Casar-se já não está de moda. Isso é o que corrobora a estatística de casais do Instituto Nacional de Estatística (INE). E à imensa maioria dos que ainda passam pelo altar, também não lhes espera uma longa vida em comum após o casamento: da cada 10 enlaces matrimoniales que se produzem em Espanha, sete acabam em divórcio, segundo o Instituto de Política Familiar.
Neste contexto, entrevistamos a Sandra Vilar, fundadora e directora de The Wedding Market, um mercado que se celebra em Madri , Barcelona e Girona e põe em contacto a todo o tipo de provedores com os futuros noivos, para conhecer a actualidade e as tendências do sector nupcial.
--Como se encontra o sector nupcial espanhol?
--Está a ser uma loucura... Em 2022 juntaram-se os casamentos pospostos e as próprias do ano, e já temos muitos casais que nos contactam para o 2025. No mês de outubro costumava-se notar uma baixada, mas agora a gente se casa em outubro, novembro e dezembro. Há provedores com datas ocupadas para dentro de dois anos. É incrível...
--No entanto, a taxa de casamentos que se celebravam em Espanha em 1975 era de 8,7 casais pela cada 1.000 habitantes, mais do duplo que na actualidade, segundo o INE…
--Naquela época os casais casavam-se para poder viver juntas. Agora convivemos e depois decidimos nos casar. Quiçá o facto de que tivesse tantos casamentos no passado, mais religiosas, tenha que ver com este trâmite. Agora é mais uma celebração e o significado já não é o mesmo que antanho.
--'Quando dizes que te casas, tudo custa o duplo…', costumam dizer…
--Sim. Por que o negar? Eu também faço de wedding planner e te encontras com esse medo. Ao dizer 'caso-me', até o preço do aluguer sobe.
--O azeite de oliva, a gasolina e a luz estão pelas nuvens… Quanto têm subido os casamentos em 2023 com respeito ao ano passado?
--Em 2022, um casamento para umas 150 pessoas estava ao redor dos 30.000 euros. Agora te podes ir fácil aos 40 ou 50.000 euros. Depende do casal, do catering e de muitas coisas, mas, em media, tem subido um 70%. Vêm-te casais e dizem-te: 'queremos gastar-nos 25.000 euros'. E tenho-lhes que responder que é inviable.
--Um evento de 50.000 não é um casamento, é um festival, não?
--Casar-se é mais caro e encontramos-nos um público jovem que procura, além da festa, a ver quem faz o melhor casamento com o máximo de elementos: bandas musicais, fogos artificiais e outras surpresas. Isso é mais um festival que um casamento, sim. Até a esencia do casamento está a perder-se. Procuram o aparentar. A ver quem a faz mais gorda.
--Terá visto de tudo…
--Há uma faixa de provedores tão ampla que tudo é possível. Desde o noivo que quer chegar em helicóptero até o artista mais famoso. Tudo é viável e isso leva ao quero mais.
--É mais barato casar-se fora de temporada?
--Casar-se fora dos meses fortes, que são maio, junho, julho, agosto e setembro, é mais barato. Os meses mais frios são mais económicos. Casar-se um sábado sempre é mais caro que um domingo ou um dia entre semana.
--Se os noivos que assistam a The Wedding Market podem sair com seu casamento totalmente preparado, a figura da wedding planner é um invento para sacar mais dinheiro aos noivos?
--Há muitos expositores em The Wedding Market que são wedding planners e oferecem o serviço de organizar todo o casamento ou só coordenar no dia do enlace. É uma figura básica para que o casal se despreocupe. Há casais que vão com mais tempo e o fazem eles, mas nós aconselhamos 100% a figura das wedding planners porque conhecem o sector e os preços, e se baseiam no orçamento da cada casal.
--Também há gente que tem que hipotecar para seu casamento…
--Sim. Tenho visto casos de casais que estão hipotecadas.
--Casar-se é coisa de ricos?
--Não. Depende do tipo de casal e do que procure. Também se podem fazer casamentos incríveis com 20 pessoas, mais íntimas, que após o Covid se têm popularizado. Há casamentos de 300 pessoas, que quiçá sim são mais de ricos, e outras mais pessoais, também muito cuidadas.
--Fizestes um mercado para casamentos no Espaço Jorge Juan, no bairro de Salamanca (Madri), e vários na Torre Bellesguard de Gaudí… Vosso público é a jet set?
--Nosso público objectivo são casais dentre 25 e 45 anos, tanto homossexuais como heterosexuales, de um nível adquisitivo meio-alto. Também fazemos bastantees segundos casamentos.
--Qual é o futuro dos casamentos em Espanha?
--Está a mudar tudo tanto que não sê se acabará sendo um trâmite on-line. Espero que siga sendo uma celebração bonita, que mantenha sua esencia e o mesmo espírito, e que a gente não se case com o chatGPT.
--Da cada 10 casais que se produzem em Espanha, sete acabam em divórcio... Casar-se é, no 70% dos casos, um mau investimento?
--Eu não acho que seja um mau investimento. Quando o estás a organizar, não pensas que te vais divorciar, achas que será para toda a vida. Depois, a cada casal é um mundo. Dantes estava pior visto o divorciar-se; agora é um trâmite. Muitos casais não chegam nem à lua de mel. Também há casais que, no mesmo dia do casamento, salta um chispazo e também não se casam. Há de tudo. Há casais que se querem e outras que, bom…