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A indústria musical aponta a Google para combater a reventa de entradas: "São parte do problema"

Os promotores assinalam agora aos buscadores site como "cúmplices" da especulação por seguir colocando nas primeiras posições a plataformas como Viagogo ou Stubhub

Alberto Rosa

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É o quebradero de cabeça constante que, por uma vez, põe de acordo a todos os actores da indústria musical. Sim, aos fãs também. A reventa de entradas converteu-se num verdadeiro problema para o sector que se tem saldado com inumeráveis fraudes e especulações sobre os preços dos tickets. Agora, o sector põe o foco em Google e os buscadores site por ser "parte do problema" ao colocar estas páginas nas primeiras opções de busca de entradas.

Faz tão só uns dias que a banda britânica Coldplay reuniu em Barcelona a mais de 200.000 pessoas em quatro concertos celebrados no Estádio Olímpico Lluís Companys. Esse mesmo evento, no que se colaron até mil entradas falsas vendidas a preços superiores ao original, tem suposto o último grande exemplo de até onde pode chegar a marca da reventa.

A luta contra a reventa, a debate

A culpa de que isto ocorresse em grande parte é de plataformas de reventa como Viagogo ou Stubhub. Ali foram centenas de fãs desesperados por conseguir um acesso a qualquer preço. Depois de vários anos de luta constante contra esse problema e nos que se tomaram medidas para combater a estas plataformas, os empresários do sector asseguram que é hora de pôr o foco nos buscadores site como Google "para que decidam se querem estar do lado dos bons ou dos cúmplices nesta luta contra a reventa injusta".

Coldplay no primeiro dos quatro concertos que a banda ofereceu em Barcelona / EP

Assim o debateram vários promotores numa mesa redonda celebrada no marco do Primavera Pró de Barcelona, um programa de actividades paralelas que têm lugar na Cidade Condal coincidindo com o festival Primavera Sound. Neste painel têm participado experientes como Nicole Jacobsen, especialista em reventa de entradas, Sam Shemtob, da Aliança Européia pela Personalização na Venda de Entradas (FEAT, por suas siglas em inglês) e Neo Sala, da promotora catalã Doutor Music.

A indústria musical contra Google

Durante o encontro apoiaram-se medidas que já se estão a tomar, tais como a personalização dos acessos aos concertos através de entradas nominativas ou a pedagogia e formação ao público e fãs para que evitem cair em páginas de reventa como Viagogo.

Uma série de medidas que, no entanto, "são insuficientes", tem assegurado o promotor catalão Neo Sala, de Doutor Music. Em opinião do empresário, o foco agora está em Google, já que "faz parte do problema" por colocar a Viagogo nas primeiras posições das buscas de entradas.

"O problema não está em Google"

Desde a indústria jogam a bola ao tejado dos buscadores, no entanto, experientes em indústria e gestão cultural, como Jordi Oliva, asseguram que esta acção não supõe mais que "marear a perdiz" e apartar a atenção do núcleo do problema: a existência destas páginas.

Vários fãs num concerto de Rammstein / RAMMSTEIN

"O foco não deveria ser o buscador, sina as empresas que oferecem o serviço de reventa. Google e outros servidores funcionam a base de algoritmos que não vão modificar os aparecimentos das páginas", expõe Oliva a Consumidor Global. Ademais, o professor da UOC assinala que a indústria musical é coisa de uns poucos e acha que há determinados actores aos que sim que lhes interessa que tenha reventa.

Mais flexibilidade para os compradores

"Há uma solução, a personalização das entradas, que já se faz, mas também com flexibilidade. Que se um fã finalmente não pode assistir a um evento possa pôr à venda de novo seu ticket no mesmo serviço de venda original ao mesmo preço. É algo que se pode fazer muito fácil, mas não interessa", explica este experiente.

Em opinião de Oliva, a indústria conta com um "actor fantasma" que compra todas as entradas para revenderlas. "Há certos sectores aos que lhes interessa que se produza esse sold out imediato, mas aonde vai esse dinheiro? Há muita opacidade no sector e o prejudicado é sempre o artista e o público", conclui o professor da UOC.