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N. Berbessou (Back Market): "Que Apple venda móveis reacondicionados demonstra que tínhamos razão"
O director geral do marketplace em Espanha fala dos dispositivos mais vendidos e de por que têm uns preços mais baixos que MediaMarkt, entre outras temáticas
Para fabricar um móvel de 200 gramas de importância requer-se da extracção a mais de 100 kilogramos de matérias primas --alumínio, cobre, cobalto, tungsteno, prata, ouro, paladio, arsénico, zinco, chumbo, cadmio ou mercurio, entre outros-- e se emitem 55 kg de CO₂ à atmosfera. A bateria de um smartphone sempre dura menos do que gostaríamos, mas pode contaminar até 600.000 de litros de água. Por isso, ao comprar um móvel reacondicionado, lhes poupas a teus filhos esta imborrable impressão meio ambiental e a teu bolso uma boa soma de dinheiro.
No que a móveis reacondicionados --aqueles que se submetem a um processo de revisão, reparo e passam exames de qualidade-- se refere, Back Market é uma das lojas on-line mais populares por preço, variedade e confiabilidade. Entrevistamos a seu director geral em Espanha, Nathanaël Berbessou, para falar dos dispositivos mais vendidos, da concorrência e de por que o facto de que Apple e Samsung vendam seus próprios reacondicionados demonstra que se trata de uma categoria em pleno auge.
--Que prioriza o consumidor que compra em Back Market?
--O preço, que é mais baixo que em MediaMarkt , por exemplo, porque temos um modelo de marketplace no que cada dispositivo tem vários vendedores. Em segundo lugar, os consumidores priorizan a profundidade de catálogo: ninguém tem tantos produtos como nós. Vendemos desde smartphones até patinetes eléctricos e lavadoras. E, por último, está o facto de que oferecemos dois anos de garantia em todos nossos reacondicionados, enquanto alguns competidores só oferecem um ano, que é ao que obriga a lei.
--Em Espanha tendes 3.269 móveis reacondicionados em venda…
--Sim. Cada modelo tem diferentes combinações: mais ou menos memória interna, cores, etcétera. Também temos três estados: bom, muito bom e excelente.
--Quais são os modelos mais vendidos?
--Agora mesmo o iPhone 11 (entre 370 e 460 euros), mas o iPhone 12 (entre 455 e 740 euros) está a subir. O que mais vendemos costuma ser o de faz 2 anos com respeito ao último lançamento --acaba de sair o 14--. E as vendas do iPhone 10 (ao redor de 250 euros) ainda aguentam.
--Nenhum móvel de Samsung ou Xiaomi faz-lhe a concorrência a Apple em Back Market?
--Vendemos também o Samsung Galaxy, mas muito menos que Apple. A relação seria: oito iPhone por cada Samsung.
--Apple ou Samsung também vendem directamente seus próprios reacondicionados… Como vos afecta?
--Afecta-nos positivamente porque demonstra que estes produtos se podem reacondicionar e lhes dar mais de um uso. Se o próprio Apple vende reacondicionados, demonstra que é factível e seguro, e que tínhamos razão faz oito anos. Ainda que também o fazem empurrados por empresas como nós, por um marco legislativo que está a mudar e pelas necessidades de seus próprios clientes, que não entendem que uma marca não aposte pela sustentabilidade.
--Em que se diferencia vossa oferta de reacondicionados da de PcComponentes ou MediaMarkt?
--Eles costumam ter pouco reacondicionado, vendem sobretudo móveis novos. Ademais, o reacondicionado que vendem não é um reacondicionado, são devoluções: produtos que voltam a loja porque o cliente não os quer. Não têm passado por um processo de reacondicionado.
--Seriam, em realidade, móveis de segunda mão, mas sem uso?
--Sim, mas teria que lhes perguntar a eles.
--Se a concorrência afecta-vos de maneira tão positiva, a que ritmo cresceis?
--Não comunicamos taxas de crescimento, mas a crise do Covid tem acelerado nossa expansão e 2021 tem sido um ano estupendo. Mais especificamente, Espanha é nosso terceiro mercado só por trás de França e Estados Unidos. O consumidor espanhol quer aceder a Apple, mas um iPhone 14 custa mais de 1.000 euros. Nossos iPhone reacondicionados custam a metade.
--Todo tem subido de preço, também os reacondicionados?
--Tem subido um pouco, mas, sobretudo, pela mudança eurodólar, já que muitos dispositivos que se vendem em Europa provem/provêm de Estados Unidos. A inflação, em mudança, não influi tanto porque não voltamos a fabricar um produto. O custo da matéria prima, a inflação, não afectam ao mercado dos reacondicionados. E, ao mesmo tempo, cresce a diferença entre o dispositivo novo e o reacondicionado.
--Os reacondicionados são o futuro?
--É só o início deste novo modelo de consumo circular. Ainda vivemos num mundo muito linear: comprar algo novo cada vez. Hoje em dia, o reacondicionado representa só um 4 % da venda global de dispositivos electrónicos. No mercado de carros , por exemplo, os usados representam um 70 % das vendas totais. Por que não chegar, algum dia, a esta cifra com os produtos electrónicos?
--Tenho feito uma breve encuesta e muitos adultos de média idade não vos conhecem, mas sim a maioria de adolescentes… Qual é vosso público objectivo?
--Tua breve análise de mercado é perfeito porque reflete nossa realidade. Como sempre, os jovens nos ensinam o caminho e representam o grosso de nossos clientes --entre um 40 e um 50 % de nossas vendas--. Nosso seguinte passo é convencer a pessoas de 35 anos e mais com campanhas mais mainstream. Somos uma marca muito digital.
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