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Cosmic: "Qualquer pode fazer coisas muito interessantes em TikTok e chegar a milhões de pessoas"

Carlos García, director em Espanha da empresa dedicada à produção de vídeos curtos em vertical, revela algumas chaves actuais e futuras da rede social chinesa

Ana Siles

Carlos García director en España de Cosmic COSMIC

Acabas a jornada de trabalho. Chegas a casa e começa teu tempo livre. Apanhas o móvel, entras em TikTok e começas a ver vídeos. "10 minutos e me ducho", pensas. Uma hora e meia depois segues adiante do ecrã consumindo vídeos de gatos ou do que seja que gostes. É evidente que as redes sociais fazem parte da rotina diária. Por motivos profissionais ou pessoais. Não importa. De uma forma ou outra, a maioria de pessoas estão vinculadas a elas.

Há uma clara tendência: os vídeos em vertical. Melhor se são curtos. Que têm para enganchar tanto ao utente? Difícil resposta a esta pergunta. Consumidor Global tem tido a oportunidade de entrevistar a Carlos García, director de Cosmic em Espanha. Uma empresa que se consolidou como o primeiro partner criativo de TikTok . Com ele, temos podido charlar sobre a rede social e seu funcionamento, entre outros temas.

--Que é Cosmic?

--Somos especialistas em vídeo curto vertical. Trabalhamos nas diferentes plataformas que estão a fomentar este formato. Em Instagram a parte de reels , Snapchat, YouTube Shorts e sobretudo trabalhamos com TikTok. Somos o primeiro partner criativo de TikTok em Europa.

--Entendo que tudo isto nasce porque detectam que algo está a mudar.

--Justo. Eliana Salvi, a CEO de Cosmic, é a primeira pessoa que tem começado a trabalhar em TikTok em Itália. É uma plataforma muito diferente ao resto. Há que fazer conteúdo supernativo, ad hoc. Nós ajudamos aos anunciantes a adaptar sua comunicação aos códigos das diferentes plataformas sociais.

--Que são as redes sociais para os utentes?

--Pois a cada vez são mais importantes. A cada vez passa mais tempo nas plataformas sociais. E por suposto também é mais importante para as marcas. Ao final, se queres ligar com a gente, tens que comunicar nessa linguagem que as pessoas utilizam.

Um móvel com o aplicativo de TikTok / UNSPLASH

--E no caso de TikTok?

--Não se compara tanto com as redes sociais, sina com as plataformas de entretenimento. Ou seja, vê-se mais como Netflix, por exemplo. Em TikTok és entretenimento. Não podes contar teu filme ou vender teu livro sem entretener. Pode-se fazer com humor, conteúdo divertido, noticiário ou inspirador.

--Por que apostam pelo vídeo curto vertical?

-- Pois é um pouco para onde vai tudo, com TikTok à cabeça. Ao final todas as plataformas estão a tentar seguir o formato. Instagram está a dar mais importância aos reels. Por suposto, o vídeo horizontal segue tendo tirón mas Youtube está a meter muita cana aos shorts e isto é pela tendência que está a marcar TikTok.

--A rede social chinesa está assentada ou segue sendo um mundo selvagem no que todo o vale?

--A cada vez está mais assentada mas ainda fica muito por percorrer. Depende também do mercado. Sabemos que há muitíssima diferença entre o conteúdo que se gera num mercado e outro e em como se consome a plataforma. Mas é verdade que vai sendo um pouco mais madura. Mesmo assim há pontos que são totalmente incomprensibles. É muito difícil entender como funciona o algoritmo. Sim que sabemos que é o que quer a gente, o que gosta e o que a plataforma está a premiar.

Três jovens que olham as redes sociais / FREEPIK

--Quais são as tendências em TikTok?

--Eu diria que é a plataforma que mais rápido se move. Há que estar super ao dia porque sina ficas fora. Há tendências que vão e vêm súper rápido e depois há outras que começaram como tendências e se ficaram como linguagem nativa da plataforma. Por exemplo, é o caso do ASMR [Resposta Sensorial Meridiana Autónoma, ou sons relajantes]. É importante ser capaz de gerar conteúdo de qualidade e publicá-lo a tempo dantes de que se te passe a tendência.

--Triunfam mais os perfis com milhões de seguidores ou aqueles com cifras mais pequenas?

--A comunidade é importante. Se tens 20 milhões de seguidores é porque o que fazes gosta e isso é evidente. Mas em TikTok não é tão relevante como em outras plataformas. É algo totalmente disruptivo. Se a ti te perguntam faz cinco anos se queres ver conteúdo de teus amigos ou conteúdo de desconhecidos, tivesses elegido o de teus amigos. TikTok rompeu com isto. Ensina-te conteúdos relacionados com a gente à que segues mas sobretudo os que o algoritmo pensa que te podem gostar. Não é tão importante trabalhar com gente que tenha grandes comunidades como o é o fazer conteúdo relevante, de qualidade e bem feito.

Uma jovem cria um vídeo para TikTok onde mostra um truque que se faz viral / EP

--Que se considera um bom conteúdo?

--É difícil de definir. É diferente se és uma marca ou um utente. Há duas coisas que são fundamentais: criatividade e espontaneidad. Há muitas formas de fazê-lo seguindo tendências. A longitude do vídeo também é difícil de definir. A média que estipula TikTok é em torno dos 20 segundos mas há muitíssimos vídeos de 5, 6 ou 7 segundos que o revientan. Também os há de três minutos e triunfam.

--As redes converteram-se num complemento para trabalhos fixos como advogados, psicólogos e nutricionistas.

--As redes sociais converteram-se num lugar no que se falam de um montão de temas diferentes e isso faz que chegues a muitíssima gente. Dantes, um despacho de advogados anunciava-se em imprensa ou em rádio. Agora o fazem pelas redes sociais. São um escaparate súper amplo que te permitem bem mais que pôr um anúncio de 80 palavras. Podes chegar a ligar realmente com teus consumidores.

--Acha que seguirá estando todo focado ao mundo audiovisual?

--Eu acho que num futuro a curto ou médio prazo este formato vai seguir crescendo. Já não faz falta ser um criador de conteúdo brutal ou saber editar vídeos de uma forma super vistosa. Qualquer sobe contido às redes sociais ou às plataformas. A cada vez é mais fácil gerar conteúdo e editá-lo. Através do smartphone, podem-se fazer coisas muito interessantes e chegar a milhares ou milhões de pessoas. Há muito percurso. Nos próximos anos isto vai seguir crescendo em plataformas como TikTok ou as que vingam.