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Se pensas comprar um andar, tenta fazê-lo o quanto antes: os preços subirão nos próximos anos

O custo médio da moradia em Espanha já tem atingido os 1.658 euros por metro quadrado, e a cada vez mais vozes falam de emergência

Juan Manuel Del Olmo

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O incremento do preço da moradia converteu-se, nos últimos anos, num verdadeiro drama para milhões de espanhóis. Já são muitas as vozes que falam de "emergência" e de situação "insostenible", sobretudo nas grandes cidades. Por exemplo, um relatório recente sobre o sector imobiliário elaborado pela Cátedra Observatório da Moradia da UPV assinala que a oferta diminui de maneira "alarmante" e que, no curto prazo, a situação será ainda pior.

O preço médio da moradia em Espanha tem atingido os 1.658 euros por metro quadrado, o que supõe o decimocuarto incremento consecutivo e o maior desde dantes da pandemia, tal e como reflete um relatório de moradia de Gesvalt. E os experientes acham que nos próximos anos pode seguir subindo.

Subidas contínuas de preço

Por exemplo, Caixabank Research pronostica que o preço da moradia fechará no ano 2024 com um aumento de 4,4% (tomando como refere o preço do Ministério de Moradia) ou de 5% (com a referência do INE), em frente ao 2,7%-3,5% que estimava até agora. Face ao próximo exercício, tal e como recolhe Idealista, a previsão é que suba outro 2,8% adicional em ambos casos, três décimas acima de seu anterior cálculo.

Duas pessoas que se propõem comprar uma casa observam os cartazes de umas imobiliária / TOMADAS MOYÀ - EUROPA PRESS

Por sua vez, Solvia pronostica uma subida moderada mas constante: aponta que 2024 fechará com um encarecimiento médio dos inmuebles de 3% , subida que manter-se-á durante o próximo exercício. O relatório, segundo expõe Idealista, detalha que o preço médio já tem superado os 2.000 euros/m2 no segundo trimestre, com Baleares, Guipúzcoa e Madri à frente do mercado (acima dos 3.000 euros/m2 nos três casos).

Crescimentos em Espanha, Irlanda e Portugal

Na mesma linha, a agência de qualificação crediticia S&P acha que Espanha (4%), Irlanda (5,8%) e Portugal (3,5%) encabeçarão os incrementos do preço da moradia durante este ano. Mais adiante, S&P considera que entre 2025 e 2027 terá uma relajación das restrições da oferta e verdadeiro enfriamiento trabalhista em frente a uma demanda que seguirá forte, de modo que a situação poderia se moderar ligeiramente.

O próprio Banco de Espanha reconhecia faz uns meses de que os problemas de acesso à moradia se tinham incrementado durante os últimos anos, concentrando nos lares com menor renda (jovens e população imigrante) e nas áreas urbanas e turísticas.

Andares em construção / EDUARDO PARRA - EUROPA PRESS

Medidas para corrigir o problema

As palavras escolhidas pelo Banco de Espanha resultavam reveladoras: "Os efeitos sociais e económicos adversos sócios às dificuldades de acesso à moradia justificam a adopção de medidas de política económica dirigidas a corrigir estes problemas", diziam.

Ademais, sugeriam que o futuro mais imediato pinta muito negro: "A magnitude do problema diagnosticado faz difícil vislumbrar que actuações isoladas de curto prazo possam ter o alcance suficiente para reduzir de forma significativa as atuais dificuldades de acesso à moradia", admitia a entidade.

Fazem falta 600.000 moradias

Por outra parte, o Banco de Espanha considera que se precisam 600.000 moradias até 2025 para suprir o déficit de inmuebles no país, pese a que há quase 4 milhões de moradias vazias ou desocupadas.

Moradias novas / FREEPIK - valentinlacoste

Outro dado llamativo, que poderia dar pistas sobre como enfrentar esta problemática, é que o 60% das compras de moradia em Espanha se pagam ao contado, o que implica que há muitas empresas pujantes dedicadas ao investimento mayorista.

"Efeitos sociais calamitosos"

Alguns responsáveis políticos começam a elevar o tom. Por exemplo, o conselheiro de Moradia e Agenda Urbana do Governo Basco, Denis Itxaso (PSE), declarou numa entrevista ao Correio que "o tensionamiento bestial" do mercado "pode chegar a ter uns efeitos sociais calamitosos" porque "expulsa" às pessoas mais vulneráveis e às classes médias da possibilidade de ter "uma moradia digna".

Por sua vez, Isabel Rodríguez, ministra de Moradia, reivindicou recentemente a capacidade das administrações para solucionar o problema da moradia: "Temos os instrumentos, ponhamo-los a funcionar", afirmou.