David Alonso (Samsung Espanha): "Galaxy AI é nossa forma de competir com a Apple"

Os telefones já não são inteligentes. Os smartphones fazem parte do passado. Doravante, os telemóveis, esses objetos que sequestraram a vida das pessoas, passarão a chamar-se artificial intelligence phones. E não o diz este cronista, quem o diz é nem mais nem menos que o maior vendedor de telemóveis do mundo graças a uma quota de mercado de 20%. Palavra de Samsung .

Para conhecer o impacto que tem e terá a inteligência artificial na hora de utilizar estes dispositivos, a Consumidor Global entrevistou David Alonso, director da área de Mobilidade da Samsung em Espanha, durante o Mobile World Congress 2024 de Barcelona.

--Como é que a Galaxy AI vai mudar a experiência móvel do consumidor?

--Radicalmente. É algo totalmente disruptivo. É o começo de uma nova era. Até agora falávamos de smartphones e a partir do lançamento do Galaxy S24 vamos começar a falar de artificial intelligence phones. Como é que isso vai mudar? De uma forma bastante natural. Tornando as coisas mais fáceis. 

--Alguns exemplos…

--Por exemplo, a forma como comunicamos. Pode estar a falar em coreano perfeito e eu posso estar a falar em espanhol, e pode ouvir-me na sua língua. O mesmo pode acontecer numa conversa telefónica, num chat... Quebramos a barreira linguística. Também vai mudar a forma como pesquisamos. Agora colocamos algo no Google e ele encontra-nos qualquer coisa. A partir de agora, se quisermos procurar informações sobre um objeto ou uma imagem, basta rodear essa imagem para encontrar todas as informações disponíveis. Ou, por exemplo, uma transcrição. O sistema grava automaticamente a conversa, transcreve-a para a língua que escolher, identifica as pessoas e apresenta um resumo do que foi dito de mais importante. Estes são alguns exemplos da utilização quotidiana dos telemóveis e da forma como a inteligência artificial pode mudar e melhorar a experiência e melhorar a vida dos utilizadores.

--Em que dispositivos está disponível a Galaxy AI?

--Está disponível em toda a família Galaxy S24 e, a partir de finais março, começar-se-á a actualizar a família Galaxy S23 (base, ultra, plus), os Galaxy Z Fold5 e Flip5, e a família de tablets Galaxy Tab S9.

--A venda de telemóveis de gama baixa (menos de 150 euros) baixou 20%, enquanto os dispositivos acima de 1.000 euros cresceram 12%. Como se compete com a Apple?

-Os dispositivos topo de gama e premium são os mais procurados. A inovação está no nosso ADN: fomos pioneiros com os dispositivos dobráveis e somos pioneiros agora com a Galaxy AI. Somos os primeiros a lançar a inteligência artificial através do Galaxy AI. A Galaxy AI é a nossa forma de competir com a Apple. Oferecer um produto melhor, uma nova experiência e facilitar a vida aos utilizadores.

--Os seus telemóveis dobráveis têm sido um sucesso e já representam 15% das vendas de dispositivos premium da Samsung em Espanha... Serão eles o presente e o futuro?

-No fim de contas, é preciso oferecer escolha ao consumidor. Somos fabricantes de uma vasta gama de dispositivos e, dentro da gama premium, há telemóveis com barra e telemóveis dobráveis. E sim, a chegada da concorrência na categoria dos dobráveis mostra que estamos no bom caminho, porque tem sido uma tipologia muito bem aceite pelo consumidor.

-- O futuro da indústria móvel inclui um consumo mais responsável de tecnologia? Que importância é atribuída à possibilidade de reparação e à durabilidade dos dispositivos?

--É cada vez maior. Lançámos o Self-Repair, um serviço próprio de auto-reparação. Porque utilizar material reciclado e oferecer uma reparação fácil é essencial para dar uma segunda vida aos dispositivos. Só temos um planeta e a inovação deve andar de mãos dadas com a sustentabilidade. 

--O coltan é necessário para fabricar smartphones e tablets. Oitenta por cento é extraído de minas na República Democrática do Congo, onde os menores trabalham em condições deploráveis... Onde é que a Samsung obtém este mineral e que garantias oferece aos consumidores a este respeito?

--Asseguramos que todos os materiais utilizados no fabrico dos nossos dispositivos são de origem ética. Temos um compromisso com a responsabilidade social, que é um princípio básico da Samsung. Um dos princípios que a empresa tem é o de contribuir em todos os países onde está presente, o que não faz sentido se houver outras actividades que não sejam responsáveis.