A Agência Espanhola de Protecção de Dados (AEPD) tem sancionado ao Burgos Clube de Futebol com várias multas que somam 200.000 euros por incumprir a legislação em matéria de protecção de dados, ao pedir a impressão digital a todos os aficionados que queriam aceder ao estádio do Plantío.
A resolução da Agência incide em que se trata de dados pessoais "de categoria especial", já que são dados biométricos que estão considerados na legislação espanhola como "de alto risco" que requerem sempre uma avaliação de impacto e que se justifique a adequação, a necessidade e a proporcionalidade de uma medida assim.
Várias pessoas denunciaram a medida
As cinco sanções que se impuseram a esta equipa da Segunda Divisão de Futebol ascendem a 200.000 euros, ainda que o cómputo global ficará reduzido a 120.000 após a sociedade tenha reconhecido sua responsabilidade e aceitado o pagamento voluntário.
A Agência Espanhola de Protecção de Dados iniciou sua investigação depois de receber várias reclamações de pessoas que denunciaram que para aceder às arquibancadas se lhes estava pedindo a impressão digital -incluído aos menores de idade- sem assinar nenhum documento sobre o tratamento desses dados.
A investigação da AEPD
Até esse momento o sistema para aceder ao campo eram a apresentação do RG e o carnet de sócio para acreditar que é o abonado e depois desse controle passar um torno no que se introduz a carteira de sócio, pelo que os denunciantes entenderam que as medidas de segurança que alegou o clube não estavam justificadas e que há meios de controle menos invasivos que a captación de dados biométricos como as impressões digitais.
Para esclarecer estes factos a Agência teve que fazer vários requerimentos de informação e de documentação a todas as entidades que participaram na implantação do sistema biométrico nos campos de futebol de primeira e de segunda divisão.
As entidades que participaram na implantação deste sistema
Entre essas entidades estiveram o Conselho Superior de Desportos, a Comissão Estatal contra a Violência, o Racismo, a Xenofobia e a Intolerância no Desporto, une-a Nacional de Futebol Profissional, a Sociedade Espanhola de Futebol Profissional, e o próprio clube.
O Burgos CF implantou esse sistema biométrico de registar a impressão digital como meio obrigatório para aceder ao Plantío em novembro de 2022, a raiz de uma auditoria que lhe fez A Une, mas deixou do fazer com carácter obrigatório em fevereiro do passado ano.
O sistema "não é necessário, nem idôneo nem proporcional"
Mas a Agência Espanhola de Protecção de Dados abriu um expediente sancionador depois de considerar que a implantação desse sistema de controle de acesso ao campo não cumpria com vários requisitos da legislação em matéria de protecção de dados, nem quando se exigia como sistema único de acesso nem quando passou a ser voluntário.
O organismo tem entendido que este sistema não é nem necessário, nem idôneo nem proporcional e tem advertido que essa captación de dados se fazia inclusive com menores de idade e sem nenhum tipo de consentimento por parte de seus pais ou tutores.
Advertência a LaLiga
A Agência de Protecção de Dados fez faz vários meses uma "advertência" a LaLiga de futebol ante a licitação de um contrato para desenvolver um sistema de reconhecimento facial para o acesso dos aficionados aos estádios espanhóis.
A advertência recordava a LaLiga a necessidade de que um sistema destas características se ajuste à legalidade, e que a implantação de qualquer sistema que implica o tratamento de dados biométricos -como o que planea A Une- requer com carácter prévio uma gestão e avaliação do risco, e que se apliquem as medidas técnicas e organizativas apropriadas para garantir e demonstrar que o tratamento desses dados se ajusta à lei.