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A justiça admite um recurso dos ecologistas contra a macrogranja Agroparc de Ametller Origem
A corrente catalã quer implantar na localidade barcelonesa de Gelida um inovador complexo que inimiza aos vizinhos da zona e irrita aos ecologistas
O Tribunal Superior de Justiça de Cataluña tem admitido a trâmite um recurso de Stopagroparc e Naturalistas de Gelida contra a modificação do planejamento urbanístico deste município para permitir desenvolver o projecto Agroparc do grupo Ametller Origem.
A empresa iniciou seu plano para desenvolver o complexo no final de 2016, e desde então o projecto tem ido avançando de maneira intermitente. Em 2018 paralisou-se e foi retomar de novo em 2021. Em junho de 2023, a Comissão de Urbanismo do Penedès aprovou definitivamente modificar o POUM de Gelida para permitir uma zona industrial de até 23 hectares num espaço natural protegido.
A denúncia
Segundo denunciam as entidades, o grupo Ametller Origem quer construir uma grande nave logística, uma fábrica de processamento de alimentos, uma planta de hidrogênio e uma de biogás, entre outras infra-estruturas.
No mesmo procedimento se recalifican 21 hectares de vid protegida para permitir invernaderos tecnificados de até nove metros de altura. O contencioso faz especial incidência no grave perigo que o Agroparque comporta para o águia perdicera, espécie protegida, e a funcionalidade do conector ecológico, bem como a desmedida quantidade de água que se prevê utilizar em invernaderos e huertas, em plena zona de secano. "Água que ninguém, nem a ACA, deveria garantir num contexto de emergência por seca e crise climática", recordam as entidades.
Que diz Ametller
"O que se propõe é um modelo de circularidad total onde o água da indústria se reutiliza para regar os campos porque se compõe de campos de cultivo extensivos e, depois, há invernaderos tecnificados que são bem mais sustentáveis", explicava a Consumidor Global Marta Angerri, directora de Financiamento Europeu e Assuntos Públicos, Sustentabilidade e RSC de Ametller Origem.
"O que se propôs é fazer uma instalação fotovoltaica de renováveis que são para o autoconsumo da fábrica, isto é, que o consumo energético da fábrica só vinga do ónus fotovoltaicos que vamos pôr ali e que o água do uso industrial seja a que nos sirva para regar os campos", sublinhava Angerri.
"Um despropósito total"
Na contramão, desde Uniu de Pagesos assinalavam a este meio que a realidade não é tão bonita. "Nós estamos na contramão, primeiro porque seu projecto vai ser um grande parque temático", realçava a Consumidor Global Maria Rovira, responsável por Urbanismo do sindicato. "Vai precisar muita água, mudará a infra-estrutura da zona porque são estradas muito estreitas pela que passarão 200 camiões", acrescentava.
A chegada de ao menos 200 camiões diários, um cálculo que sai do próprio estudo de mobilidade que tem feito Ametller, também preocupa aos vizinhos. Desde Ametller respondem que a intenção é que os camiões funcionem com biometano, o qual reduz até o 90% as emissões. A dia de hoje a companhia só dispõe de 35 camiões com este combustível.
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