Um tratamento único que combina radiação e inmunoterapia pode erradicar os tumores de páncreas e impedir que o cancro se estenda, segundo um novo estudo realizado por pesquisadores do Centro Oncológico da Universidade de Colorado (Estados Unidos), publicado na revista 'Cancer Cell'.
"Esta é a primeira vez que temos visto a erradicação de um tumor de páncreas que sugere que a célula cancerosa tem memória, o que significa que podemos deter a doença regresse --destaca o autor principal Sã Karam, membro do Centro de Cancro de CU na Universidade de Colorado Anschutz Medical Campus--. Em última instância, isto poderia alterar a forma em que os médicos tratam aos pacientes com cancro de páncreas num futuro próximo".
A combinação
A investigação, que utilizou modelos animais, se centrou no adenocarcinoma ductal pancreático, que representa o 90 % dos casos de cancro de páncreas. Karam e seus colegas descobriram que a radiação e uma nova inmunoterapia podem induzir uma importante resposta inmunitaria sistémica de cor que se traduz num efeito antitumoral que consegue a erradicação, inclusive após ser reexaminado.
Esperam que este achado melhore as taxas de sobrevivência de uma doença que historicamente não tem respondido à inmunoterapia e poder realizar ensaios clínicos com esta terapia. Segundo Karam, a combinação de ambas terapias lhes permite se centrar em erradicar as células T "más" do sistema inmunitario.
Uma variante inovadora
"Quando uma doença é metastásica, se quer reconhecer e atacar o tipo de célula em todas partes, desde o páncreas até o hígado, o sangue e mais --explica--. Este enfoque faz exactamente isso em nosso estudo".
Os pesquisadores utilizaram uma variante inovadora do complexo de anticuerpos (aPD1-IL2v) que permitiu a expansão de células T específicas do antígeno tumoral. Este complexo por si só teve um efeito significativo sobre o crescimento tumoral local e a distância. O efeito aumentou ainda mais ao acrescentar radioterapia.
Para outros tipos de cancro
Em Europa estão a levar-se a cabo investigações similares sobre inmunoterapia para outros tipos de cancro, mas esta é a primeira vez que se combina com radioterapia e se centra em tumores de cancro de páncreas.
"Numa sozinha sessão de radioterapia observamos uma notável resposta inmunitaria que poderia mudar a forma de tratar aos pacientes com cancro de páncreas --afirma Karam--. Nunca tenho tido tantas esperanças na possibilidade de melhorar a taxa de sobrevivência desta doença".