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Cool Vega: "Ninguém compra um gazpacho que não goste, ainda que seja de Belém Esteban ou Cristiano"

Entrevistamos a Antonio Molina, o director da empresa de alimentação que elabora as sopas frias de Sabores da Esteban e da maioria de correntes de distribuição espanholas

Teo Camino

Antonio Molina, director ejecutivo de Cool Vega, y Belén Esteban, huelen tomates CV

Em 1990, era impossível encontrar um gazpacho refrigerado nos lineares dos supermercados. Um ano depois, Alvalle começou a comercializar o primeiro. Três décadas mais tarde, em Espanha comercializam-se mais de 50 gazpachos diferentes. Mercadona, Carrefour, Lidl e todas as grandes correntes de distribuição têm mais de um de marca branca. Até a chef com estrela Michelin Pepa Muñoz ou o influencer Carlos Rios têm sacado seus gazpachos. Mas nenhum tem irrompido com tanta força no mercado como o de Belém Esteban.

Em tão só um ano, o gazpacho de Sabores da Esteban "tem atingido um 10 % de quota de mercado e é a terceira marca de fabricante mais vendida de Espanha", expõe a Consumidor Global o director da empresa de alimentação Cool Vega --que elabora as sopas frias da Esteban--, Antonio Molina, ao que entrevistamos para conhecer os entresijos de um sector que se encontra em plena revolução e factura mais de 200 milhões de euros ao ano.

--Em 2021, consumiram-se mais de 100 milhões de litros de gazpacho em Espanha, por que está tão de moda?

--O consumo de gazpacho concentra-se na Comunidade de Madri (19 %) e em Andaluzia (18 %). Também se vende muito em Cataluña (17 %) e na Comunidade Valenciana (12 %), mas o motor de crescimento do sector gazpachero é a Comunidade de Madri. Por que está tão de moda? Porque vende-se no supermercado que tens embaixo de casa; porque há muitos consumidores em Madri que vêm de Andaluzia, onde é uma comida tradicional; porque a gente a cada vez tem menos tempo de cozinhar, mas elegem opções e receitas saudáveis.

--O 80 % dos espanhóis consomem-no durante os meses a mais calor, não se vende gazpacho em inverno?

--O gazpacho, como os gelados ou os turrones, se enmarca num hábito de consumo muito estacional, muito unido à temperatura. Entre um 75 e um 80 % consome-se em verão, mas tende, pouco a pouco, a desestacionalizarse. É verdadeiro que com o frio apetece um caldito ou uma sopa quente, mas, em dezembro, em Múrcia estamos a 18 graus. Igual apetece o gazpacho…

--Agora os turrones lhe roubam todo o protagonismo ao gazpacho nos lineares…

--É assim. Mas, igual que Häggen-Dazs provocou a mudança de vender gelados para além do verão, com o gazpacho sucede o mesmo. Quando uma empresa lança um produto novo, como fez Alvalle nos anos 90, se produz uma mudança: desde então o desenvolvimento tecnológico tem sido espantoso. O gazpacho que se fazia nos 90 não tem nada que ver com o actual. O de agora é como o de casa. Está muito bom, é são e vendem-se a um preço económico.

--Até faz pouco, García Carrión (Dom Simón) e Alvalle eram os reis do sector, como tem mudado a situação?

--Sabores da Esteban converteu-se na terceira marca de fabricante de Espanha. Em garrafa de plástico, é a segunda mais vendida. Em tão só um ano, tem atingido um 10 % de quota de mercado.

--A irrupción do gazpacho de Sabores da Esteban tem provocado uma queda de vendas de Alvalle?

--Não acho que tenham descido suas vendas. O que tem feito Cool Vega é se combinar com um nicho de mercado que não estava explodido. O que tem conseguido o gazpacho Sabores da Esteban é fazer com o crescimento de dois dígitos que se produz, ano após ano, no sector. Se em 2021 teve tantos novos consumidores de gazpacho em Espanha é graças ao de Sabores da Esteban. E têm seguido comprando.

--Que parte de culpa tem Belém Esteban?

--A primeira venda, sem dúvida, fá-la Belém Esteban com sua faceta de empresária. A gente quer provar o que tem feito. A segunda, terceira e as sucessivas vendas são atribuible ao produto. Ninguém compra um produto que não goste, ainda que seja de Belém Esteban ou de Cristiano Ronaldo. A primeira venda é a mais difícil, mas a última é a mais importante, porque as empresas crescem com a última garrafa que têm vindo. A qualidade do produto é chave.

--Qual é o gazpacho mais vendido de Sabores da Esteban?

--O mais vendido é o gazpacho fresco (65 %), seguido do salmorejo e o de kumato , que se vendem igual.

--A Cool Vega tocou-lhe a loteria com a Esteban?

--Não, tem sido mais um Win-win. Temos tido sorte e estamos orgulhosos da confiança que tem depositado em nós, mas Cool Vega também é o maior produtor de gazpachos de marca branca de Espanha.

--Como vos mudou a vida Sabores da Esteban?

--A repercussão mediática tem sido brutal. Ajudou-nos muitíssimo no reconhecimento de empresa e tem feito que muitas companhias se tenham fixado em nós. Têm visto o que éramos e não tínhamos tido oportunidade de demonstrar: uma empresa experiente na produção de gazpachos que controla desde que se planta a semente do tomate até que o produto chega fresco ao linear.

--O verão de 2021 tivestes que ampliar pessoal…

--Efectivamente. Sucede todas as campanhas, mas em 2021 tivemos que aumentar o pessoal de planta e de escritório para enfrentar a brutal demanda do gazpacho Sabores da Esteban.

--Por que não estão disponíveis agora em Alcampo, Carrefour ou O Corte Inglês?

--Até que não tenha uma demanda que justifique sua presença todo o ano, os gazpachos de Sabores da Esteban estão nos supermercados desde a segunda quincena de abril até setembro-outubro. Temos optado por esta estratégia para que tenham as melhores qualidades. Rege-o a temperatura. Se o próximo outubro voltamos a estar a 40 graus, estará nos súpers.

--A mudança climática dispara o consumo de gazpacho?

--Mais que a mudança climática, o aumento das temperaturas. A mudança climática tem coisas muito negativas porque faz que as produções agrícolas sejam menores, o que faz que suba o preço da matéria prima. Se produz-se um 25 % menos de azeites , o preço aumenta e o custo da garrafa de gazpacho também subirá.

--Em 2022, uma garrafa de Sabores da Esteban custava 2,99, quanto custará no próximo mês de abril?

--Em abril, temos o compromisso, Sabores da Esteban e Cool Vega, de pôr nosso granito de areia para que a inflação não siga crescendo e dar a nossos clientes o melhor produto ao melhor preço. Ainda não está fixado o preço, fá-lo-emos a princípios de ano, mas nossa vontade é ganhar eficiência para pôr o produto no linear nas mesmas condições.

--Os cremes de calabacín, calabaza e verduras da Esteban, que saíram faz um ano, também têm desaparecido dos supermercados…

--Essas referências não se comercializaram neste ano porque queríamos ter um critério à hora das produções. A dia de hoje, não há produtos tão saudáveis como o gazpacho e o salmorejo.

--Voltarão?

--Não nos fechamos nenhuma porta, mas o consumo é muito residual. O sector dos cremes representa um 1 % em comparação com os 100 milhões de litros de gazpacho que se vendem a cada ano em Espanha.