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Cristina Tomás (Violife): "García Baquero agora faz queijo vegan, mas nós há 30 anos que o fazemos"
Entrevistámos a diretora de marketing da multinacional 'veggie' que lidera o setor das alternativas livres de laticínios e está presente cada vez em mais supermercados
Pode-se-lhe chamar queijo a um queijo sem leite feito à base de plantas? Legalmente, não. Mas, para além de apresentações e qualificativos que não levam a nenhuma parte, as alternativas vegans ao queijo são uma realidade que ganhou um lugar nos lineares dos supermercados. De facto, inclusive as empresas mais tradicionais, como a García Baquero (VeganFeel) ou Babybel, juntam-se agora à tendência plant-based com opções 100% vegetais. Por este motivo, da Violife reivindicam que levam 30 anos no desenvolvimento e produção de produtos vegans.
Cristina Tomás, diretora de marketing em Espanha desta empresa nascida na Salónica (Grécia) no início dos anos 90 que faz parte do conglomerado Upfield, atendeu à Consumidor Global para falar sobre as tendências do setor, as novidades da Violife e o que comeremos em 2050.
--Quais são as supervendas da Violife?
--"As fatias sabor original tipo gouda (3,19 euros), que são o nosso produto estrela, e o ralado com sabor a mozzarella (2,95 euros). Também temos umas fatias de semicurado (3,80 euros) para o mercado espanhol que se vendem muito bem".
--As principais marcas de queijo tradicional lançaram opções vegan, o que vos diferencia delas?
--"O que diferencia a Violife é que a nossa marca é 100% vegan. O que mais valorizam os nossos clientes é a autenticidade e a sustentabilidade da nossa empresa. As nossas alternativas vegans ao queijo emitem menos de 50% de CO₂ que um queijo animal. Babybel ou García Baquero com Vegan Feel viram agora uma oportunidade de negócio para somar à onda, mas nós estamos desde o início e levamos 30 anos a fazer o mesmo. As nossas alternativas ao queijo comercializam-se há 10 anos em Espanha".
--Em que aspectos podem melhorar os queijos vegans?
--"O desafio principal é o mesmo que o da indústria láctea: o packaging. Reduzir a utilização de plástico e optar por embalagens de materiais mais sustentáveis é o nosso grande desafio".
--E a nível nutricional?
--"A nível nutricional há sempre margem de melhoria. Nos nossos produtos, o tema do sal pode-se melhorar (alguns têm 2 gramas por cada 100). Estamos nisso".
--Tudo aumenta… Seus produtos também vão ficar assim?
--"Tivemos um aumento de custos brutal com o óleo de coco, o de girassol e o de nabina (colza). Também com o plástico e o transporte. Tudo isto nos obriga a subir preços. Veremos como o repercutimos no preço final".
--Falta-vos óleo de girassol?
--"Até agora não temos problemas de abastecimento".
--Onde se podem comprar os produtos da Violife?
--"Estamos no Alcampo, Carrefour, El Corte Inglés, Eroski, Bon Preu… E desde a semana passada no Aldi".
--Vão lançar alguma novidade em 2022?
"A ideia é continuar a ampliar o nosso catálogo para além dos queijos e manteigas (2,69 euros), às quais chamamos vioblock. Além do semicurado, acabamos de lançar umas fatias de peru (2,69 euros). A base de nossos produtos é o óleo de coco, e com a mistura aperfeiçoa-se a receita e conseguimos uma gama muito ampla: tipo feta, cremoso, fatias, ralado…".
--No futuro comeremos mais queijos vegetais que tradicionais?
--"Acho improvável, ainda que a quota de mercado das alternativas ao queijo não deixe de crescer. Em Espanha é de 0,1%, mas nos Estados Unidos, por exemplo, situa-se nos 2%. É um processo lento, mas o fenómeno plant-based é imparável".
--Em que ponto se encontra a revolução plant-based?
--"Os vegans, vegetarianos e flexitarianos já são 13% da população espanhola. Os queijos vegans duplicam o valor de sua categoria a cada ano. É como uma mancha de azeite que, impulsionada pelo público jovem, se estendeu dos vegans das grandes cidades e agora chega a todo o tipo de consumidores, inclusive às zonas rurais. As pessoas cada vez estão mais informada, entendem as alternativas do mercado e abrem-se a provar coisas novas".
--Quem tem impulsionado mais esta mudança?
--"A oferta veggie melhorou de forma substancial e as grandes redes têm ajudado muito, mas também as grandes superfícies. Alcampo, Carrefour, Lidl e Aldi têm democratizado os produtos plant-based. Também a Mercadona, nalgumas categorias. Têm feito desta revolução uma alternativa muito mainstream".
--Que comeremos em 2050?
--"Tudo o que é de origem animal terá a sua alternativa vegetal. A proteína dos insetos é o futuro e também disparar-se-á. Comeremos hambúrgueres de insetos. O modelo atual é insustentável".
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