, doutora em alimentação e nutrição na Universidade Ramon Llull-Blanquerna. "Em nenhum caso a refinación é um processo mau ou que degrade a qualidade do azeite", aclara.

Frasco com azeite de oliva / PEXELS

Perda de propriedades nutricionais

No processo de refinación os azeites mais puros perdem propriedades nutricionais. Nuria Canas, nutricionista de bluaU de Sanitas, assim o sublinha a este meio. "Costumam-se perder antioxidantes, vitamina E e fitonutrientes", detalha. Três substâncias muito presentes nos vírgenes ou extra vírgenes.

Em termos de qualidade, esta experiente faz questão de que o azeite refinado geralmente tem um sabor e aroma mais neutros. "Mas não proporciona tantos benefícios nutricionais como os azeites menos processados", conclui.

As melhores alternativas ao AOVE

Está claro que o AOVE não tem competidor quando se trata de propriedades nutricionais. Partindo dessa base, sim que há uns azeites mais saudáveis que outros. Mariana Diana faz menção ao azeite de orujo e ao de oliva refinado. Argumenta que estes dois têm um perfil nutricional similar ao virgen extra.

Vários tipos de azeitonas / PIXABAY

"O único que têm os azeites de oliva é que são ricos em gorduras monoinsaturadas, em particular o ácido oleico. É a este ao que se lhe atribui a capacidade de diminuir o colesterol LDL e o risco cardiovascular, entre outros", sublinha a experiente. Nuria Canas substitui o de orujo pelo de girasol alto oleico. Esta nutricionista destaca o sabor neutro e o elevado ponto de fumaça.

As piores alternativas ao AOVE

Em lado oposto, encontram-se as piores alternativas ao AOVE. Neste sentido, realçam os azeites de sementes. Nuria Cana sublinha azeite-los vegetais parcialmente hidrogenados bem como os de palma e coco hidrogerandos.

No primeiro caso, explica que estão formados "por gorduras trans, sócias a maior risco de doenças cardiovasculares". Sobre os dois últimos, a nutricionista sustenta que é o processo de hidrogenación o que anula os benefícios que podem chegar a ter em sua versão virgen.

Azeite de oliva, um alimento fundamental da dieta mediterránea / PIXABAY

Inimigos ou aliados?

Não tudo é branco e negro quando se trata de azeites. Existem muitas cinzas e este é um claro exemplo. "O 99,2% do consumo mundial de azeite são refinados", aponta Marina Diana. "Não há motivo para pensar que são maus. É simplesmente uma diferença de proporção de ácidos grasos", limpa a experiente.

Em opinião de Nuria Canas, o AOVE sempre deveria ser a opção a eleger para aliñar ou cozinhar. Que o consumidor se decante por uma ou outra categoria é algo que depende do aplicativo culinaria e as preferências de sabor. Assim o sublinha a nutricionista. O que fica claro é que os azeites refinados podem ser (e o são) uma alternativa mais económica ao AOVE. No terreno da saúde, ao final tudo depende das prioridades do consumidor.