Em meados de junho de 2023, Dani Pérez recebeu um telefonema de um número desconhecido. Ao outro lado do telefone alguém lhe pediu que confirmasse se os dados que tinha sobre ele eram correctos, ao que ele respondeu que sim. Passados uns dias, recebeu uma série de correios de uma empresa de luz e gás chamada Podo que incluíam um contrato assinado por ele. Acabavam-lhe de cadastrar em seu serviço sem ter-se dado nem conta.
Podo é uma comercializadora de luz e gás que presume de oferecer tarifas baratas e de ser 100 % verde. No entanto, seu longo historial de queixas e reclamações não deixa em bom lugar à companhia. O de Dani Pérez é só um caso entre centos dos que há expostos e denunciados em redes sociais e portais de opinião como Trustpilot.
Os contratos fantasma de Podo
"Basicamente fizeram-me um contrato fraudulento sem eu dar meu consentimento para nada e recebi um correio de Naturgy, a empresa que tinha, me dizendo que tinham descadastrado o fornecimento", expõe Pérez a Consumidor Global. Este utente esteve 3 meses com Podo e denunciam que lhe cobravam "os custos que lhes dava a vontade".
"Eu não gastava tanto como pára que me cobrassem 88 euros de factura de luz, de modo que me descadastrei o 18 de agosto", relata. Quando Pérez pensava que tinha terminado seu calvario com Podo, no dia 3 de outubro recebe uma série de telefonemas "amenazantes" para lhe exigir 300 euros por se ter descadastrado dantes de 1 ano. "Vê-se que era o que punha nesse contrato que eu não tinha assinado", recorda indignado.
30 euros de luz num dia
Pérez negou-se a pagar esse custo e o 11 de outubro recebeu um correio de uma suposta factura de Podo na que se reclamavam 30 euros. O período era de 19 de agosto ao 19 de agosto, de um dia, e após ter descadastrado o serviço sozinho uns dias dantes, o 16 do mesmo mês.
"É impossível que consuma 30 euros de luz num dia. Igualmente, já não estava com eles nessa data. É absurdo". Ante estes correios e comunicações, Pérez informou a seu banco para que não lhe cobrassem nada que viesse de Podo. Às duas semanas da rejeição do banco à "factura inventada", começam a chegar a sua buzón electrónico correios da comercializadora com o assunto "IMPORTANTE: Segundo recuso na cobrança de tua factura Podo".
Empresas de recobro e assédio por pagar facturas falsas
Conta Pérez que recebeu até 20 notificações como esta, uma a cada dia. Inclusive leu uma que compartilha com este meio na que a dívida que se especificava era de 0 euros. "Isso era verdadeiro, mas se vê que se tinham equivocado porque ao dia seguinte me mandaram o mesmo correio com outra cifra inventada", explica.
Este utente mantém-se firme em sua postura de não pagar por algo que não lhe corresponde. É por isso que nos últimos dias está a receber correios electrónicos da empresa de recobros Collecta. "Ameaçam-me com levar-me ao julgado se não pago esse recebo. É alucinante. Ainda que sejam 30 euros, nego-me a pagar por uma factura inexistente. São uns estafadores", recalca. Ademais, assinala que recebe chamadas a diário de telefones que começam pelo prefixo 621.
Facturas a mais de 1.000 euros
Outro caso similar é o de Elvira Jiménez, que acusa a Podo de "ladrões" por cobrar consumos não realizados. "Descadastrei-me em janeiro e seguem-me querendo cobrar facturas a mais de 1.000 euros. Reclamei a Consumo, deram-lhe uma resposta falsa para que parecesse que tudo estava correcto", denúncia. Ao igual que Dani Pérez, Jiménez segue em luta constante com a companhia e alega receber ameaças da empresa de recobros Collecta.
A Marina Martínez levam três anos reclamando-lhe uma factura falsa. "Estive cadastrada durante 10 horas na companhia e pretendem que pague 80 euros. Obviamente não tenho pago essa quantidade e nesta semana me chega uma carta notificando que estou no ficheiro ASNEF", relata. Martínez conta que tem conseguido demonstrar que se encontra nesse registro de morosidad de maneira "injusta" e já a eliminaram. "Não há que se deixar enganar por esta companhia fraudulenta", conclui. Consumidor Global tem requerido a Podo sua postura ante estas denúncias, mas não se obteve resposta ao termo da reportagem.