A luta contra o chamado Cártel de Carros continua seu curso nos tribunais espanhóis. Nesta ocasião, o Julgado do Mercantil nº 4 de Madri tem admitido a trâmite a demanda interposta pela Organização de Consumidores e Utentes (OCU) contra Renault, um dos fabricantes implicados neste pacto de preços que afectou gravemente aos compradores de veículos entre os anos 2006 e 2013.
A OCU, em seu papel de defesa dos direitos dos consumidores, encarregou-se de liderar uma acção coletiva para representar aos milhares de utentes que se viram obrigados a pagar um preço inflado por seus automóveis devido às práticas anticompetitivas de diversas marcas. Ao todo, a organização tem apresentado sete demandas coletivas que abarcam a múltiplos fabricantes, todos eles sancionados pela Comissão Nacional dos Mercados e a Concorrência (CNMC), que confirmou que estas práticas violavam o regulamento de livre concorrência.
Práticas anticompetitivas e sanções da CNMC
Este Cártel de Carros, como o denominou a própria CNMC, consistia em acordos entre fabricantes e concesionarios para estabelecer preços inflados, em detrimento do mercado e dos consumidores. A autoridade de concorrência impusou sanções às marcas e concesionarios implicados, e o Tribunal Supremo ratificou ditas sanções, sentando um precedente e dando a oportunidade aos consumidores de apresentar reclamações pelo dinheiro pago a mais.
Entre as marcas afectadas encontram-se Renault, BMW, Ford, Fiat, Peugeot, Volkswagen, e muitas outras, que estabeleceram acordos entre 2006 e 2013 para manter os preços elevados de seus veículos em Espanha. Estes pactos, denominados pela OCU como uma "fraude modelo", significaram que muitos consumidores pagassem até um mais 10% do preço real de seus carros.
A demanda contra Renault
A última demanda coletiva admitida a trâmite, a qual se dirige contra Renault e sua matriz em Espanha, procura uma compensação para os compradores que adquiriram veículos da marca entre fevereiro de 2006 e julho de 2013. A OCU tem solicitado uma indemnização que represente mais de 10% do preço de compra da cada carro afectado, ao que somar-se-iam os interesses de demora acumulados desde a data de aquisição do veículo.
Esta compensação total poderia ascender ao 17,5% do custo do veículo para alguns utentes. No entanto, a organização não descarta que a compensação final possa atingir até o 25% do preço de compra em alguns casos, dado o impacto económico que esta prática anticompetitiva tem tido nos consumidores.
Os próximos passos
A OCU tem impulsionado, além da demanda contra Renault, seis acções coletivas adicionais contra outros fabricantes envolvidos, que incluem a Ford, BMW, Mitsubishi, Peugeot, Fiat, Chrysler, Kia, Seat, e Mercedes, entre outros. Os períodos de afetação variam segundo a cada fabricante, mas em todos os casos abarcam o período no que operou este acordo de preços em prejuízo dos consumidores.
Para aqueles que compraram veículos de alguma das marcas implicadas durante os anos afectados, a OCU tem lançado um chamado a se informar e somar às demandas em curso. Os afectados têm a oportunidade de recuperar parte do sobreprecio pago e de ver seus direitos reconhecidos em frente a estas práticas injustas.