Todos os meses aparecem alimentos milagrosos no mercado. O bombardeio de produtos é incessante. A preocupação do consumidor por cuidar da sua dieta está a aumentar e, por isso, muitos querem pegar a onda do healthy. No entanto, os especialistas aleram que há que conhecer o que se consome, porque, às vezes, uma dieta equilibrada é suficiente para obter o mesmo contributo nutricional que prometem estes novos comestíveis que chegam na forma de suplementos.
Entre as novidades deste verão destaca-se um "super alimento". Sim, outro. Trata-se da miracle berry ou Synsepalum dulcificum, uma pequena baga avermelhada que converte o sabor ácido em doce. Sem necessidade de açúcares adicionados. Uma suculenta reivindicação que ninguém tinha monetizado, até que chegou a Baïa Food. Após oito anos, a foodtech espanhola recebeu o aval da Autoridade Européia de Segurança Alimentar (EFSA) para comercializar de forma exclusiva durante cinco anos a miracle fruit. No entanto, face à quantidade de adoçantes que há no supermercado é necessário este fruto?
Objetivo: comercializar a fruta na Europa
A autorização da EFSA não é a única coisa que a Baïa Food deve conseguir. Fica o certificado da Europa "Esperamos receber nos próximos meses a ratificação por parte do Diário Oficial da União Europeia para começar a comercializar no final deste ano", comenta Guillermo Milans, um empresário que, apesar de querer se dedicar à banca, teve uma urgência de saúde que o obrigou a repensar o seu futuro. "Foi uma apendicite que se converteu em peritonite e tiveram que tirar um metro de intestino", explica à Consumidor Global. Nesse momento, entendeu que "a alimentação influi diretamente" na saúde, e o importante, é cuidar o que se come e "evitar a ingestão desmesurada de açúcares ". Coincidiu com Locan Bensadron, um universitário que tinha terminado Farmácia em Utrecht (Países Baixos) quando descobriu esta fruta. Soube imediatamente que queria fazer algo com ela e, entre eles, criaram a empresa. E até agora.
Uma vez obtida a aprovação Baïa Food terá a exclusividade de comercializar a fruta milagre nos territórios da União Europeia. Esta mordomia durará cinco anos, após esse período terá que enfrentar a possível concorrência. Ainda que os empreendedores tentarão proteger as costas para quando chegue o momento. "Temos um rigoroso plano em vigor, queremos conseguir patentes que protejam a nossa situação face a possíveis competidores", comenta Milans.
"Adoçar tudo"
A Baïa Food venderá a miracle berry como: "pó de fruta liofilizada, em comprimidos orodispersíveis, flocos ou grânulos", lista Milans. "Conforme determina a EFSA, parece que o novo alimento não representa problemas de segurança", acrescenta Gemma Del Caño, farmacêutica especializada em inovação e segurança alimentar. Ainda que destaque: "Deve-se consumir antes de comer o que se vai ingerir. Para a população em general não vejo uma vantagem".
Outro aspeto que a especialista denuncia é "a necessidade de mascarar sabores e adoçar tudo", um mal endémico na alimentação ocidental. Apesar de criticar a invenção, Del Caño afirma que a fruta "poderia ser interessante para doentes aos quais tudo lhes sabe mal, e e vamos ver se assim, modificando os sabores, comem mais", afirma. Em todo o caso, há muito pouca literatura científica a respeito.
Um preço um tanto exorbitante
O preço da miracle berry não estará ao alcance de todos as carteiras, já que uma dose de 200 miligramos custará 2,5 euros. "A quantidade máxima recomendada é de 700 miligramos por pessoa e por dia, com o qual o consumidor pode tomar este suplemento antes da cada refeição e sem ultrapassar o limite", acredita Milans. Nesse caso, a despesa diária ascenderia a 7,5 euros.
Sem dúvida, uma quantidade um tanto exorbitante para compensar os milhões de euros investidos pelos jovens empresários e que, indubitavelmente, também rende homenagem aos seus cinco anos de exclusividade no mercado europeu.