Em plena crise da mudança climática, com as temperaturas mais elevadas da história, com a electricidade pelas nuvens, apostar por uma transição energética e o autoconsumo é uma necessidade.
A demanda de placas solares "está a acelerar-se", expõe a este meio Manel Pujol, o cofundador da companhia especializada na instalação de placas solares Samara, ao que entrevistamos para conhecer quanto custam, quando se amortiza o investimento, que poupança supõe na factura da luz e outros aspectos relacionados com o autoconsumo.
--Quanto tem subido a demanda de placas solares em 2022 em Espanha?
--As previsões apontam que nos próximos três anos fá-se-ão em torno de um milhão de instalações, o que supõe multiplicar por 20 o número de instalações que se fizeram em toda a história.
--Por agora, seguimos à bicha de Europa…
--É impactante que em Alemanha tenha entre 1,5 e 2 milhões de instalações solares no sector residencial, enquanto, em Espanha, só tenhamos ao redor de 70.000. Quando em nosso país, em media, um painel gera um 50 % mais que em Alemanha. Temos que avançar neste sentido para não depender tanto dos combustíveis fósseis.
--A crise da mudança climática, a crise energética fruto da invasão russa de Ucrânia e os preços da electricidade sopram a vosso favor.
--Quanto maior é o preço da electricidade, maior é a rentabilidade de uma instalação fotovoltaica, porque com os painéis reduzes o consumo. A instalação dura-te uns 25 anos e têm uma amortização dentre 5 e 7 anos graças a umas rentabilidades de um 15-20 %. Também influi muito o desejo de atingir a independência energética e depender menos dos vaivéns da economia e dos preços da energia.
--Mas todo tem subido de preço, também as placas solares e sua instalação?
--É um mercado que tem evoluído muito e rápido; os fabricantes a cada vez são mais e melhores; a tecnologia tem melhorado muito; e estes factores fazem que o sector tenha uma previsão de que os preços vão à baixa. Ajuda o facto de que tenha mais concorrência e se encontrem novas formas de produzir estes painéis. A pressão à baixa dos preços compensa a inflação geral. Desde o início, nossa estratégia foi fazer todo o possível para que as instalações não se atrasassem por falta de material. Fizemos acopio e isso também nos ajudou a controlar um pouco os preços.
--Em que vos diferenciais de companhias como Naturgy, Holaluz, Endesa ou Iberdrola?
--A principal diferença é que nós somos uma empresa especializada em instalação solar. Não somos uma comercializadora. Nosso foco é fazer essa instalação, fazê-la bem, e não temos nenhuma atadura a um contrato posterior de comercialização. Os clientes não querem estar atados a uma comercializadora. Ademais, el sector da energia é um dos pior valorizados em Espanha. Instalar placas solares não é como comprar um carro, há gestões que há que fazer com a administração, é um projecto que tem seu intríngulis, há que pedir subvenções, há que fazer um assessoramento e um acompanhamento uma vez se fez a venda.
--Quanto custa uma instalação básica?
--É muito dependente da potência que se queira instalar. Uma instalação de 3-4 painéis oferece uma potência dentre 1,5 e 2 kilovatios, que é a potência mais baixa, custa entre os 3.000 e 4.000 euros. Há elementos que impactam o preço: a acessibilidade do tejado, o tipo de equipamento para subir, a electrónica que tens que instalar em função da instalação eléctrica da moradia.
--O autoconsumo compartilhado, em comunidades de vizinhos, ainda está muito verde…
--É uma oportunidade enorme em Espanha porque é um dos países com uma percentagem maior de moradias em edifícios de andares. Recentemente mudou a regulação, e eliminam-se as portagens de acesso e os custos de distribuição para consumo colaborativo de até um quilómetro de rádio. Se tenho em meu tejado uns painéis, e tu vives a menos de 2 km, te posso vender a electricidade sem ter que pagar despesas de distribuição e transporte.
--Hoje, os espanhóis pagam a 110 euros o megavatio hora… Quanto pagariam se tivessem placas solares em casa?
--Entre um 50-70 % de poupança na factura da luz. Primeiro componente: o que deixas de consumir, o que deixas de comprar da rede. O segundo componente de poupança é o que produzes e não consumes, e o vendes ao mercado e a comercializadora te compensa por isso com uma tarifa. Em media, 60%. Numa moradia unifamiliar, cuja principal despesa é o ar acondicionado e a bomba da piscina em verão, coincide o momento de consumo com o de produção, e a poupança é maior. As baterias estão a começar a entrar com força. E essa poupança pode chegar ao 100%. A energia acumula-se.
--Se um cidadão tem um andar de 60 metros quadrados e quer optar pelo autoconsumo de electricidade, por onde começa?
--O primeiro é falar com a comunidade. Por lei, todo o que seja visível, precisa a aprovação da comunidade. O tema da instalação de painéis nos balcones, há opções, mas nós não o tratamos, porque para uma instalação bem feita tem que existir uma boa estrutura. Um painel pesa entre 20 e 30 quilos, e não queres que se caia à rua. Procuras lugares seguros.
--Então teria que convencer a meus vizinhos sim ou sim…
--É muito comum que os vizinhos tenham o elevador, a porta da garagem, as luzes da escada e demais, as despesas do fundo de fornecimento comum da comunidade, são despesas importantes, e se fazem muitos projectos nos que se instalam alguns painéis no tejado para que essa factura comum de 600 euros ao mês passe a ser de 200, por exemplo.
--Mas a documentação é muito farragoso…
--Ocupamos-nos da gestão das permissões com o município correspondente. Não deixa de ser uma obra. Contribuir documentação com a engenharia do projecto. Uma vez finalizada a instalação, tem-se que legalizar. E finalmente procurar o tema das subvenções e as bonificaciones. Subvenções européias. Parte do serviço de assessoramento que oferecemos é: ouve, escolhe a companhia que mais te beneficia a nível aprecio. A cada um elege.
--Quanto demorará o cliente em ter as placas em funcionamento?
--Desde que assina-se o contrato até a instalação passam menos de 6 semanas. O processo de legalización que dá passo à venda de excedentes não deveria tomar muito tempo, mas, ao final, que a comercializadora te altere para a tarifa de autoconsumo depende de sua rapidez. O bom é que há um real decreto de agosto que obriga às comercializadoras a que não passem mais de dois meses até que te alteram para a tarifa de autoconsumo. Se não o fazem, te têm que compensar esses excedentes.