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UPA reparte fresas de Huelva na Porta do Sol e reclama "competir em igualdade de condições"

Os agricultores denunciam que "não é normal é que nestes momentos nos encontremos nas tendas produtos que vêm de fora da UE"

Entrega de fresas en la Puerta del Sol   UPA
Entrega de fresas en la Puerta del Sol UPA

Na semana passada detectou-se em Espanha uma partida de fresas procedentes de Marrocos contaminada com Hepatitis, o que alarmó à população e motivou que algumas associações exigissem ao Governo medidas urgentes. Agora, a União de Pequenos Agricultores (UPA) tem aproveitado o revuelo para mostrar as virtudes do produto local. Assim, tem repartido na Porta do Sol de Madri mais de 2.000 tarrinas de fresas de Huelva . Os viandantes afortunados têm podido desfrutar de umas frutas "sãs, seguras e sustentáveis".

O secretário geral de UPA, Lorenzo Ramos, tem falado com Consumidor Global.

-As fresas que vocês têm repartido têm voado. Como valorizam a resposta da gente?

-Achamos que tem sido uma boa iniciativa, é bom que se tenha repartido tão rápido porque era um produto de primerísima qualidade. O que queremos com esta campanha, logicamente, é pôr em valor os produtos que produzimos em nossa terra. Agora mesmo nos encontramos em plena campanha de coleta da fresa, e o que não é normal é que nestes momentos nos encontremos nas tendas produtos que vêm de fora da União Européia. Achamos que isso supõe uma concorrência desleal, e que isso devê-lo-iam recolher assim os acordos comerciais que se façam com terceiros países, porque ademais temos dúvidas dos métodos de produção que se empregam ditos países.

Tarrinas de fresas de Huelva / EP
Tarrinas de fresas de Huelva / EP

Nesse sentido, que papel jogam os controles?

São muito relevantes. É verdadeiro que estão a aumentar os controles e, de facto, se se detectou uma partida que vinha em más condições e não tem chegado aos consumidores tem sido pelos controles, de maneira que há que o ver como algo positivo. Partindo daí, nós reclamamos que temos que competir em igualdade de condições.

O presidente da Associação Valenciana de Agricultores (AVA-Asaja), Cristóbal Aguado, assegurou que a Comissão Européia tinha "rebajado o alarme". Acha que a resposta do Governo depois da detecção da partida contaminada foi o suficientemente contundente?

Deveria ser mais normal que se detectassem produtos de fora que não se produzem baixo as mesmas normas que nos exigem a nós. Se começam-se a ver estes casos, acho que não há que minimizar o tema, apesar de que se costuma dizer que estes casos podem gerar alerta ou provocar que baixe o consumo. A gente o que tem que ter é a tranquilidade de saber que, se vem um produto em más condições, se vai detectar.

Por isso, o consumidor deve saber que aqui temos fresas realmente sustentáveis, produzidas com as normas que se estabeleceram dentro da UE, que são muito duras, porque já nos proibiram utilizar montões de produtos fitossanitários ou fertilizantes. É um produto de primerísima qualidade. A fresa que temos dado hoje aqui se colectou ontem pela manhã, e hoje já pode estar na casa de qualquer cidadão.

Un comprador con unas fresas / FREEPIK
Um comprador com umas fresas / FREEPIK

Acha que o ocorrido com as fresas contaminadas pode repetir com outro produto, isto é, que se encontrem novas frutas ou verduras contaminadas?

O que há que fazer é controlar sanitariamente todas as partidas que vingam de fora. Se fosse utilizam-se produtos que aqui não estão permitidos, terão esses resíduos ou esses componentes perjudiciales. De modo que claro que pode passar. Mas, sobretudo, também há que tentar que não coincidam na mesma época na que nós estamos a colectar.

No ano passado, o Conselho de Europa alertou das más condições dos trabalhadores migrantes do sector da fresa em Huelva. Acha que isto pode afectar à percepção do cliente e provocar que o consumo desça?

Estas questões, desde depois, podem produzir certa rejeição, mas devo dizer que essas não são as condições que há, em general, na província de Huelva, onde a imensa maioria das explorações têm muito boas condições para os trabalhadores que vêm todos os anos. Eu tenho estado visitando as fincas e a zona onde se alojan e tenho visto como se cumprem a rajatabla os convênios estabelecidos, e, pelo geral, todo mundo faz as coisas bem. Agora bem, nos casos nos que as coisas não se façam correctamente, nós vamos ser os primeiros interessados no denunciar, porque não queremos que se nos compare com gente que tenta explodir às pessoas ou que trata de cometer abusos.

Una persona sostiene unas fresas / FREEPIK - @wirestock
Uma pessoa sustenta umas fresas / FREEPIK - @wirestock

Após estes meses de mobilizações do campo, que dizer-lhe-ia você aos consumidores?

Dizer-lhe-ia que, se para valer nos apoiam, seria muito bom que começassem a olhar sempre a procedência do produto, e que quando tenhamos alimentos de aqui, que os comprem. Isso é bom para todos e se apoia à gente que vive no mundo rural, aos agricultores e ganadeiros que, por exemplo durante a pandemia, garantiram que não faltassem alimentos enquanto sim faltavam outras coisas. Que ninguém se pense que quando se deixe de produzir aqui porque o de fora seja mais competitivo o vamos ter todo garantido, porque não é verdade. Os consumidores e a sociedade em general deveriam cuidar o modelo de agricultura e ganadería que temos em Espanha, que maioritariamente é familiar. Há que ter em conta que, se desaparecem as explorações, ao final ficará com todo a gente à que o único que lhe interessa é ganhar dinheiro, e quando não lhes saiam as contas, recolherão os bártulos e ir-se-ão a zonas onde produzir lhes saia mais barato.

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