Desde junho é o novo responsável para Espanha e Portugal de todo o negócio de mobilidade para Samsung. Trata-se de David Alonso. Leva na companhia tecnológica desde 2009. Conhece bem a casa surcoreana e os produtos da mesma.
Sobre o consumo nestes tempos de pandemia e conflitos bélicos, Alonso mostra-se prudente.
--Por que não se apresentou um móvel novo no Mobile?
--"Apresentamo-lo em fevereiro. Fizemos um evento específico para apresentar o telefone Galaxy S22. A companhia considerou que era um melhor momento. Assim, ao amparo do Mobile neste ano temos apresentado nossa nova faixa de portáteis . Trata-se de um negócio novo que o tivemos no passado e que deixamos de comercializar em 2014, mas agora voltamos".
--Por que agora?
--"Em nosso ecossistema faltava-nos uma peça: os portáteis. Temos aprendido bastante e o mercado da mobilidade tem evoluído muito neste tempo. Acho que agora estamos numa posição muito boa e interessante para o consumidor para complementar esta faixa de valor".
--Notou-se um bico de demanda destes produtos?
--"A pandemia tem mudado como usamos as coisas. Incrementou-se o uso da telefonia móvel, tem tido um redescubrimiento das tabletas pelo teletrabalho e também ao passar os estudantes mais tempo em casa. Viu-se um incremento do uso e uma forma diferente de usar os dispositivos".
--Como sofre Samsung a crise dos chips?
--"A crise dos semiconductores afecta a todas as indústrias porque é uma crise global. A indústria, fabricante ou empresa que diga que não lhe afecta não é verdade. E a Samsung também. Estamos a tentar fazer que o impacto seja o menor possível para nossos utentes. Tentado que nossos produtos estejam o mais rápido possível em suas mãos. É possível que os dispositivos novos se vejam afectados ou qualquer produto. Até que ponto não o sabemos, depende muito dos fornecedores".
--E como afecta à companhia o ataque de Rússia a Ucrânia?
--"Ainda é cedo para poder o avaliar. A situação é preocupante, mas é cedo para saber qual é o alcance".
--Qual é o produto estrela da assinatura?
--"O que estamos a trabalhar agora é o conceito de ecossistema para adaptar às necessidades do consumidor. O tudo num não existe. Há diferentes casos de uso e na cada circunstância utilizamos um dispositivo. Mas sim, o móvel é o produto mais vendido a nível global acima das tabletas. O utente está a ir a dispositivos de alto valor para ele, que faça a cada vez mais coisas. O mercado de dispositivos acima de 600 euros está a crescer em Espanha, incluindo no ano da pandemia.
--Como tem sido o consumo com a pandemia?
--"Ao princípio da pandemia teve uma diminuição do consumo, mas a análise que fazemos é que, mais que pela crise, foi porque tinha menos acessibilidade ao fechar vários pontos de venda. Ao abrir outra vez teve um repunte do consumo, sobretudo pelas novas necessidades, como o teletrabalho. Essa demanda manteve-se com o tempo e também de dispositivos de alta faixa. O utente percebe mais valor e prefere investir mais num dispositivo que lhe vai contribuir mais, isso sim esticando o tempo de vida, mais que ir a por algo mais barato com menos potência e memória".
--Funcionam bem as vendas dos móveis com ecrãs flexíveis?
--"Surpreendeu-nos gratamente. Estamos na terceira geração de produtos com ecrãs flexíveis e as vendas têm superado nossas expectativas. Tínhamos uns objectivos ambiciosos, mas a aceitação por parte do mercado, sobretudo espanhol, tem sido abrumadora. O modelo Flip vendeu-se mais, isso sim. É um dispositivo mais orientado a gente que procura portabilidade, desenho e um cliente jovem. E também é verdade que é um dispositivo mais acessível e mais aceitado. Ademais, por enquanto, não vemos uma carreira neste sentido. Mais de 95% dos dispositivos plegables que se venderam em Espanha deste tipo são de Samsung".
--Veremos mais produtos deste tipo neste ano?
--"Nossa aposta por este tipo de ecrãs é total e vê-lo-emos pouco a pouco em outros dispositivos para além dos móveis, sempre que contribua valor ao consumidor final".
--Qual vai ser o papel de Samsung no metaverso?
--"É uma realidade incipiente. Está aí e nós estamos agora provendo de tecnologias habilitadoras deste metaverso como é o 5G. Os grandes gurús apostam por isso e todos estamos à expectativa de como evolui".
--As expectativas da empresa para este 2022…
--"À medida que há menos restrições, o consumo está-se normalizando. Mas prefiro ser cauto. Oxalá isto vá a melhor e a uma situação mais normal. Mas somos optimistas quanto à demanda prevista para este 2022".