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Check Point: "Com esta tecnologia evitarás que te roubem as senhas com inteligência artificial"

Entrevistamos a Mario García, director geral para Espanha e Portugal desta empresa de ciberseguridad que oferece soluções ante as novas ameaças da rede

Teo Camino

Mario García, director general de Check Point Software para España y Portugal CEDIDA

Dizem que a inteligência artificial (IA) libertará às pessoas de tarefas pesadas e repetitivas, que é um dos grandes avanços da tecnologia na última década, e que é o futuro. Inclusive atrevem-se com hipótese do tipo: "em 2030 a contribuição da IA à economia mundial será de 15,7 biliões de dólares". Mas também há experientes que alertam sobre seus perigos. "Se tivesse que adivinhar qual é a maior ameaça para nossa existência, provavelmente seja a inteligência artificial", assegurou o fundador de Tesla e proprietário de X, Elon Musk. O astrofísico Stephen Hawking inclusive foi para além em 2014: "O desenvolvimento completo da IA poderia significar o fim da raça humana".

Para conhecer ao detalhe as novas ameaças que apresenta o desenvolvimento da inteligência artificial, e como as prevenir, Consumidor Global entrevista ao director geral para Espanha e Portugal da empresa de ciberseguridad Check Point, Mario García.

-Devemos considerar a inteligência artificial como algo perigoso?

-A Inteligência Artificial tem uma dupla cara. Conquanto ajuda a automatizar tarefas e optimizar custos, a chegada desta tecnologia também permite levar a cabo campanhas de phishing mais elaboradas, o que tem derivado num aumento de ciberdelincuentes . De facto, nossos pesquisadores têm detectado um crescimento de 38% no número total de ciberataques a nível global, se comparamo-lo com o dado do ano passado.

Um ciberdelincuente / PIXABAY

-Diziam que a IA faria a vida dos humanos mais fácil…

-Ainda que está concebida para fazer a vida mais fácil aos utentes, também possibilita a criação de ciberataques mais sofisticados. Para plantar cara a estas ameaças, a ferramenta mais efectiva é a ciberseguridad, que está totalmente preparada para detectar ameaças. Os algoritmos de aprendizagem automática serão capazes de analisar volumes de dados em procura de padrões e anomalías para antecipar os ataques dantes de que se produzam. Esta é a melhor maneira de evitar potenciais brechas. Automatizar tarefas é uma de suas grandes vantagens, mas também existe a possibilidade de tomar decisões erróneas.

-Quais são os ciberataques mais comuns?

-O mais estendido é o phishing. Nossos pesquisadores têm detectado recentemente quase 34.000 ciberataques por correio electrónico nos que os ciberdelincuentes se fazem passar por marcas com o objectivo de roubar os dados das vítimas. Recreiam mensagens praticamente idênticas aos das comunicações originais, o que complica sua detecção.

-Então, os perigos da IA são uma realidade…

-Assim o revelaram pesquisadores da Universidade de Cornell de Estados Unidos, que têm treinado uma IA para que possa roubar senhas. E para conseguí-lo só precisa escutar como digita uma pessoa. Ademais, sua efectividade é alarmante, já que supera o 95%.

-Em que consiste o método para roubar senhas com IA?

-O método para hurtar uma senha é extremamente singelo: basta com deixar um móvel para perto de um computador para que a inteligência artificial grave todo o que se digita. E isto inclui tanto senhas como contas bancárias. Isto é, põe em xeque dados pessoais e informação muito valiosa.

Uma pessoa revisa sua conta bancária / PEXELS

-Como podemos evitar que nos hackeen o microfone do computador?

-É complicado evitá-lo ao 100% porque a IA é a cada vez mais precisa. O mais aconselhável é actualizar os dispositivos à última versão, revisar a privacidade do sistema operativo, evitar descargas de fontes pouco fiáveis e desconfiar de aplicativos desconhecidos. Nenhuma destas medidas é infalible, mas nunca está a mais vigiar a higiene em matéria de ciberseguridad e prestar atenção às ameaças on-line para assegurar nossos dados.

-É o final das senhas tal e como as conhecemos?

-Para enfrentar este problema, as senhas estão a ficar-se atrás. E é que a evolução da IA propõe oportunidades e desafios na forma em que gerimos nossa informação. Desde Check Point Software, entendemos que é importante adoptar um enfoque de ciberseguridad que combine métodos de autenticação para velar pela segurança dos utentes.

-O reconhecimento mediante impressões, vozes e rostos da biometría podem ser a solução?

-A biometría representa um tipo de tecnologia que reconhece às pessoas pelo que são, e não pelo que têm. É uma das maneiras mais efectivas de autenticar de uma maneira segura e de melhorar a experiência dos utentes, que já podem esquecer das chaves mais tradicionais. As impressões, vozes e rostos são inconfundíveis. A cada pessoa tem a sua. São características únicas e irreplicables.

Uma garota submete-se a um reconhecimento facial no que se recopilam seus dados / FREEPIK

-Num mundo a cada vez mais digital e conectado, como considera que a biometría pode ajudar a melhorar a segurança em diferentes âmbitos, como a banca ou as compras on-line?

-A biometría pode jogar um papel crucial para optimizar a segurança e a experiência dos utentes, especialmente em aspectos como as compras on-line ou na indústria bancária. Esta tecnologia pode resultar adequada para identificar e reconhecer utentes de uma maneira ágil e segura para proteger em frente à fraude. Isto também pode ajudar a nos proteger quando tratamos de comprar através de internet, mas não só isso. Podem desfrutar de uma experiência de compra óptima ao autenticar-se sem atrito, onde a biometría permite autenticar suas operações on-line rapidamente através de suas características únicas, eliminando a necessidade de introduzir chaves.

-Prevenir é melhor que curar?

-É mais necessário que nunca promover práticas de ciberseguridad sólidas e concienciar sobre o aumento das ameaças. É verdadeiro que fica um longo caminho por diante, mas é importantíssimo ter isto em mente para adiantar às ameaças e velar pela segurança.