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A "falsa" promessa das frigideiras Master Copper com cobre que irrita os compradores
A marca comercializa os seus utensílios para a cozinha na internet com uns benefícios e vantagens que tanto os consumidores como vários especialistas questionam
Os anúncios da Teletienda partilham um mesmo formato. Produtos incríveis com preços escandalosos em longos spots que põem à prova todas os seus benefícios. Ainda que pareça algo de outra época, estes utensílios agora têm uma nova vida graças à internet. Camuflados entre centens de opções, as suas propriedades exageradas já não se vendem através de um televisor, mas sim com ofertas flash e promessas difíceis de cumprir em páginas web. É o caso da Master Copper, uma frigideira antiaderente que tem triunfado pelos seus vídeos nas redes mostrando esta capacidade.
É como cozinhar no ar. Olha como desliza a comida, e sem azeite!. Com esta frase abre um de seus anúncios televisivos, no qual se destaca a sua composição de cobre. No entanto, o seu revestimento é de cerâmica, a sua base de aço inoxidável e o seu cabo de plástico sintético e o cobre passa mais bem despercebido. Depois, já se especifica que contém partículas de cobre, algo que os consumidores não demoraram em comprovar.
Críticas e decepções
"Já estava avisado. Pude comprovar que a antiaderência é falsa. Isto é vender mentiras", comenta um utilizador indignado na Amazon, onde se vende esta frigideira por 28 euros. "Fica saliente centro e o azeite fica nas bordas e os alimentos oegam-se. Uma fraude e uma autêntica porcaria", acrescenta outro comprador. "Uma fraude em todos os sentidos", indica uma utilizadora. Queixas deste tipo começaram em 2017 e prolongaram-se até aos dias de hoje. Mas, como caídram tantas pessoas nesta compra? O produto conta na Amazon com quase quatro estrelas em cinco apesar de que só existe um comentário positivo. O gigante do e-commerce contabiliza essa boa avaliação como o 35 % das valorações totais.
Enquanto isso, da Botopro, empresa dedicada à venda de produtos especiais e de Teletienda, asseguram que é um de seus utensílios com mais sucesso e que não têm recebido nenhuma queixa. Algo que difere das reviews que são publicaradas em foros e vídeos. "Quanto mais pagas, mais ciclos de antiaderência te dão. Todas as frigideiras têm ciclos de uso, a sua duração depende do cuidado e da qualidade da superfície", explica sobre este tipo de utensílios do lar Pedro Letona, responsável por compras do fabricante Alça.
A duvidosa publicidade do cobre
Nos últimos anos, o cobre recuperou um valor que se julgava perdido. Várias marcas especializadas têm lançado frigideiras de cobre como alternativa às de alumínio ou teflón. "É muito pior uma frigideiras danificada ou de baixa qualidade que uma que simplesmente esteja feita destes materiais. A obsessão com o teflón está mal focada, o problema é o PFOA, que está proibido desde 2020", enfatiza Elena González, bióloga e especialista em segurança alimentar. A especialista considera irónico que as pessoas recusem estes materiais quando o cobre também pode ser perigoso em contacto com os alimentos.
Um dos supostos benefícios de uma frigideira de cobre é a condução do calor, já que o cobre aquece em apenas alguns segundos graças às suas propriedades metálicas. "Isto também depende de como se disponha o cobre na frigideira. A maioria têm uma percentagem tão pequena e posiciona-se de qualquer forma que sua conductividade se vê muito limitada", comenta Ygnacio Pastor, professor de engenharia dos materiais na Universidade Politécnica de Madrid.
O que importa realmente numa frigideira
No mundo dos utensilios do lar, o preço e a estética muitas vezes primam sobre a verdadeira qualidade do produto. Basta procurar informação sobre frigideiras no Google para encontrar exemplos deste tipo. Pastor recorda inclusive que se usam determinados materiais nestes acessórios para lhes dar um peso extra, algo que os amateurs da cozinha consideram como um sinal de qualidade.
No entanto, o importante na hora de procurar uma frigideira é ter claro as propriedades mecânicas dos seus materiais como "a temperatura máxima, a sua conductividade ou resistência e comprar de acordo com ouso que se lhe queira dar", remarca Pablo Sanabria, engenheiro de materiais na Universidade Técnica de Dinamarca. Além disso, também são importantes as condições superficiais dos materiais em contacto com a comida, onde se deve ter em conta a durabilidade e a corrosão que se possa enfrentar.
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