Faz tão só uns anos, à hora de abastecer combustível em qualquer gasolinera, os clientes eram recebidos por um dependente que se ocupava de encher o depósito do carro, revisar as rodas e rechear o líquido do limpiaparabrisas. No entanto, hoje em dia em algumas estações têm optado por prescindir de pessoal para abaratar custos e ninguém atende ao outro lado do balcão nem para dar nos bons dias. De ser assim, não fica outra que baixar do carro, encher um mesmo o depósito e pagar junto ao surtidor. Isso sim, para compensar, o preço do combustível é mais económico. A pergunta é, vale a pena optar por abastecer nestas gasolineras e poupar a final de mês?
"As gasolineras desatendidas são uma concorrência desleal. Apesar de seus baixos preços, existem riscos para o consumidor", lamenta Nacho Ravadán, o responsável por comunicação da Confederação Espanhola de Empresários de Estações de Serviço (CEEES), quem diferencia entre as gasolineras low cost das fantasma. Isto é, os proprietários das estações de baixo custo não transladam a baixada dos preços num recorte de pessoal. No entanto, as desatendidas sim fazem-no.
Diferença de preço
Apesar do que possa-se crer num primeiro momento, a diferença de preço entre gasolineras não recae na qualidade do combustível, já que o produto procede das mesmas centrais de ónus, isto é, da Companhia Logística de Hidrocarburos (CLH). Ademais, todos os combustíveis passam, por igual, os mesmos controles de qualidade. No entanto, Emiliano López, o responsável pela gasolinera do área de serviço 40 Pés, recorda que algumas estações optam por usar aditivos para potenciar a lubrificação do motor e melhorar o rendimento do carro. "Mas isto o notam, sobretudo, os transportadores, que realizam viagens longas de muitos quilómetros", enfatiza López.
Em realidade, os principais factores que influem na diferença de preços entre uma gasolinera e outra são a ausência de pessoal, menos segurança e a inexistência de serviços, como cafeterias e banhos. Por isso, a Associação Nacional de Estações de Serviço Automáticas (Aesae) aclara que é o cliente o que deve eleger se quer pagar mais, para que lhe forneçam a gasolina, ou poupar dinheiro lha pondo um mesmo.
A segurança do cliente
A proliferación das gasolineras fantasma preocupa de maneira considerável a organizações --CEEES--, sindicatos --UGT--, e ao Comité Espanhol de Representantes de Pessoas com Discapacidades (CERMI). Todos eles denunciam a falta de segurança para os utentes, já que em situações de emergência, como um incêndio, um derrame ou um rompimento do surtidor, não há pessoal especializado para actuar de forma imediata. Ademais, Ravadán sublinha que ao se poupar pessoal, estas gasolineras contribuem ao desemprego. "Desde setembro de 2019 (dantes de que irrompesse o Covid em Espanha) até maio de 2020, o emprego neste sector diminuiu mais de um 9 %", enfatiza.
Nessa mesma linha, para CERMI as gasolineras desatendidas supõem uma discriminação. As pessoas com mobilidade reduzida enfrentam-se a grandes desafios à hora de encher o depósito. "Sento-me totalmente incapacitada e envergonhada quando tenho que pedir ajuda a outro condutor se quero encher o depósito do carro porque algumas gasolineras não contam com ninguém que me possa ajudar", lamenta e critica María Díaz, uma jovem que perdeu a mobilidade em suas pernas faz uns anos. "Peço algo de humanidade aos empresários das gasolineras desatendidas", acrescenta.
O efeito da pandemia
No meio de uma pandemia, cumprir com as recomendações sanitárias nas gasolineras fantasma converte-se numa missão impossível. A falta de pessoal repercute numa menor limpeza e desinfecção dos surtidores e mangueiras. Por contra, o pessoal das estações de serviço atendidas oferecem uma maior segurança higiênica nas instalações, dotando de luvas e gel desinfectante a seus clientes.
Assim, os empresários que seguem, a rajatabla, as medidas e regulamentos estabelecidos exigem o mesmo ao resto de estações, ainda que só seja para garantir o cuidado dos utentes nos tempos que correm.