0 comentários
Sara Ribeiro (Sprinter): "A marca é o principal 'driver' de compra, mais que o preço"
A assinatura de moda desportiva abrirá mais lojas com uma experiência de compra diferente e mais diversa, centrada num estilo de vida saudável para os consumidores
Desde fevereiro de 2022, a portuguesa Sara Ribeiro é a nova global brand manager em Sprinter , isto é, gere a marca em todos os territórios nos que está presente. Para contextualizar, a assinatura espanhola Sprinter (de Elche) pertence desde faz uns anos ao holding de retail desportivo Iberian Sports Retail Group (ISRG), que gere também o negócio de outras assinaturas como JD Sports, Sport Zone ou Deporvillage, entre outras.
Este conglomerado fechou o 2011 com um total de 469 estabelecimentos, dos quais 176 são lojas Sprinter. Perguntamos a Ribeiro sobre os planos que tem para melhorar a experiência de compra, os reptos aos que se enfrenta esta ensina desportiva e quais são os produtos favoritos dos consumidores.
--Como convive Sprinter com competidores tão fortes como Decathlon?
--"Nosso posicionamento é diferente ao de Decathlon, que trabalha muito suas marcas próprias. Ademais, tem uma proposta de valor muito baseada em produtos primeiramente com preços mais baixos e oferece uma experiência de loja diferente. No entanto, Sprinter está em localizações diferentes, nas grandes arterias comerciais com um maior fluxo de pessoas. Ademais, nós nou temos o mesmo portfolio de produtos em todas as lojas. Ajustamos a oferta à cada estabelecimento e nossa grande diferenciação vem por nossa capacidade de ter marcas muito fortes no sector do desporto como Nike, Adidas, Puma ou Reebok que, em termos de proposta de valor, nos diferencia da concorrência".
--Aberturas previstas para este 2022?
--"A ideia é abrir novas lojas, mas estamos em busca das melhores localizações. Inauguramos o passado abril uma em Andorra, que era uma zona à que queríamos chegar, mas há outros pontos onde nos queremos expandir também".
--Afecta a inflação também aos produtos desportivos?
--"Nós sempre vamos tentar não tocar os preços porque somos conscientes do momento actual".
--Não é Sprinter rival de JD Sports, outra marca do mesmo grupo?
--"Não. JD Sports tem uma proposta de valor muito centrada na roupa desportiva, mas não para o desporto em general. Se quero fazer running ou fitness em JD Sports não encontrarei determinados produtos, mas em Sprinter, sim".
--Notou-se já uma maior afluencia de consumidores nas lojas?
--"Com a pandemia teve uma mudança para o mundo digital e isso nos fez reforçar a logística e outras áreas para dar uma resposta a essa demanda. Mas agora já temos notado bons indícios sobre a volta às lojas. No entanto, alguns hábitos de consumo digital ficaram-se. Ainda assim, o retail tem um peso muito grande. Agora um 20% das vendas são on-line, mas o 80% restante são em loja".
--Quais são as vantagens que oferece Sprinter ao consumidor?
--"Queremos aumentar e melhorar a experiência do consumidor em loja. Temos implementado alguns quioscos… para comprar em loja física um produto disponível na loja on-line. Mas também queremos acrescentar e reforçar outros serviços, como saber que calcada tem o consumidor para eleger a melhor sapatilha, análise biométricos para dar planos de treinamento e nutrição, segundo os objectivos que a cada pessoa se marque. Temos, por outro lado, o Sprinter Clube, nosso programa de fidelización, com 1,2 milhões de sócios que já desfrutam de uma série de benefícios. E temos lançado uma app de treinamentos, em 2021, que se chama Sprinter Pass. Por uma assinatura de 30 euros ao ano, o utente desfruta de uma série de contidos --classes de yoga, zumba, training, etc.--. Percebemos a cada vez mais que o consumidor está preocupado em praticar desporto, mas também em outras áreas focadas na saúde. Por isso, temos acrescentado serviços de nutrição com planos personalizados e classes de meditación".
--Acha que alguns estabelecimentos da assinatura ficaram-se antiquados?
--"Percebemos que o consumidor está a mudar e a própria oferta e experiência das lojas também. O caminho para nós passa por evoluir com nossas lojas. E as novas que abrimos já são completamente diferentes".
--Que facturação teve o grupo (e a marca) em 2021 e qual é a previsão para 2022?
"A facturação do grupo ISRG, onde se inclui Sprinter, foi no exercício 2020 de 660 milhões de euros, e a previsão para o 2021 é de 900 milhões. Em curto prazo nossa expectativa é facturar e chegar aos 1.000 milhões de euros".
--Quais são os produtos estrela?
"O consumidor espanhol procura sapatilhas. De facto, é o produto estrela de nossas lojas, de marcas como Nike, Adidas e Puma, mas também de Vans e Converse. As sapatilhas brancas são um fenómeno muito interessante, sobretudo para as mulheres. E procuram-se tanto com um estilo mais casual como desportivas. É nosso produto estrela. Outra coisa que percebemos é que a categoria de relógios desportivos está muito demandada. Têm aumentado muito as vendas desta categoria".
--Há diferenças entre o consumidor espanhol e o português quanto a produtos mais demandados?
--"Muda o peso de uma marca ou outra, mas é um comportamento muito similar".
-Que é mais importante? O preço, o desenho ou a marca?
--"As marcas são o principal driver para uma compra, mais que os preços. A gente quer as típicas sapatilhas Vans negras com o logo da marca ou converse-as brancas. Marcas e modelos muito específicos. Alguns clássicos nunca morrem nesse sentido e que são para todas as gerações".
--Quais são os reptos da companhia em curto prazo?
--"Estamos a crescer, mas focados em melhorar a experiência do cliente e em abrir mais lojas. Escutar ao consumidor e perceber muito bem suas necessidades é fundamental, sobretudo depois da pandemia. A gente é muito diferente agora. Queremos que os espanhóis tenham uma vida activa e seguir trabalhando nessa linha. Queremos pôr a todos os espanhóis a fazer desporto. Esse é nosso grande repto".
Desbloquear para comentar