Faz só uns dias que se celebrou o Black Friday em todo mundo e algumas marcas e lojas ainda estão na fase final desta campanha agressiva de descontos e compras massivas. Uma das plataformas que gerou mais tráfego de encomendas foi a gigante Amazon e, com isso, uma acumulação de entregas para os seus estafetas que acabou por desiludir muitos clientes.
Tal como refletem vários comentários nas redes sociais, vários utilizadores encontraram ao chegar a casa um pacote no chão da porta, sem que ninguém tenha contactado com eles previamente.
Encontrar um pacote da Amazon no chão
"Pedi uns auriculares pela Amazon, chegaram-me quando não estava em casa e o estafeta, em vez de me ligar para lembrar alguma solução, decidiu deixar o pacote na porta da minha casa", denunciava Belém B. na sua conta do Twitter com uma imagem que mostrava esse pacote no chão.
"No final Amazon falou comigo e resolveu-o. Pelos vistos foi culpa do estafeta, que é de outra empresa", diz a jovem à Consumidor Global. Segundo pode saber este meio, a Amazon não tem nenhum estafeta na sua folha de pagamentos. Ou seja, todos os trabalhadores pertencem a empresas subcontratadas como os CTT, ainda que as camionetas estarem identificadas com a marca Prime. No entanto, isso não deve isentar o gigante do comércio eletrónico de responsabilidade e controlo.
"Que custa um telefonema?"
Outro caso semelhante é o de Aristidis G. "Recebi a mensagem de que tinha recebido a encomenda quando estava fora de casa. Não me preocupei porque pensei que o meu colega de casa a tinha ido buscar, mas quando descobri que ele também não estava em casa, fiquei muito surpreendido. Quando cheguei, a encomenda estava no chão. Quanto custa uma chamada telefónica?", pergunta indignado.
"A encomenda podia ter-se perdido perfeitamente. Compreendo que era um dia de muitas entregas devido à Black Friday, mas a Amazon devia controlar mais estas situações", disse este cliente à Consumidor Global.
Sanções à empresa de entregas
Cristian Castillo, professor de Economia na Universitat Oberta de Cataluña (UOC) e perito em logística, recalça que este tipo de entregas podem implicar uma sanção à empresa de transportes por entregar a mercadoria num lugar não autorizado. "Corre-se o risco de expor dados pessoais do consumidor e entrariam em marcha as sanções correspondentes por uma infracção da lei de protecção de dados", expõe o professor, que lembra que já há antecedentes em Espanha deste tipo, como é o caso da empresa Fourth Party Logistics SLU.
Como explica o professor à Consumidor Global, esta prática deve-se à pressa e ao facto de poderem alterar o estado das encomendas pendentes para encomendas entregues. "Desta forma, a transportadora evita ter de voltar mais tarde, numa segunda tentativa, à casa do cliente". A recomendação de Castillo ao cliente, nestes casos, é selecionar diretamente um ponto de conveniência como método de entrega.
Os riscos
Os riscos de deixar uma encomenda numa área comum incluem o roubo da mercadoria, a danificação da mesma ou a exposição de dados pessoais a terceiros não autorizados. "A empresa de transportes pode ser objeto de uma sanção pecuniária. No caso da Fourth Party Logistics SLU, foi de 72 000 euros", recorda o especialista.
Na opinião do professor, a Amazon deveria "sancionar estas empresas, acompanhando cada incidente e assegurando que as empresas subcontratadas melhorem estes indicadores de entrega", conclui.
A postura da Amazon
Convém destacar que não é a primeira vez que a Amazon se vê envolvida numa polémica pela política de entrega dos seus pedidos. Há umas semanas, a companhia ignorou umas imagens que mostravam pacotes da Amazon atirados na rua por estafetas da empresa CTT em Barcelona .
A Consumidor Global perguntou à companhia de ecommerce pelas polémicas entregas nas portas dos clientes durante estes dias. "A grande maioria das entregas chegam aos clientes sem problemas, mas caso ocorra algo, trabalhamos directamente com os clientes para o solucionar o antes possível", disseram-nos fontes da empresa.