O azeite de oliva virgen extra (AOVE) tem sido e é um dos produtos que mais tem dado que falar em 2023. Seu preço nos lineares dos supermercados tem marcado (e segue fazendo-o) recordes históricos.
Uns incrementos que têm levado a procurar ao consumidor outras alternativas. Um exemplo é o aumento da demanda do azeite de orujo. Actualmente, o litro de AOVE está próximo aos 10 euros nos supermercados. De modo que a pergunta que cabe se fazer é quando e quanto vão baixar os preços do ouro líquido?
Os dados e preços actuais
Faz tão só uns dias saltou uma notícia que caiu como água de maio, seguindo o refranero espanhol. Os preços do azeite de oliva virgen estavam a cair em origem. Uma informação muito desejada, sobretudo se tem-se em conta os preços que manejam actualmente os supermercados.
No Corte Inglês, a garrafa de AOVE da marca Carbonell custa 60,69 euros. 12,14 euros o litro. Uns preços bastante inflados com respeito aos dados que maneja Asaja (Associação Agrária de Jovens Agricultores). "Do 27 de novembro ao 3 de dezembro, o preço em origem do azeite de oliva virgen extra foi de 8.138 euros/tonelada, o virgen de 7.615 euros/tonelada", detalha a citada associação.
Uma tendência ao alça imparable?
Francisco Torreblanca, consultor e professor de estratégia e inovação, reconhece a Consumidor Global que os preços não vão deixar de subir até finais de ano. O experiente deixa claro que a queda de custos em origem do azeite ainda demorarão em se fazer notar no bolso do consumidor.
Estima que será em dois ou três meses quando se note uma diferença de preço. "Se a isso lhe somámos que vem o período navideño, pois seguramente tanto produtores como revendedores o último que têm na cabeça é baixar o preço", afirma.
"Uma baixada moderada"
A baixada e subida de preços no azeite responde, em boa medida, a um efeito psicológico. "Acostumámos-nos a cifras tão exageradas que, por pouco que baixe o preço, já é uma boa notícia", explica Torreblanca.
Marcas, produtores e intermediários são conscientes disso. As baixadas em origem demorarão meses em chegar aos lineares. Mas quando o façam, quanto cairá o preço do azeite? Em opinião do consultor, será "uma baixada bastante moderada". Em nenhum caso recuperar-se-ão de forma brusca os seis euros o litro do AOVE.
Uma queda de consumo
Enquanto os preços do azeite sobem, suas vendas caem. Primitivo Fernández, director de Anierac (Associação Nacional de Industriais Envasadores e Refinadores de Azeites Comestibles), explica a Consumidor Global qual é a situação actual que atravessa o sector.
Reconhece que há uma preocupação pela redução do consumo, o qual tem caído no último semestre do ano. Fernández o cifra num 20% no terreno doméstico. "Não preocupar-nos-ia uma queda de 5% mas sabemos a que se deve", expõe o director de Anierac. "Temos tido uma colheita passada tremendamente curta. Isso faz que os preços tenham subido e que o consumo esteja a cair", argumenta.
O cliente fiel e a campanha navideña
O director de Anierac aplaude a lealdade do cliente de azeite de oliva. Pese às queda de consumo, destaca que "a fidelidade nos lares segue sendo alta". Uma lealdade que o consumidor paga caro. Muito caro. Sobretudo em Natal, tal e como assinala o próprio Torreblanca.
Umas datas nas que as rebajas brilham por sua esencia. Circunstância à que se deve somar o encarecimiento que o azeite de oliva leva vivendo desde começos do ano. Durante as próximas semanas, o consultor estima que a subida do ouro líquido, se chega, não será superior ao 5%. Em qualquer caso, não há probabilidade de que o preço baixe para o consumidor. Ao menos, por enquanto.