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Aecoc : "Agora o consumidor terá que renunciar aos produtos mais caros, como os sustentáveis"

Rosario Pedrosa, gerente da área comercial e de marketing da Associação de Fabricantes e Revendedores, fala sobre o papel desta organização no setor do grande consumo

Rosario Pedrosa (AECOC) / CG
Rosario Pedrosa (AECOC) / CG

Rosarío Pedrosa é a ​​gerente da área comercial e de marketing da Associação de Fabricantes e Revendedores (Aecoc) que agrupa mais de 31.000 empresas e representa 20% do PIB espanhol.

Apesar da dificuldade do seu cargo, Pedrosa desvaloriza a sua importância e afirma que "minha missão é ajudar as empresas a vender mais e melhor". Assim, no âmbito da feira Alimentaria de Barcelona, Pedrosa explica ao Consumidor Global quais são as tendências de consumo atuais, além de tratar a subida de preços pela inflação e a greve das transportadoras.

La feria Alimentaria / CG
Alimentaria / LUIS MIGUEL AÑÓN (CG)

-- Qual é o papel da Aecoc?

--"É uma associação sem fins lucrativos que representa toda a cadeia de valor. Somos um agrupamento que junta tanto fabricantes como revendedores e isso permite-nos ter uma visão geral do que sucede nos lineares. A nossa missão é ajudar as empresas a tornarem-se mais competitivas e mais sustentáveis, a serem mais eficientes, sempre com o objectivo de satisfazer as necessidades do consumidor".

-- Que tendências dominam hoje em dia no supermercado?

--"Há 4 grandes tendências. Uma importantíssima e que temos tido desde antes da pandemia, embora tenha aumentado com a pandemia, é a saúde. O consumidor procura produtos saudáveis no supermercado. Por outro lado, há o impacto da sustentabilidade. O consumidor quer produtos que respeitem o planeta e isso refere-se tanto no produto como no packaging . Mas vemos também muita convenencia. Isto é, o consumidor procura soluções práticas que lhe facilitem a vida e que lhe façam ganhar tempo. E como última tendência, a indulgência. Com os ritmos nos que vivemos, precisamos de uma pausa, uma via de escape. E a indulgência é necessária. No seu dia a dia, o consumidor cuida-se muito, mas também procura alguns momentos de prazer e indulgência".

Una mujer compra en un establecimiento de una cadena de supermercados / PEXELS
Uma mulher compra num estabelecimento de uma rede de supermercados / PEXELS

-- Os produtos bio ou sustentáveis são mais caros. Está o consumidor disposto a pagar esta diferença?

--"Vamos para uma situação económica muito complicada e haverá muitos consumidores que terão que renunciar aos produtos sustentáveis, que são mais caros".

--A inflação já está a chegar ao supermercado...

--"O cabaz de compras está a subir, mas não ao ritmo da inflação. A inflação ronda os 10% e o cesto de compras subiu muito por embaixo. O consumidor tem muitas despesas à sua volta, porque o cesto de compras compete com outras categorias como a energia e o lazer".

--É o cliente agora mais exigente que há 5 anos?

--"O consumidor sempre foi exigente, mas talvez agora esteja mais informado. E por isso agora as empresas têm que ser mais transparentes e coerentes com a promessa que dão ao utilizador".

--A greve das transportadoras... Como afectou o sector?

--"Tem sido um duro golpe. As empresas tiveram que fazer uns esforços tremendos para abastecer de produtos os pontos de venda. Mas demonstrou-se, como se demonstrou na pandemia, que temos uma rede de abastecimento descomunal. Fomos um dos melhores países com melhor rácio de disponibilidade no supermercado".

Decenas de camiones durante la huelga de transportistas / QAPLA
Dezenas de camiões durante a greve das transportadoras / QAPLA

--E haverá mais escassez pela guerra na Ucrânia?

--"Haverá problemas para as empresas quanto ao acesso das matérias-primas porque a Ucrânia é um fornecedor muito importante. Por isso, estamos a trabalhar para ver que categorias podem ser afectadas e junto com o Governo estamos a procurar outras vias para dispor destas".

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