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Diego Galegos, chef de Sollo Restaurante: "A estrela Michelin verde mudou-me mais que a vermelha"

Entrevistamos ao prestigioso chef para falar do caviar de esturión, da tilapia e de outros manjares exóticos de rio que serve em sua casa de comidas de Málaga

Teo Camino

Diego Gallegos, chef del restaurante con estrella Michelin Sollo CEDIDA

Em Espanha há 250 restaurantes com estrela Michelin, mas só há 39 que possam presumir de ter uma estrela verde. Desde 2020, a prestigiosa guia gastronómica francesa outorga este reconhecimento àqueles estabelecimentos -já sejam Recomendados, Bib Gourmand ou Estrela- que destacam pela sustentabilidade e a gestão responsável dos recursos. Sollo Restaurante, em Fuengirola (Málaga), é um dos poucos que contam com ambas distinções.

Diego Galegos, também conhecido como o chef do caviar, aprendeu a arte da cozinha na escola de hotelaria A Cónsula e abriu seu restaurante, com vistas à baía de Fuengirola , em 2013. Sua excelência gastronómica, especialmente por platos elaborados com peixes de rio que criança numas grandes peceras, foi premiada muito cedo com a estrela Michelin e dois Sóis da Guia Repsol. Mas nada lhe mudou tanto a vida como a estrela verde que ganhou em 2021. Entrevistamo-lo para que nos explique como se autoabastece Sollo Restaurante de tais manjares.

--Tenho lido que estudou na Cónsula...

--Foram os dois melhores anos de minha vida. Acabava de deixar a carreira de Direito, pus-me a estudar cozinha e A Cónsula era como o grande restaurante da vida no que tocávamos produtos que não tenho visto em estabelecimentos de postín…

--Somos o que comemos?

--Ao 100%. Ao final, todo se transmite através de tuas vivências, do que comes e de teu meio. Eu sê cozinhar toda a parte de pescado de rio porque culturalmente cresci comendo pescado de rio em Brasil e me resulta fácil entender a mistura de sabores, os aliños, etcétera. Uma alimentação sã, na que controlas o que comes, se reflete no corpo e na mente.

--Que sabores da cozinha tradicional andaluza se sente mais orgulhoso de ter reinventado?

--Principalmente, os platos típicos da zona de Málaga. Trabalhamos com um historiador gastronómico, Fernando Roda, que nos ajuda a recuperar receitas como a de uns callos de bacalhau de faz muitíssimos anos que adaptamos aos callos de esturión.

Um plato de esturión, foie e creme de tubérculos de Sollo Restaurante

--Por isso lhe chamam o chef do caviar?

--Começou como um episódio. Levava anos trabalhando com caviar de rio e começamos a fazer provas com o esturión. Fiz uma morcilla de carne de esturión e um crítico gastronómico ficou flipado. E decidimos apostar pelo esturión e outros peixes de rio pouco conhecidos em Espanha.

--Melhor um chuletón em seu ponto ou um bom lombo de tilapia em ceviche quente?

--Ambos platos podem ser extraordinários. Se comes chuletón a cada dia, te hartarás. Trata-se de procurar uma dieta equilibrada e de surpreender ao paladar.

O lombo de tilapia em ceviche quente

--Algum de seus comensales ter-se-á surpreendido ao se encontrar esses peixes de rio na mesa...

--Por sorte, a cada vez menos… Porque a gente, dantes de vir ao restaurante, pesquisa muito. Graças à estrela verde, os clientes vêm com a mente aberta e dispostos a provar coisas novas. Ainda há algum despistado que vem e ao princípio está reacio, mas fazemos comida muito rica e acabam seduzidos pela riqueza de sabores.

--Como lhe mudou a estrela Michelin?

--A estrela Michelin vermelha foi uma loucura: o número de comensales aumentou para perto de um 70%. Desde que tens uma estrela, deixas de investir em publicidade porque a própria guia brinda-te os comensales. Sollo enche-se todo o ano.

Trucha ecológica, consomé de presunto ibério e alho asado

--E a verde?

--A verde tem sido um grande salto. Foi uma mudança brutal porque somos o único da zona com uma estrela Michelin verde e a muitos clientes seduze-lhes este conceito. Já não tentamos nos parecer aos demais restaurantes, sina que somos um luxo ao redor do pescado de rio. Com a estrela verde, deixamos de pôr manteles e cuberterías deslumbrantes para centrar no produto e subir bastante o preço. Tem sido um salto qualitativo incrível.

Macarón de barbo

--Então, diria que lhe mudou mais a verde que a vermelha?

--Sim, complementou-me mais. Seguimos dando um luxo bastante alto, ainda que sem estar nos cánones da Guia Michelin, que também valoriza nossa aposta pela sustentabilidade e a economia circular.

–A Sollo há que ir com a carteira cheia, não?

--Por ser um restaurante com estrela Michelin, também não é tão caro. O menu degustación, sem extras, custa 150 euros, mas a gente sempre pede um maridaje ou mais copas de caviar e se vai aos 250-270 euros.

A sala de Sollo Restaurante

--Só tem seis mesas para 14 comensales… Por que tão poucos clientes?

--Somos autosuficientes num 90%. Só compramos farinha, ovos e leite. Todo o que fazemos o cultivamos. Na sala poderia ter 30 comensales, mas não tenho capacidade de produção. Não temos mais produto e só fazemos serviço de noite.

Diego Galegos junto às peceras que tem em seu restaurante, de onde extrai os peixes que serve no menu degustación

--Por que qualquer deveria provar Sollo Restaurante?

--Porque é algo diferente. Nosso menu está pensado para que venhas só uma vez por temporada. Vêem, prova-o e viverás uma experiência que nenhum outro restaurante te pode proporcionar.

--Um conselho para dantes de ir...

--Vêem sem medo. Fazemos platos diferentes, mas tudo está muito rico. Sirvo o mesmo que quero que comam minhas filhas.

Tacos de alga e carpa

--Por que Sollo é diferente?

--Quando vais a restaurantes de categoria, sacam um plato, e outro, e te contam alguns detalhes e curiosidades. É como quando estás a ver a tv e fazes zapping. Nós, como Ángel León em Aponiente , te contamos um filme de princípio a fim. A história completa.