Amazon enchia-se a boca faz umas semanas quando anunciou novidades e mudanças em seu serviço de streaming de música, Amazon Music. E é verdadeiro que ampliar um catálogo de temas de dois a 100 milhões de canções, sem anúncios e de forma gratuita é um claro golpe sobre a mesa do sector e um salto importante para a companhia de Jeff Bezos.
O actual serviço regular para clientes de Prime de Amazon Music oferece o catálogo de canções ao completo e todos os podcasts sem anúncios, mas com reprodução aleatória. A novidade motivou a muitos melómanos e utentes que tinham uma assinatura de Prime para se lançar a provar o serviço de música concorrência de Spotify , Apple ou YouTube. No entanto, as reacções tanto dos utentes que se lançaram a provar a plataforma, como as dos que já estavam nela e têm visto as mudanças, não são muito positivas.
"É um passo atrás"
"É um passo atrás. Está bem que se desbloqueiem as canções e artistas, mas prefiro a versão anterior. O leque de opções era menor, mas ao menos escutava o que eu queria e na ordem que eu elegia", critica José Lucena, um utente do aplicativo. O mesmo opina Elisa Montesino. "Não entendo por que, se eu quero escutar um artista, a app me tem que misturar com música similar, inclusive se faço uma playlist me põe canções de outros artistas que não quero ouvir".
Alicia F., por sua vez, reconhece que o plano anterior gostava "bastante" e, ainda que entende que tenha de diferenças com o plano Unlimited, não lhe encontra sentido a escutar música com a nova actualização porque "agora ouço o que o aplicativo quer, já não sê o que escuto", assinala.
Reprodução aleatória e limitações
Para David Pavón, estas mudanças são "um desastre" e critica a forma na que o servidor de streaming recomenda e reproduz canções aleatórias. "Se elejo um artista quero escutar a esse artista e não o que eles queiram. De que me serve criar uma playlist se eles põem o que querem quando querem?".
Tanta é a indignação dos utentes que alguns como José Santamaría se propuseram pela primeira vez se subscrever a uma app de streaming musical ilimitado, mas não com Amazon. "Era um serviço que recomendava a todo mundo, mas alguém teve a feliz ideia de pôr a música misturada que ninguém tem pedido. Estou a pensar em subscrever-me pela primeira vez a um serviço de música ilimitado, mas seguro que não será Amazon".
Queixas com as sugestões de canções
Não só há opiniões negativas de utentes que já conheciam o aplicativo, sina que muitos subscritores de Amazon Prime que escutavam sua música em outras plataformas decidiram provar o serviço após conhecer as novas vantagens que se lhes traspassava, como é o caso de Daniel Martín. "Decidi prová-lo depois de ver todas as vantagens que anunciaram, mas após uma semana deixei do usar", expõe este granadino a Consumidor Global.
"Não podes escutar um disco completo e seguido, vai saltando como um cervatillo pelo campo, alocado e despreocupado", comenta Martín a este meio, ao mesmo tempo que critica o sistema de sugestão de canções. "O algoritmo de Spotify está a anos luz do que emprega Amazon, que ademais perdeu as noções básicas e escolhe as canções que ele estima, ainda que não tenham nada que ver com o estilo". Depois dessa prova, este utente voltou ao "omnipresente" Spotify no que, assegura, "tudo vai como quero e desejo".
Amazon Music Unlimited
Em mudança, outros membros de Prime como Antonio Campoy pensam que a mudança "tem coisas boas e más". Se for o caso, usa o reprodutor de Jeff Bezos para viajar em carro e assegura que lhe compensa que fique em aleatório. "A mim me parecia pior não poder escutar algumas canções que estavam capadas que agora seja aleatório. Para mim é como um Spotify grátis, mas sem anúncios", conta Campoy a Consumidor Global. À pergunta de se passaria a pagar o plano Unlimited, este subscritor de Amazon Prime admite que não fá-lo-ia porque "já postos, pagaria Spotify, que é o rei".
As tarifas pelo plano Unlimited igualam as actuais de outros servidores de streaming como Spotify, líder do sector. Isto é 9,99 euros mensais pelo plano individual e 15,99 euros pelo familiar, baixo o qual se podem incluir seis contas diferentes. Consumidor Global tem requerido a Amazon Music sua versão em relação às queixas pelas mudanças no serviço de streaming , mas não se obteve resposta ao termo desta reportagem.