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Num sótão e com senha: a moda dos bares 'clandestinos' que triunfa em Madrid
Locais como Anónimo Clube oferecem uma experiência original para "evadir-se da realidade" e jantar e tomar uma bebida num espaço íntimo e exclusivo
Foi nos anos 20 do século passado quando, nos Estados Unidos, a famosa Lei Seca provocou o aparecimento de bares ocultos com acesso restringido nos quais se abastecia de álcool os visitantes. Essa tendência misteriosa volta agora em forma de márketing às grandes cidades como Madrid com propostas exclusivas e originais de restaurantes e bares que se encontram ocultos nos cantos da cidade.
Um deles é o Anónimo Clube. Este local esconde-se no sótão de um restaurante italiano do bairro de Almagro, o Fellina. Além disso, para aceder é necessária uma senha que pedirão na porta, localizada ao fundo das escadas do estabelecimento.
Bares clandestinos aos quais "pode entrar qualquer um"
Dentro, o local está decorado com cores escuras e detalhes dourados. "É um lugar onde se pode fugir da realidade e viver uma experiência diferente", afirmam à Consumidor Global fontes do Anónimo Clube. É que, ainda que pareça um lugar inacessível e oculto, na verdade "pode entrar qualquer um".
"O local nasceu com a ideia de ter um espaço para que os clientes que jantavam no Fellina pudessem tomar uma bbida lá embaixo e não ter que se mover de local", explicam. Com as restrições da pandemia decidiu-se servir também comidas e jantares, mas com a opção de bebida e DJ depois. O seu horário é de quinta-feira a sábado pelas noites, ainda que também se possa reservar para todo o tipo de eventos privados.
Acesso com senha e ambiente
O salvoconducto pode-se conseguir no bar do restaurante Fellina e, ainda que não seja imprescindível, recomenda-se fazer reserva prévia. A senha, contam fontes do Anónimo, "é sempre a mesma" porque "não seria operativo estar a mudá-la", indicam a este meio.
A música é importante no Anónimo Clube e todas as noites pode ser diferente. "Varia segundo o público. Embora não sejamos a favor do reggaeton, se um grupo o pedir, adaptamo-nos, mas normalmente tocamos techno e house no início da noite e música mais comercial no final", apontam do Anónimo.
Uma fatura média de 28 euros
Quanto à carta, a fatura média de um jantar italiano no Anónimo ronda os 28 euros. "As bebidas de depois estão entre os 8 e os 15 euros", acrescentam. Ali acolhem eventos de todo o tipo, desde festas surpresa e aniversário, até eventos corporativos e de team building.
"Costumamos encontrar bastantees caras conhecidas que não te posso contar", sugerem. Há rumores de que celebridades como María Pombo ou María Pedraza e personalidades políticas como a presidente Isabel Díaz Ayuso ou o presidente da câmara José Luis Martínez Almeida estão presentes no Anónimo. Definitivamente, parece que essa intimidade e exclusividade está garantida, ainda que do local realcem em que "somos um bar para qualquer tipo de público".
Uma experiência "diferente e surpreendente"
A ideia de publicitar como clandestino um local como outro qualquer é uma estratégia de marketing cada vez mais habitual em grandes cidades. Da Associação Hotelaria Madri afirmam que, ainda que o conceito de negócio é "diferente e surpreendente", é muito "minoritário" e não há dados objectivos do número de locais deste tipo em Madrid.
"A hotelaria vende, além de gastronomia, experiências, de modo que entendemos que os empresários que procuram este tipo de negócios procuram oferecer experiências diferentes aos clientes", dizem da associação de empresários.
Bares clandestinos ou locais chiques de sempre?
É que, no final, por trás desses segredos e essa clandestinidade, o que há são locais modernos e luxuosos que abundam nas cidades, mas com esse toque diferente e original que utilizam como afirmação.
"É uma estratégia inovadora que procura surpreender um cliente que tem milhões de opções e que está aborrecido da hotelaria tradicional", expõe à Consumidor Global María Gómez, especialista em Marketing e Comunicação e professora da ESIC.
A contradição de publicitar o "secreto"
Para Gómez, este tipo de práticas supõem "recuperar uma estratégia que já se utilizou há tempo e que agora volta a estar na moda", referindo-se aos primeiros locais norte-americanos que apareceram no início do século XX como resposta à Lei Seca que proibia a venda de bebidas alcoólicas.
A professora reflete sobre a comunicação e publicidade de algo que se vende como "secreto" e como evitar cair na contradição. "Que seja secreto é em si a graça, pelo que há que procurar suportes ou formas alternativas de o dar a conhecer. Há que evitar a típica campanha tradicional de publicidade que farias para um restaurante italiano e procurar formas de comunicação não convencional para não cair na contradição. Por exemplo, receber um e-mail secreto com a reserva e que não possas conhecer a senha até o último momento", conclui.
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