Quanto custa ir ver um partido de futebol em Espanha? Parece ser uma pergunta relativamente singela mas a realidade é que há que ter em conta diferentes variáveis. A Federação de Accionistas e Sócios do Futebol Espanhol (Fasfe) tem realizado um relatório analisando esta questão. A entidade centrou-se nas duas grandes categorias de LaLiga e também na Copa do Rei.
Um estudo no que se realiza uma comparativa com os vizinhos europeus: Inglaterra, França, Alemanha e Holanda. E a conclusão é que Espanha é o país mais caro relativo às entradas para visitantes em Primeira Divisão (LaLiga). Adrián Núñez, coordenador da rede de cultura da Fasfe, desmembra a Consumidor Global os detalhes da investigação.
Preço médio na Primeira Divisão (LaLiga)
Desde a federação têm mantido uma campanha durante toda a temporada com a que perseguiam fixar um preço de 20 euros para a máxima categoria nacional. Assim o explica a este meio o próprio Núñez. No entanto, essa cifra dista muito do que mostram realmente os dados. "O preço médio das entradas visitantes em Primeira Divisão situa-se em 35,12 euros", determina o relatório. Um dado que se extraiu analisando oito jornadas diferentes: 1, 2, 13, 17, 35, 36, 37 e 38.
O custo mais baixo que se detectou é de 20 euros. Deu-se naqueles partidos que eram irrelevantes a nível clasificatorio. Umas jornadas "com baixas expectativas de viajantes", enfatiza a Fasfe. Em lado oposto encontram-se os 100 euros que têm pago como máximo os visitantes por ver um partido desta competição. Uns encontros nos que os protagonistas eram os três primeiros classificados, sem ter em conta se se tratava de duelos directos ou de visitas a outros estádios.
A Segunda Divisão também é das mais caras
A segunda categoria mais importante do futebol espanhol também se consolida como uma das mais caras. Ainda que, nesta ocasião leva-se a medalha de prata. A inglesa, com a Championship, é a que ocupa o primeiro posto. No caso de Espanha, "o preço médio das entradas visitantes em segunda divisão situa-se em 18,67 euros", segundo detalha o relatório. Para esta média, tomou-se como refere cinco jornadas junto a alguns partidos isolados.
A mencionada federação explica que a falta de publicidade tem influído à hora de obter os dados de alguns partidos. "Também se observa que os preços das entradas visitantes se conhecem aproximadamente com 10 dias de antelación ao partido", acrescenta a entidade. Neste nível da competição, o preço mais baixo tem sido 10 euros e 35 euros no caso do mais elevado.
Comparativa com os vizinhos europeus
A comparação realizada pela Fasfe não deixa lugar a dúvidas. Alemanha, Inglaterra, França e Países Baixos estabelecem preços bastante mais asequibles que os do futebol espanhol. No caso da Premier League há um topo estabelecido de 30 libras esterlinas (34,89 euros). Um limite que, a julgamento de Núñez, foi muito bem recebido pela população. A segunda categoria inglesa não conta com um topo mas o preço médio está em 26,44 libras esterlinas (30,73 euros à mudança). Una-a 1 e una-a 2 estabelecem um preço máximo de 10 e 5 euros respectivamente.
"Nas duas primeiras categorias dos Países Baixos os preços são 15 e 9 euros respectivamente, que ademais se reduz em caso de restrições à mobilidade dos aficionados", detalha a Fasfe. Nas duas primeiras categorias do futebol alemão (Bundesliga) não existem limitações de preços para torcidas visitantes. Neste sentido, os preços médios estimados são de 15,62 euros para a primeira divisão e 14,53 euros para a segunda.
Respeitar a cultura de arquibancada: é a solução?
Núñez relata a este meio quais são os pontos que o futebol espanhol deveria aprender dos países vizinhos. No caso alemão, o coordenador da Fasfe determina que não é casualidade o respeito que existe pela arquibancada. "Em Alemanha os clubes são, em grande parte, propriedade dos sócios. Ainda que não existe um limite estabelecido, as entradas seguem sendo muito económicas", detalha. No resto de países, onde si há um modelo de futebol de propriedade mais concentrada, poderia ser interessante implementar medidas como a de Inglaterra . Assim o determina o representante da federação.
No entanto, estas limitações aos preços não cuajan em países como Espanha. "Tudo se gere desde o ponto de vista comercial. Não se acha que vá estimular tanto a presença de aficionados", assinala Núñez. Um argumento ao que acrescenta que, quiçá, existe verdadeiro temor pelas comparativas que se possam fazer com o resto de sectores do estádio que não são as de visitantes. "Podem ser mau vistas pela própria torcida". Seja como for, o coordenador da Fasfe tem claro que há que estimular as deslocações de aficionados. "São os que produzem movimento económico", limpa.