Enterrar à mascota num terreno privado ou público sem autorização prévia está proibido. A lei de previdência animal cataloga o abandono de cadáveres sem seguir os protocolos normativos como uma infracção grave que pode supor multas que vão desde os 3.000 euros até os 60.000 euros.
O adeus final mais habitual nestes casos é a incineração, ainda que as autoridades autonómicas competentes nesta matéria podem autorizar o enterro dos animais de companhia. Para isso, o dono tem que cumprir com os requisitos estipulados na União Européia, que estabelece a obrigação de se assegurar de que outros animais carnívoros ou omnívoros não possam aceder aos restos da mascota falecida e que os corpos se depositem em lugares autorizados.
Um delito pouco perseguido
Em Espanha há 13 milhões de mascotas registadas, segundo os dados de 2019 da Rede Espanhola de Identificação de Animais de Companhia (REIAC), ainda que o número deve ser maior dado que há donos que não censan a seus mascotas. A Rede de Protecção Canina já publicou em 2017 um relatório no que denunciava a "falta de actuação" por parte das Forças e Corpos de Segurança do Estado --e da Administração em general-- "ante o achado de cadáveres" de animais de companhia em lugares como a via pública.
Esta organização também se queixa de que os agentes se limitam a retirar os corpos ou os enterrar e reprocha a ausência de investigações para localizar aos donos dos animais, sobretudo no caso de que contem com microchip identificador. Consultados a respeito de se tem tido mudanças neste sentido desde a redacção do relatório, a organização assegura a Consumidor Global que "não se pode falar de melhoras" nos últimos anos. Nesse sentido, o presidente do Centro Legal para a Defesa dos Animais, Daniel Dourado, aponta que "há muitos caçadores" que abandonam os cadáveres dos cães sem seguir os protocolos estabelecidos. "Nas zonas rurais o regulamento não se cumpre todo o que deveria", acrescenta.
Até 300 euros por uma incineração
O mais frequente, ao menos entre os donos responsáveis, é consultar com uma clínica veterinária quando falece a mascota. Estes centros asesoran aos clientes e costumam ter acordos com empresas que se dedicam à cremación de animais, que é o procedimento mais comum para cumprir com a legislação espanhola actual. Apesar desses convênios, algumas cidades, como Madri, oferecem serviços de recolhida gratuitos, ainda que estes não incluem, por exemplo, a devolução das cinzas.
As companhias do sector explicam que os preços de incineração colectiva oscilam entre os 50 euros e os 100 euros. Quanto às individuais --pela que se decantan alguns clientes por motivos sentimentais--, os custos variam em função do tamanho do animal e se movem numa forquilha dentre 200 euros e 300 euros. Em ambos casos se oferece ao cliente a possibilidade de receber as cinzas de sua mascota e, conquanto há urnas regular que vão incluídas na factura, se pode optar por outros modelos premium. Estes podem chegar a supor um desembolso extra de ao redor de 200 euros. Ademais, em alguns destes centros também se dá a possibilidade de celebrar velórios.
Enterros de luxo por 5.000 euros
Outra opção para despedir-se e poder visitar às mascotas falecidas são os cemitérios de animais, mas em Espanha só há dois: um em Cataluña e outro na Comunidade de Madri. Juana García, que trabalha na instalação de Último Parque, localizada em Arganda do Rei (Madri), relata que seu negócio oferece fosas de até 5.000 euros.
Estas se localizam na zona mais representativa do recinto, se constroem individualmente com mármol italiano de primeira qualidade e incluem uma lápida na que se podem gravar até 50 letras. À margem destes enterros exclusivos, o preço das sepulturas mais baratas neste cemitério situa-se em torno dos 130 euros. Não obstante, neste cemitério estão proibidas as figuras religiosas nas tumbas, ainda que sim que se podem deixar brinquedos e outros elementos lembretes.
Um risco sanitário
Enterrar a uma mascota sem seguir os protocolos legais supõe um risco sanitário dado que, segundo detalha o Ministério de Agricultura, Pesca e Alimentação, "todas as espécies animais são susceptíveis de padecer doenças infecto-contagiosas que podem supor um risco para outros indivíduos da mesma espécie ou para o ser humano".
Nesse sentido, a carteira que dirige Luis Planas explica que, na actualidade, não há evidência científica de que os animais possam transmitir o coronavirus ao ser humano e propagar o Covid-19, pelo que o Ministério não considera necessário estabelecer condições especiais para a recolhida e eliminação de cadáveres de animais de companhia numa situação epidemiológica como a do 2020.