Fazer compras é antiquado, ou isso parece para a Apple. Agora, ao mais puro estilo Netflix, a companhia norte-americana quer aplicar um modelo de assinatura para o seu iPhone. Segundo Bloomberg, a marca da maçã já trabalha neste método, que estará vinculado a uma proteção de AppleCare em forma de seguro.
Com este plano, o utilizador pagaria mensalmente por um iPhone. Claro, com um preço inferior ao que suporia a sua compra e até que decida substituir por uma versão mais moderna. Esta estratégia poderia aplicar-se no final de 2022 ou início de 2023. Esta imediatez disparou os alarmes sobre quanto custará o novo plano da Apple e por que o gigante tecnológico decidiu dar o passo.
Os preços para alugar um iPhone novo
Espanha, segundo o serviço, não é muito de alugar. "As pessoas pensam que é deitar o dinheiro fora", explica María Azofra, directora da Yakk, uma empresa que oferece modelos de assinatura. No entanto, este método de consumo é uma prática muito habitual noutros países, como Estados Unidos e Inglaterra. "A assinatura permite que as pessoas que não se podem permitir um produto, o obtenham", acrescenta Azofra.
Assim, o preço de uma quota deste tipo, tal como comenta a especialista, costuma estar entre 6-7 % do valor original do produto. Ainda que, Azofra vai um passo além e considera que a assinatura da Apple "custará uns 39,90 euros ou 49,90, quando muito". No entanto, ainda se desconhece se esta assinatura estará vinculada à iCloud –espaço na nuvem– que muitos consumidores da marca já pagam mês a mês.
Os motivos da Apple para lançar-se neste novo negócio
Para Emili Vizuete, professor de economia na Universidade de Barcelona (UB), esta estratégia da Apple não responde a uma campanha de fidelização da marca, mais sim responde a um plano para manter as vendas. "Já não ocorre como anos há atrás, quando se formavam filas para comprar o último iPhone", lembra este especialista. Por outro lado, Azofra considera que mais que uma perda da quota do mercado, o que a Apple tem visto é um importante problema com os chips. "A escassez é a sério e agora muitas empresas recorrem ao mercado de segunda mão para os obter por ali", assinala.
De facto, como explica esta especialista, com o método de assinatura cria-se um modelo de economia circular, já que os componentes do iPhone retornam à empresa, quando um cliente opta pelo último modelo ou flagship. No entanto, como ambos profissionais concordam, longe de parecer um modelo mais sustentável, no caso da Apple suporá um consumo mais recorrente. "Eles pintá-lo-ão como uma medida meio ambiental, mas o consumidor sentirá uma maior necessidade de ter o último modelo", sublinha Vizuete. Segundo os dados publicados pela Canalys, no último trimestre de 2021, em Espanha, Xiaomi foi coroada como a empresa que mais smartphones vendeu, à frente da Samsung e da Apple.