Depois de anos de reinvención para sobreviver num mundo a cada vez mais digitalizado, ao papel surgiu-lhe um inimigo inesperado: o coronavirus. As consequências da pandemia na hotelaria e as universidades, clientes finque das copisterías, tem sido um varapalo para a indústria da impressão.
Para evitar o contágio, muitos restaurantes e bares têm optado por eliminar suas tradicionais cartas e menus em papel e substituí-los por uma pegatina com um código QR. Ademais, a escassa presencialidad nas universidades tem reduzido drasticamente o número de fotocopias de apontes e impressões de trabalhos que os estudantes solicitam às reprografías próximas aos campus. A todo isso toca somar, por se fosse pouco, o aumento do teletrabalho, que também tem feito mella nesta indústria, com uma maior demanda de impressoras para o lar.
Rendimentos por embaixo do 50 %
"Tem tido uma queda a mais do 60 % da actividade e um 50 % menos de rendimentos", explica a Consumidor Global Juan Carlos Escudero, gerente da Associação Espanhola de Reprografía (AER). "Temos a metade de empregados que dantes da pandemia porque já não há trabalho para todos", acrescentam desde Machine Copying, uma reprografía localizada nos arredores da Universidade Carlos III de Madri. De facto, são os encargos para empresas os salvavidas que mantêm a flutue algumas destas empresas.
Desde Copy Show em Barcelona explicam que, se for o caso, o sector que mais lhes prejudicou tem sido o da hotelaria pelo desaparecimento das cartas, uma aposta que, seguramente, chegará para ficar. De facto, a cada setembro costuma produzir-se um bico de trabalho porque muitos restaurantes renovam seus menus, algo que no passado ano já não ocorreu. "Nossa previsão é que não vamos ter ganhos, já que os rendimentos só servirão para cobrir os custos", acrescentam. Para outras copisterías espanholas, sua bola de oxigénio tem sido o canal on-line. "Salvou-nos a gestão através de internet com entregas a domicílio porque a gente que vai de forma presencial tem diminuído muito", contam desde a Copistería Low Cost de Moncloa, próxima à Universidade Complutense. Não obstante, e apesar do golpe que tem suposto a pandemia, desde este estabelecimento se mostram optimistas com o futuro do papel, pois observam, desde faz anos, como muitos alunos ainda optam por este formato para estudar, ainda que a tecnologia avança a passos agigantados.
A adaptação do sector
O sector das copisterías chegou a esta crise já tocado e debilitado pela digitalização dos serviços. "Dantes um arquitecto fazia um projecto e vinha a plotar dez instâncias, um era para a administração, outro para imobiliária e outro para o delineante, ainda que isso já não passa", recorda Escudero, da AER. No entanto, todas estas cópias agora se geram de forma digital.
E o exemplo do arquitecto não é o único. O presidente da Associação Espanhola de Reprografía faz especial menção, também, às infra-estruturas públicas. "Já quase não se plotam planos de estradas ou vias de comboio porque está tudo num arquivo", lamenta. E assim ocorre com praticamente todas as profissões. Assim, conscientes disso, algumas copisterías têm tomado a delantera em frente à inevitável decadência do papel."Reciclamos-nos para outro tipo de serviços, como escanear documentos para os digitalizar, o desenho ou a decoración", explica Escudero. "Com o tempo, as fotocopias desaparecerão, até que só se tenham em papel documentos muito concretos, como contratos ou escrituras", coincidem desde Machine Copying. Como tantas outras, esta copistería tenta não depender só das fotocopias e diversificar seu negócio para a cartelería e a personalização de objetos, como t-shirts ou chapas. Renovar-se ou morrer é o leitmotiv que acompanha a este sector, e a muitos outros, especialmente nos tempos que correm.