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É legal cobrar um extra pelo gelo da Coca-Cola ou do café?

Cada vez mais cafés e restaurantes fazem a fazer com que o cliente pague mais pela sua bebida devido à subida de preço dos cubos de gelo, mas não vale tudo

Ana Carrasco González

Um café com gelo / PEXELS

"Um café, se faz favor. Com gelo, que ainda faz muito calor", pede uma cliente sentada numa mesa do terraço do bar Els Arcs, situado na rua da Diputación, em Barcelona. A jovem desfruta da bebida enquanto olha de vez em quando para o seu telemóvel. Depois do último golo chega a conta, e aí é quando aparece por escrito 10 céntimos a mais. Surpresa ela rumina na sua bolsa para que aquela pequena moeda pague com relutância. É que o cubo de gelo é agora um extra que se cobra cada vez em mais estabelecimentos, mas é isto legal?

Nawar Habach, o dono deste local, não específica nem na carta nem no quadro negro que coloca fora do estalecimento, ao lado da entrada, que os cubos de gelo soma 10 céntimos. "Só, o cobro quando se pede café. Se a carteira fica-me mais cara, não me fica mais remédio que transferir essa subida aos consumidores. Passou de o saco custar 8,50 euros para 10", reconhece à Consumidor Global o gerente. Aí é onde está a falha, já que, tal como aponta a advogada Rocío Colás, "considera-se uma prática abusiva cobrar e não o refletir".

Falta de transparência

"No setor da hotelaria há a total liberdade quando se trata de fixar os preços das bebidas, pelo que o gelo poder-se-ia cobrar como um extra sem problema. Por outras palavras, é uma questão de escolha para cada estabelecimento cobrar por ele", enfatiza Colás. "Isso sim, sempre que o cliente esteja ciente deste extra. Em caso de fazê-lo é obrigatório que na carta figurem os preços das bebidas com e sem cubos de gelo, para que o cliente tenha claro em todo momento o que vai ter que pagar pelo que vai consumir", assinala a perita.

Na Lalola, na rua Escorial da Cidade Condal, onde trabalha Pablo Garrido, também não dizem aos clientes que o gelo que esria o café se cobra. Aqui, no entanto, apenas incrementa o preço cinco céntimos. "Nos refrigerantes não o cobro, e ponho a quantidade que seja. Mas, para café sim que o cobro porque implica-me uma despesa maior", explica o funcionário. "Ao ser pouco dinheiro e ao ver que não se queixam nem nada, não o avisamos", admite.

Até um euro mais

Por sua vez, a advogada María Trobajo confirma que, já que existe total liberdade na fixação de preços, não é menos que também exista a liberdade para que no sector da hotelaria possam te cobrar o gelo à parte. "Tal como um café com leite tem um preço superior ao de um cortado", dá como exemplo. Mas, na mesma linha que Colás, esta advogada esclarece que se exige transparência. "Sim podem fazê-lo, desde que este custo extra esteja claro, previamente, na carta do local", sublinha.

No entanto, alguns consumidores, apesar de que esta prática seja legal sempre se especifique, queixam-se desta subida do preço. De facto, a uma utiizadora em Twitter chegaram-lhe a cobrar um extra de até um euro por complementar o seu café com dois cubos de gelo, uma quantidade muito superior à de uns poucos céntimos que, por enquanto, se está a aplicar na maioria dos estabelecimentos que cobram por este extra.

O gelo como mais um produto

Outros bares, pelo contrário, já transferiram para o cliente que o cubo de gelo estará oresenta na conta como se fosse mais um produto. No chiringuito Budha Beach –na praia da Mar Bella (Barcelona)– cobram 10 céntimos a mais se é no café. "Temo-lo escrito na carta. De todos modos, os meus colegas e eu o dizemos sempre. O cliente nunca fica sem saber que são mais uns céntimos. Nas cubatas nunca costumamos cobrar nada. Só com o café", explica Rodrigo Soler Balaguer a este meio.

Um rapaz a beber café com gelo / PEXELS

Na Creps Barcelona, tanto Gabriel Ascanio como Laia Martin, dois empregados desta creperie que se encontra na Rambla de Cataluña, também admitem que cobram até mais 20 céntimos por acrescentar cubos de gelo à bebida. "Cobramo-lo só para chás e cafés", aponta o rapaz. Na carta do local especifica-se claramente o preço deste extra. "Faz um ano e meeio que o cobramos. O gelo subiu mais do dobro desde antes de que se falasse disso na televisão", destaca Laia. A escassez de cuoos de gelp e o seu consequente incremento do custo continua a atormentar a hotelaria e os clientes. Porque, no final, todo se transfere para o consumidor.