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Quando o barato sai caro com Record Go: carros em mau estado, fianças perdidas e mau atendimento

Os clientes da empresa de aluguer de automóveis queixam-se de terem recolhido veículos com pneus gastos e de terem sido obrigados a pagar por danos que já existiam.

Alberto Rosa

Um homem com as chaves de um carro da Record Go / RECORD GO

Alugar um carro através da empresa Record Go pode ser o melhor exemplo para lembrar de que o barato, às vezes, pode sair muito caro. Esta empresa espanhola de rent a car não para de somar incidências nas redes sociais e portais de avaliações como Trustpilot, tal como outras empresas da concorrência como Sixt, Hertz ou Centauro.

Um caso recente é o de Ricardo Bouzas, um jovem advogado que precisou um carro para viajar de Barcelona a Tarragona para um congresso de direito. "Reservei através da Booking. Nunca tinha apanhado um carro com esta empresa, mas chamou-me a atenção o barato que saía", conta à Consumidor Global. E tão barato. Pelos dois dias, o preço do aluguer foi de apenas 30 euros.

Fianças a mais de 1.000 euros

A armadilha estava na caução que devia pagar. Uma caução de nada mais e nada menos que 1.000 euros. Bouzas conta que quando foi recolher o carro ao aeroporto de Barcelona-El Prat, o veículo, "um Fiat pequeno", apresentava vários defeitos por todas as zonas.

Uma carrinha da Record Go / RECORD GO

"Ofereceram-me um seguro de 100 euros que me retiveram no cartão junto aos 1.000 da caução", relata este utilizador. No dia seguinte, Bouzas entregou o carro com "uma pequena mossa" que somou às que já estavam. "É verdade que fiz um pequeno golpe em cima do depósito da gasolina, contei à funcionária e nem ela sabia como tinha que proceder", narra.

"Cobraram-me a caução sem explicações"

Nos dias posteriores, o jovem viu como não recebeu nem um euro da caução que pagou. "Cobraram-me a caução completa sem explicações e com preços totalmente desproporcionados por uma simples çossa. Perguntei a mecânicos quanto custaria o arranjo e todos me disseram que em nenhum caso superaria os 300 euros", narra.

Bouzas exigiu explicações à Record Go por email e por telefone sem nenhum sucesso. Cansado de ser ignorado, apresentou uma queixa que enviou por correio eletrónico à empresa. Foi a partir desse momento quando a Record Go começou a responder aos emails de Bouzas. "Fizeram-me um resumo dos danos, tentando justificar o facto de não me devolverem o depósito. Até tentaram cobrar-me os danos que já estavam no carro", recorda.

Mossa pelo qual retiveram a caução de 1.100 euros a um cliente / CEDIDA

Assim enriquece Record Go

Após numerosas insistencias, finalmente devolveram-lhe 290 euros dos 1.100 que lhe tinham retido. "Agora continuo a lutar pelos 750 euros de caução por uma mossa que é inferior ao tamanho de uma moeda de euro", descreve.

"Esta companhia enriquece injustamente dos danos que já estão nos carros", denuncia o cliente, que exigiu sem sucesso uma factura detalhada com a reparação e não só "um resumo da peritagem".

Carros defeituosos e riscos de acidente

Às cobranças abusivas e desproporcionados soma-se a entrega de veículos defeituosos, como o que recebeu Andrea Rodríguez para uma viagem de Madrid a Astúrias na primeira semana de agosto. "Nós não somos experientes em carros e não demos conta, mas o carro tinha os pneus gastos e mais de 59.000 quilómetros", conta Rodríguez à Consumidor Global.

No dia em que iam devolver o veículo, quando estavam a apenas uma hora e meia de distância do aeroporto de Madrid-Barajas, tiveram um percalço na estrada. "Rebentou um pneu e o carro não tinha pneu sobresselente, por isso pusemos o triângulo e liguei para a assistência em viagem", conta Rodríguez.

Penalização por não entregar o depósito cheio

"Desde o primeiro momento, recebi informações contraditórias e incoerentes de todas as pessoas com quem falei. Assim que o reboque chegou, a primeira coisa que o homem nos disse foi que era impossível alugarem-nos um carro como aquele, que as quatro rodas estavam gastas e que o carro era demasiado velho para ser alugado", explica o utilizador.

Uma mulher aluga um carro num escritório da Record Go / RECORD GO

Segundo Rodríguez, tudo isto foi comunicado à empresa que, longe de compreender a situação, reteve o pagamento da caução e ainda a penalizou com 97 euros por não ter entregue o depósito de gasolina cheio. "É evidente que não o podíamos devolver cheio se tivéssemos um furo", indigna-se.

Mais casos

Depois de muita insistência, conseguiram recuperar o depósito, mas até à data, não responderam à multa da gasolina. "Ainda não me enviaram qualquer informação sobre o que me vão cobrar e não responderam sobre os 97 euros. Para além do preço do táxi que tiveram de pagar para chegar a casa, cerca de 179 euros.

O caso de Rodríguez não é o único caso de entrega de veículos defeituosos. Fernando Rodríguez recebeu um veículo com baixa pressão nos pneus, pelo que teve de os encher ele próprio. No caso de Luc Fonset, foi-lhe entregue uma mota com um defeito que mais tarde lhe foi imputado. "Vê-se a má intenção deles quando devolveram o veículo. Pedi-lhes que registassem o golpe antes de levar a moto, mas quando a devolvi, disseram-me que não tinham registo do golpe no sistema informático", lamenta.

A Record Go defende-se

Apesar destes depoimentos, fontes da Record Go afirmam à Consumidor Global que "todos os veículos são revistos depois de cada aluguer por equipas designadas em cada um dos nossos escritórios para garantir que cumprem os requisitos de segurança".

No que diz respeito aos depósitos retidos incorretamente, a empresa explica que dependem dos emissores de cartões e dos bancos dos seus clientes. Assim que o cliente liquida o contrato e recebe a(s) fatura(s), o nosso sistema solicita automaticamente à Redsys o reembolso total ou parcial do depósito, consoante o caso. A partir daí, dependendo do emissor e do banco, pode levar até 30 dias para que o montante reembolsado apareça nas contas dos nossos clientes, mas isso não depende de nós", concluem.