Rosarío Pedrosa é a gerente da área comercial e de marketing da Associação de Fabricantes e Revendedores (Aecoc) que agrupa mais de 31.000 empresas e representa 20% do PIB espanhol.
Apesar da dificuldade do seu cargo, Pedrosa desvaloriza a sua importância e afirma que "minha missão é ajudar as empresas a vender mais e melhor". Assim, no âmbito da feira Alimentaria de Barcelona, Pedrosa explica ao Consumidor Global quais são as tendências de consumo atuais, além de tratar a subida de preços pela inflação e a greve das transportadoras.
-- Qual é o papel da Aecoc?
--"É uma associação sem fins lucrativos que representa toda a cadeia de valor. Somos um agrupamento que junta tanto fabricantes como revendedores e isso permite-nos ter uma visão geral do que sucede nos lineares. A nossa missão é ajudar as empresas a tornarem-se mais competitivas e mais sustentáveis, a serem mais eficientes, sempre com o objectivo de satisfazer as necessidades do consumidor".
-- Que tendências dominam hoje em dia no supermercado?
--"Há 4 grandes tendências. Uma importantíssima e que temos tido desde antes da pandemia, embora tenha aumentado com a pandemia, é a saúde. O consumidor procura produtos saudáveis no supermercado. Por outro lado, há o impacto da sustentabilidade. O consumidor quer produtos que respeitem o planeta e isso refere-se tanto no produto como no packaging . Mas vemos também muita convenencia. Isto é, o consumidor procura soluções práticas que lhe facilitem a vida e que lhe façam ganhar tempo. E como última tendência, a indulgência. Com os ritmos nos que vivemos, precisamos de uma pausa, uma via de escape. E a indulgência é necessária. No seu dia a dia, o consumidor cuida-se muito, mas também procura alguns momentos de prazer e indulgência".
-- Os produtos bio ou sustentáveis são mais caros. Está o consumidor disposto a pagar esta diferença?
--"Vamos para uma situação económica muito complicada e haverá muitos consumidores que terão que renunciar aos produtos sustentáveis, que são mais caros".
--A inflação já está a chegar ao supermercado...
--"O cabaz de compras está a subir, mas não ao ritmo da inflação. A inflação ronda os 10% e o cesto de compras subiu muito por embaixo. O consumidor tem muitas despesas à sua volta, porque o cesto de compras compete com outras categorias como a energia e o lazer".
--É o cliente agora mais exigente que há 5 anos?
--"O consumidor sempre foi exigente, mas talvez agora esteja mais informado. E por isso agora as empresas têm que ser mais transparentes e coerentes com a promessa que dão ao utilizador".
--A greve das transportadoras... Como afectou o sector?
--"Tem sido um duro golpe. As empresas tiveram que fazer uns esforços tremendos para abastecer de produtos os pontos de venda. Mas demonstrou-se, como se demonstrou na pandemia, que temos uma rede de abastecimento descomunal. Fomos um dos melhores países com melhor rácio de disponibilidade no supermercado".
--E haverá mais escassez pela guerra na Ucrânia?
--"Haverá problemas para as empresas quanto ao acesso das matérias-primas porque a Ucrânia é um fornecedor muito importante. Por isso, estamos a trabalhar para ver que categorias podem ser afectadas e junto com o Governo estamos a procurar outras vias para dispor destas".