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Apple lança audiolivros narrados com inteligência artificial ao mesmo preço, apesar de poupar custos
A empresa da maça incorporou esta tecnologia no seu serviço de leitura, ainda que por enquanto só esteja disponível em escassos géneros e em inglês
Já não é necessário o DeLorean de Marty McFly no Regresso ao futuro para prever como será a vida com o passar do tempo. Muitas empresas incorporara, nos seus produtos a tecnologia que os peritos afirmam que implantar-se-á popularmente dentro de uns anos. Uma delas é a Apple, que lançou audiolivros narrados com inteligência artificial (IA). Contudo, ao mesmo preço que aqueles lidos por humanos apesar de que com o novo sistema a empresa poupa custos na produção.
Segundo a própria Apple num comunicado, a partir de agora Apple Books incluirá audiolivros narrados por uma voz digital baseada num narrador humano. Esta função, baptizada como narração digital, "reúne tecnologia avançada de síntese de voz com o trabalho de equipas de linguistas, especialistas em controlo de qualidade e engenheiros de áudio para produzir audiolivros a partir de um arquivo de livro electrónico".
Oferta limitada
A novidade foi lançada a duas vozes: Madison e Jackson, com tons femininos e masculinos respectivamente. Ainda que a Apple confirme que está a desenvolver mais vozes, denominadas Mitchell e Helena. Por agora, a introdução da inteligência artificial está limitada a dois géneros, a fição e os livros de natureza romântica.
Além disso, de momento, unicamente está disponível em inglês, e não há detalhes sobre se a Apple decidirá levar esta novidade a outros idiomas, algo que ainda poderia demorar um tempo. Convém destacar que a empresa já emitiu um aviso na Apple Books para os livros que têm uma narração mediante inteligência artificial, com a mensagem de que estas obras foram "narradas por Apple Books", mencionando o nome da voz.
Cada vez haverá mais
Juan Manuel Corchado, catedrático no área de Ciências da Computação e Inteligência Artificial e professor da Universidade de Salamanca, antecipa à Consumidor Global que a IA continuará a avançar com rapidez nos próximos anos. "A tecnologia está a experimentar vários avanços, entre eles, o de aprender os comportamentos emocionais dos humanos. Já se viu com os robots humanoides que cada vez se parecem mais com um ser humano. E isto vai continuar a crescer", diz.
"As imagens artificiais já parecem mais reais que há alguns anos. Agora cabe a vez ao texto e à voz, mas ainda têm que oferecer mais emoção", diz Corchado. Na verdade, as vozes de Helena e Mitchell soam ainda artificiais, com rupturas na voz quase inexistentes na hora de narrar. No entanto, para o catedrático isto melhorará com o tempo. No site da Apple está disponível um clip destas vozes, podendo escutar Madison e Jackson, bem como Helena e Mitchel
Ao mesmo preço
Apple diz que estes livros são "fáceis de produzir e entregar através de partners preferidos", estarão aos limites de preço por atacado e distribuir-se-ão unicamente através de bibliotecas públicas, académicas e da própria plataforma. No entanto, não prevê que adquirir um audiolivro narrado com IA vá ser mais barato para o consumidor que aqueles narrados por um ser humano.
Há que ter em conta que a narração de um audiolivro requer uma importante despesa monetária para as empresas. É necessário contratar um actor de voz ou um locutor que saiba narrar e ler de forma adequada. Isto, muitas vezes, envolve os autores das obras fazendo com que o custo possa disparar, e a tudo isso há que juntar toda a infraestrutura necessária para gravar os ditos audiolivros com a máxima qualidade. Portanto, os mais prejudicados nesta história são os narradores.
Comprar agora ou esperar por melhorias
Corchado, apesar deser um amante da tecnologia, confessa a este meio que é muito clássico e que gosta mais do papel dos livros que um audiolivro. "No entanto, recomendo o uso destes audiolivros. Toda hora é hora para te familializares com a inteligência artificial, que irá melhorar, porque as melhorias chegarão", anima o perito.
"Não há que ter medo da IA, que se trata da habilidade de uma máquina para apresentar as mesmas capacidades que os seres humanos, como o raciocínio, a aprendizagem, a criatividade e a capacidade de planear. Mas, sempre há uma pessoa por detrás que a dirige. Por exemplo, um arma em si não é perigosa, o que é perigoso é o uso que se lhe dê", conclui Corchado.
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