Clikalia é uma empresa imobiliária que "agiliza, facilita e dá transparência a todos os processos relacionados com a moradia, incluída a compra". Dito assim, soa muito bem. No ano passado adquiriu 1.200 activos imobiliários e vendeu 1.400, conseguindo uma facturação de 250,2 milhões de euros. A companhia reforma os capacetes urbanos das cidades nas que trabalha, e, segundo diz em seu site, se esfuerza por pôr moradia no mercado ao melhor preço possível e de maneira efectiva.
Com tudo, a reforma de uma moradia quase sempre é um assunto peliagudo que requer de um cuidadoso planejamento, investimento e gestão. E não todos os clientes terminam satisfeitos. É o caso de Alejandro Palma. "Nossa desastrosa experiência com Clikalia começou já com as mentiras que nos contou a comercial que nos ensinou o andar, mas aumentaram depois da assinatura do contrato de arras", conta a este meio.
Os prazos não se cumprem
Em julho de 2023, este consumidor e seu casal conheceram a empresa. Viram em Sevilla um andar que gostaram que Clikalia estava reformado em de esses momentos. A comercial prometeu umas qualidades e características que não estavam contempladas no projecto: terraço com fechamento com persianas, vitrocerámica de indução e um banho com ventilación e iluminação natural. Nada disto chegou. Em teoria, a obra estaria acabada em setembro, mas os prazos não se cumpriram.
"Desde julho até bem entrado setembro, Clikalia nos fez o vazio. Ninguém nos dizia quando estaria lista a moradia, ninguém sabia nada. Tudo se resumia em respostas da comercial nos assegurando que nos iam chamar, mas nunca nos chamavam. Começávamos-nos a sentir enganados, pensávamos que poderíamos ter caído numa fraude ou algo similar", relata Palma.
O arquitecto desconhece as petições dos clientes
Finalmente, conseguiram marcar uma visita presencial no final de setembro com o arquitecto que levava a obra. "Surpreendeu-nos que não tivesse ideia das petições que tínhamos feito, mas também que não tivesse nem ideia de quando acabar-se-ia essa obra que, segundo seu compromisso, deveria se ter finalizado em setembro. Davam-nos desculpas. Só nos diziam 'na semana que vem seguro, mas nessa semana não chegava", conta.
A primeira visita prévia à escritura (VPE) teve lugar o 27 de outubro. Para então, o inmueble já deveria ter estado em perfeito estado. Mas nada mais longe da realidade: Palma assegura que encontraram uma moradia "perfeitamente mau feita": paredes com bultos e dobradas, um banho sem a prometida janela que dava iluminação e ventilación natural, uma cozinha mau montada… "Uma lista de defeitos que não cabiam na folha que eles mesmos preparam para a visita", resume.
Compra-a segue adiante
Desilusionados, e malhumorados, marcaram uma cita urgente para dissolver a compra. "Não obstante, conseguiram convencer da continuidade, já que tinham-se dado conta de todos os defeitos e nos deram a palavra de que dariam a moradia em perfeito estado", admite Pombas. Não era pára menos: o preço da moradia, de 80 metros quadrados, era de 200.000 euros.
Cumprido um novo prazo, em meados de novembro realizaram a segunda VPE. "Nesta ocasião acompanhou-nos a técnica de arquitectura encarregada. O de encarregada é porque disseram-no eles, já que parecia não ter a mais remota ideia do projecto nem do resultado que, segundo ela, tinha revisado pessoalmente", critica Palma.
Os defeitos continuam
E as coisas não tinham melhorado o suficiente. "Seguia tendo paredes dobradas e abultadas, uma cozinha que não se tinha retocado, azulejos picados e solos manchados… Vamos, que não tinham feito praticamente nada", conta Palma.
Uma das maiores desavenencias devia-se à janela do banho, que tinham tirado do projecto sem lhes oferecer explicações convincentes. "Para cúmulo, demos-nos conta, ao comprovar os planos e o render com o que nos venderam a casa e sobre o que assinamos o contrato de arras, que no salão tinham tapiado uma zona! Tinham decidido, por comodidade, eliminar um trozo de parede, tapiándola e tirando-nos algum que outro metro quadrado", clama Palma.
Os afectados dão o visto bom
Por sorte, conseguiram que lhes devolvessem esse espaço. "Pusemos as cartas sobre a mesa e demos-lhes um prazo máximo de 10 dias para que terminassem a obra e nos dessem a moradia em perfeito estado, já que tínhamos avisado a nossa caseira de que nos íamos e nos víamos na rua", conta. Assim, se celebrou a terça e última VPE, na que, depois de muito falar, discutir e lembrar, deram o visto bom.
Fizeram-no, descreve Palma, sem estar completamente satisfeitos, já que ao dia seguinte assinavam compra-a e uns dias mais tarde estavam obrigados a abandonar o andar onde até então residiam. Lhes urgía, e decidiram confiar.
Os defeitos, questões "estéticas"
Mas muitos defeitos permaneciam, entre eles os armários, que se viam dobrados, com os marcos desmontados que não fechavam bem. "Segundo o arquitecto que levava o projecto, isso era algo estético que se solucionava com o nivelar um pouco", indica o afectado. Uma semana depois, um desses marcos se lhe caiu a seu casal na cabeça.
Clikalia fez questão de que, depois de efectuar a compra, eles passariam a falar com outra técnica através do serviço de pós-venta. "Asseguraram-nos de que o serviço pós-venta era excelente, de rápida resposta e ágil resolução". De novo, Palma discrepa.
Moradia suja
Após investir muito dinheiro e ilusionarse com um inmueble que até esse momento só lhes tinha trazido mal-estar e decepções, por fim entraram a viver. Mas, decorridas 24 horas, elaboraram outra extensa lista de defeitos. Ademais, a empresa tinha faltado a seu compromisso de entregar a moradia limpa, "já que deram-no-la cheia de pó, manchas de pintura e restos de obra", assegura este cliente.
Também identificou o que qualifica de "mistérios": ligues que dão choques, centímetros perdidos no banho porque a parede não se tinha montado bem, silicona por toda a casa…
"Não têm comunicação interna"
Palma e seu casal não puderam comunicar com o arquitecto quando o precisaram, e desde este supostamente eficaz serviço postventa lhes diziam que a encarregada estava de férias . "Vamos, que não têm comunicação interna e vivem num caos absoluto", valoriza.
No final de janeiro, quase três meses após adquirir a moradia, decidiram ir ao escritório para falar de tu a tu com os responsáveis. "O arquitecto disse-nos, de muito más maneiras, que éramos uns perfeccionistas e que os defeitos eram estéticos. Ensinamos-lhes fotos e mudaram o tom: não tinham nem ideia do que estava a passar em nosso andar. Pediram-nos desculpas e comprometeram-se a fazer uma listagem com todo o que iam arranjar e o que não".
Mudança de armários
Finalmente, e depois de muito reclamá-lo, conseguiram que a empresa mudasse por completo os armários. Clikalia também acedeu a substituir os muebles de acima da cozinha, e, durante sua desmontaje, Palma e seu casal comprovaram o "péssimo" estado dos materiais, com azulejos descolgados. "Vivíamos numa situação muito perigosa que não só negavam, sina que tiveram a pouca vergonha de se rir de nós em nossa cara ao lho contar", assegura.
Com tudo, após as sucessivas reclamações que têm posto e de viralizar o caso em internet, Palma admite que desde Clikalia "se moveram um pouco, já que parece que vão arranjar mais defeitos, e mandaram à técnica a revisar todo de novo, como pedíamos desde um princípio".
Problemas que persistem
"Isso sim, as paredes dobradas e abolladas e as portas mau instaladas já nos disseram que não as vão arranjar, pelo que teremos que tentar solucionar isto pela via judicial, já que não têm feito uma reforma integral como vendem eles", remarca este afectado, que está disposto ao brigar. Ademais, têm aparecido grietas por toda a casa.
Em resumo, apesar de que Clikalia é uma empresa bem valorizada em foros e portais, este consumidor e seu casal viveram um autêntico inferno pleno de demoras, má comunicação, mudanças de condições repentinos e decepções. "Contratam a empresas externas para que façam todas as reformas e arranjos e perdem o controle do que estão a fazer, já que muitos são uns chapuzas", crê Palma.
A defesa da empresa
Este meio tem contactado com Clikalia para recolher seu ponto de vista sobre este caso, e a empresa defende suas actuações. "Depois da entrega da moradia, os proprietários comunicaram uma série de incidências que Clikalia tem ido atendendo. A raiz dessas incidências, Clikalia tomou ademais medidas internas: a técnica de obra que fez o rastreamento saiu da empresa e também se rescindiu o contrato com o construtor que realizou a obra", admitem.
Ademais, asseguram que em nenhum momento deixaram de atender ao cliente, algo que contrasta plenamente com o ponto de vista de Palma. Desde Clikalia asseguram que as gravações das conversas (amparadas pela lei) mostram o respeito e a educação mantida em todo momento.
Actuações do serviço postventa
"Depois da escritura da moradia em novembro de 2023, produziram-se 16 intercâmbios de e-mails, mantiveram-se 33 telefonemas telefónicos e realizaram-se 20 deslocações à moradia por parte da técnica de rastreamento de postventa e/ou a profissional pós-venta e/ou o provedor de pós-venta", detalham.
Ademais, a empresa culpa a Palma de alguns dos defeitos. "Clikalia não só tem reparado todas as incidências: tem atendido requerimentos do proprietário que, como tais, não eram incidências, sina que respondiam a uma manutenção não óptima do inmueble por sua vez. Assim se lhes tem indicado na cada ocasião", defendem. Com tudo, parece pouco sério culpar ao proprietário do andar do aparecimento de grietas, coisa que tem sucedido.
Gestão de incidências
Quanto a demora-las, arguyen que a gestão de incidências segue um protocolo estabelecido.
"Registro de incidência, valoração perital e actuação uma vez comprovado que nos corresponde reparar a incidência. Estes processos levam verdadeiro tempo. Entendemos as moléstias que esse tempo tem causado ao cliente, mas isso não significa que não lhe atendamos", apostillan.