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Isto é o que deves saber antes de investir em criptomoedas

Comprar bitcoin, ethereum e outros ativos digitais traz riscos e vantagens por igual; os especialistas explicam como proceder antes de embarcar nesta aventura financeira

Marta Peiro

Representação física da bitcoin criptomoeda para investir / PIXABAY

Cada vez são mais as pessoas que, animadas pelos meios de comunicação e a novidade, se sentem atraídas pelas criptomonedas. Este ativo digital nasceu como uma alternativa ao dinheiro e em apena uns anos tornou-se muito popular, tanto que já não só existem bitcoin ou ethereum, as mais conhecidas, mas sim que há cada vez mais empresas que criam a sua própria.

Conquanto parece que investir em criptomonedas é uma moda e que todos ganham com elas, o consumidor deve ter em conta as suas características e riscos antes de embarcar nesta aventura financeira. "A bitcoin aparece como uma alternativa a um sistema financeiro que não é sustentável, é uma nova forma de dinheiro", afirma o conselheiro delegado da Criptan, Jorge Soriano. No entanto, alerta que "há que entendê-las como um recurso que vai proteger o nosso dinheiro, mas não como para se fazer milionário manhã".

Especulação e branqueio

O diretor desta app, que trata de introduzir o consumidor no mundo das criptomonedas, explica que estas estão descentralizadas. "Não há um presidente que possa decidir unilateralmente as regras do jogo", afirma. As criptomonedas "rompem com as regras estabelecidas pelo sistema financeiro tal como o conhecemos, já que se tira o controle das grandes entidades bancárias sobre os ativos financeiros, dando o poder ao povo", acrescenta o professor da Universidade de Barcelona e consultor de projectos de finanças Raúl Jaime Mestre.

O caráter anónimo destas transações é, segundo Mestre, o que aumenta a crença de que as criptomonedas servem para branquear o dinheiro e levar a cabo fraudes. "Podes ganhar muito dinheiro, mas são um ativo tremendamente especulativo", valoriza o conselheiro delegado da Nuvix, Antonio Saído, que alerta de que, ao não estar regulado, "não existe a quem reclamar se alguém perde tudo". "Há intermediários que não são seguros, tem havido muitas fraudes", afirma. No entanto, Soriano está convencido que, apesar da "má imprensa" que têm tido as criptomonedas por esta "crença", "a mudança se está a produzir".

O risco de perder tudo

Além disto, uma das maiores desvantagens das criptomonedas é a sua volatilidade. "O seu valor pode subir e baixar muito em pouco tempo, nuns dias podes perder tudo", comenta o diretor técnico da Checkpoint Software para Espanha e Portugal, Eusebio Nieva. "Com as criptomonedas podes ganhar muito dinheiro, mas são um ativo tremendamente especulativo que flutua muitíssimo", destaca Saído. Isto pode-se explicar porque o seu valor, insiste Nieva, "é marcado pela procura".

Representação gráfica de criptomonedas bitcoin para investir/ PEXELS

Por isso, o conselheiro delegado de Roams, Eduardo Delgado, considera que é melhor "não investir, a não ser que se tenha a vontade do fazer e não controlar o dinheiro todos os dias". "Se tens um capital morto que não queres usar e surge a oportunidade, investa e te preocupes. E em pouco tempo olha-lo e vês que mudou. Mas ver todos os dias essas mudanças radicais… é algo que nem todas as pessoas sabem gerir", garante. Definitivamente, o seu conselho é "pensarr duas vezes na hora de investir se se vai olhar o dinheiro diariamente, e obter bons conselhos para saber onde e como investir. Usar plataformas fiáveis".

Segurança antes de mais nada

Esta ideia é partilhada por todos os especialistas. "Devem-se usar terceiros fiáveis na hora de fazer as operações e ter os cartões alojados num único lugar", analisa Nieva. "Se perdes a carteira digital, qualquer um a pode utilizar para fazer transacções", expõe. Neste sentido, aponta, "se com um ataque de phishing roubam-te o pin, a carteira é algo que se pode copiar facilmente. Se ninguém tem tua chave, ninguém pode abrir a tua carteira". Por isso, recomenda ter "cuidado com o phishing e com a informação que se dá".

"Devem empregar-se ferramentas que estejam verificadas, não utilizar plataformas não seguras e sem certificados válidos nem empregar aquelas que não exijam identificação", concorda o responsável por Roams. "Hoje uma das maiores fraudes que existem são de mealheiros de criptomonedas desprotegidos e roubados. E há muitos hacks de websites ou computadores pessoais nos quais se pede o pagamento com bitcoin para libertar os arquivos", alerta.

Recomendações

Que fazer, então, se se está interessado em investir neste ativo digital? "Investir em criptomonedas agora pode ser uma boa ideia, em algumas, mas não é um investimento seguro", observa o diretor da Checkpoint Software. "Há que ter em conta os seus riscos e a sua volatilidade", expressa. "Antes de comprar criptomonedas há que entender o que se está a comprar. Se se faz sozinho para fazer-se milionário, esse não é o objectivo", acrescenta o diretor da Criptan. "As pessoas estão-se a deixar levar por um ânsia de ganhar dinheiro e não é o objectivo, há pessoas que perdem muito", avisa.

Por sua vez, Mestre incentiva a "analisar muito bem o ativo digital em que se quer investir, a sua evolução e antiguidade no mercado das criptomonedas, já que não são todas são iguais". Na mesma linha conclui o director da Nuvix. "Há que aconselhar-se muito bem, valorizar que percentagem se investe e onde", explica. "Primeiro, é importantíssimo entender onde nos estamos a meter e os riscos, e investir uma percentagem pequena do património, para não perder tudo", recomenda. "Nem todos ganham aqui, muitos perderam muito dinheiroo", lembra.