O lançamento da Be Real foi um golpe na mesa e uma mudança de regras no jogo das redes sociais. Ao contrário da publicação perfeita e a melhor fotografia, esta proposta triunfa entre os mais jovens baseando-se na improvisação. Com essa mesma alegação nasce a Kiwi, no seu caso com canções e uma ideia muito marcante, mas pouco desenvolvida.
A app, disponível tanto em iOS como em Android desde 15 de janeiro, está ligada aos perfis oe Spotify ou Apple Music e permite partilhar as canções mais escutadas com amigos ao longo do dia. Essa busca da realidade e da naturalidade é uma das chaves para chamar a atenção dos jovens e adolescentes.
Procurar a autenticidade com canções
"Há uma componente de autenticidade, de verdade, também ligada à instantaneidade e fugacidade que encaixa muito bem especialmente com os padrões e preferências dos mais jovens", expõe à Consumidor Global o vice-presidente de Comunicação da Faculdade de Ciências da Informação da Universidade Complutense de Madrid e perito em redes sociais, Cristóbal Fernández.
Por outro lado, a Kiwi aproveita como alegação a música em streaming e o seu carácter social, "uma proposta muito interessante e na qual ainda fica caminho para inovar", acrescenta o professor.
Semelhanças com a Be Real e o Tinder
Os criadores da app optaram por incluir funcionalidades interessantes que lembram outras plataformas como Tinder. Assim, quando alguém recebe uma canção pode fazer swipe e deslizar à direita se gosta do tema ou à esquerda se prefere não a escutar.
A verdade é que a ideia de aproveitar a música e as canções como novo conceito de rede social para partilhar os temas mais reproduzidos com os amigos próximos soa interessante. Mas a realidade é que tudo são bons comentários na Kiwi até que se experimente e se faça uso dela.
Uma boa ideia não desenvolvida
"Quando me disseram do que se tratava, pensei que era uma ideia muito fixe, que inclusive ia superar a Be Real, mas quando a experimentei decepcionou-me muito", conta a este meio Sandra B. uma das jovens que experimentou a Kiwi.
Para ela, um dos principais problemas da Kiwi é a "falta de difusão" que teve. "Se as pessoas não o usam não tens a quem enviar as canções nem que te enviem a ti e isso é muito aborrecido", diz.
"Não é como a Be Real"
Outro dos detalhes nos quais se fixam aqueles que a experimentam é que, apesar de que se fala dela como o Be Real da música, a Kiwi "não tem nada a ver". "Com a Kiwi, além do momento no qale recebes a notificação, podes partilhar uma canção quando queiras e tens que seleccionar as pessoas, não lhe vejo muito sentido", indica Paola R.
"Acho que tentaram fazer algo parecido à Be Real, mas sem o copiar a 100% e no final a combinação parece-me que foi pouco acertada", critica Sandra B., que afirma que já desinstalou a app "para não a voltar a usar nunca".
A guerra das redes sociais
Como assinala o professor Cristóbal Fernández, a falta de uma boa experiência de utilizador dificulta o desenvolvimento de qualquer aplicação. "A Kiwi tem que estar muito vigilante agora que está em desenvolvimento e melhorar esses erros que os utilizadores apontam".
Sobre se a Kiwi triunfará e poderá abrir-se um espaço nos telemóveis da pessoas dependerá de como evolua. "Nas redes sociais vemos de vez em quando flores de um dia. A ideia é interessante, sem dúvida, mas tem que vencer alguns condicionantes básicos da própria relevância da ferramenta", enfatiza o professor, e acrescenta que não se pode esquecer que as redes já assentadas "incorporam funcionalidades novas que podem neutralizar uma aparente boa oportunidade", conclui.