Worten chegou a ser uma loja de referêncoa no setor da electrónica e dos electrodomésticos. No entanto, desde há uns anos, a companhia portuguesa tem vindo a acumular más notícias. Em 2020 fechou 17 lojas em Espanha para se focar no canal on-line, face às perdas que se tinham registado. Agora, esse site acumula várias queixas pela presença de produtos falsificados e complicações na gestão das devoluções.
"O auge do comércio electrónico nos últimos anos resultou numa mudança de estratégia, concentrando-nos no canal de vendas on-line, sem deixar de lado em nenhum momento a nossa especialização em grandes electrodomésticos e o compromisso com os nossos clientes". Esta é a explicação que Worten dá no seu site para justificar que não tenha lojas físicas em Espanha.
Worten: um marketplace onde as mercadorias de contrafação entram sorrateiramente
Essa aposta 100 % da empresa no canal on-line inclui a presença de outros vendedores externos, convertendo a Worten num marketplace no qual também se colam falsificações. Assim o confirmam vários clientes que contaram as suas experiências com a companhia portuguesa.
É o caso de Gabi García e a sua compra recente de uns AirPods Pro. "Confiei na compra na Worten e pensei que o preço relativamente baixo se devia ao facto de serem do stock da primeira geração. Mas o que recebi foi uma falsificação da Apple que nem sequer a última atualização de iOs do iPhone os reconhece", conta.
Uns AirPods Pro falsos
Segundo esta cliente, o produto ia numa caixa de má qualidade e o número de série não existia para a Apple. "Parece-me muito grave que a Worten participe da distribuição de um produto falso e de me ter remetido para o vendedor chinês que diz ser a Blinked", acrescenta García. Casos como o seu repetem-se nas redes sociais e portais de avaliações como o Trustpilot.
"Comprei um produto como original e claramente é uma falsificação. São uns auriculares Marshall Minor III (73 euros). São os segundos que tenho e pude compará-los com os que já tinha, vêm como se fossem originais, mas claramente é uma falsificação", escreve Ruben Donald no Trustpilot.
A loja que "já não é o que era"
No Twitter há mais casos similares, como o de Sol González. "O que é que aconteceu à Worten? Não era uma empresa séria? Vendem-me um produto falso e não se responsabilizam por nada. Sem serviço ao cliente, nem reclamações, nem devoluções, flipo". Ou o de Alex N., a quem lhe venderam uma falsificação de um comando da PS4. "A Worten lava as mãos dizendo que foi um terceiro, mas eles não fizeram nada permitindo a venda de falsificações. Até a fatura dizia comando Sony".
A José Calvo ocorreu-lhe o mesmo com outro comando, no seu caso para a Nintendo Switch e supostamente autêntico que acabou sendo uma falsificação chinesa. Este produto em particular ainda está à venda neste link e tem um preço de 28,04 euros. Nos comentários, outros clientes concordam em que é uma falsificação. Calvo conta que a Worten o ignorou no momento da reclamação.
A Worten defende-se
Da Worten asseguram à Consumidor Global que a companhia assume a garantia do serviço ao cliente e que por isso activou um processo para os produtos no marketplace que não são geridos pela marca. "Quando se identifica uma reclamação de um cliente sobre um produto falsificado, a Worten.es reembolsa automaticamente o custo da compra. No caso de receber várias queixas ou evidências sobre a falsificação de produtos de algum vendedor, reembolsamos o custo da compra de forma proactiva a todos os clientes sem esperar pela sua reclamação ou a recepção do produto", dizem.
Quanto à forma como a Worten monitoriza os vendedores no seu marketplace, fontes da Worten dizem que, antes de criar uma conta de vendedor, a Worten verifica o historial da empresa e da sua gestão na UE, além de exigir testes aos produtos. No entanto, reconhecem que alguns vendedores conseguem passar no controlo de qualidade, mas, passado algum tempo, começam a enviar contrafacções aos clientes. "No momento em que é detectada uma contrafação, o vendedor é expulso da Worten e é acionado o processo de garantia do consumidor", concluem.