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Álvaro López (Unilever): "O nosso objetivo é chegar a 1.000 milhões de vendas com carne vegetal"
A empresa aposta no 'plant-based', um negócio em crescimento ao qual a Espanha é relevante, o que lhe permite atrair novos clientes
A Unilever é uma das maiores empresas do mundo. Conta com 400 marcas e uma atividade muito diversificada entre cuidado pessoal (TRESemmé ou Fluocaril), limpeza (Mimosín, Skip) e alimentação (Hellmann's, Magnum, Maizena, Frigo ou Ligeresa). Em 2022 a empresa conta com algumas novidades, várias focadas no âmbito da alimentação.
Álvaro López é manager diretor da Unilever Food Solutions, a divisão da marca de foodservice cujo lema é "De Chefs para Chefs". Aqui, com limão, sal e um pouco de pimenta. E muita carne vegetal, sobretudo isso.
-- Com um palco internacional tão incerto, quais são os planos da empresa para 2022?
-- "A nossa prioridade é a mesma: ajudar aos restaurateurs. Neste contexto, três grandes coisas são especialmente importantes: fazer ofertas gastronómicas mais atraentes para captar clientes, serem mais rentáveis e adaptar a restauração às novas tendências. Além de nossos produtos, que é a parte mais óbvia, pomos à disposição dos restaurateurs programas com os quais podem identificar problemas de rentabilidade. Também é importante ajudar a reduzir o desperdicio alimentar. Para captar novos clientes entra em cena a carne vegetal, com a qual um restaurateur pode atrair muitíssimos mais comensais dos que ataria até agora".
-- A Crispy No-Pollo do The Vegetarian Burcher foi galardoada com o prêmio de Sabor do Ano. Qual é a visão da Unilever sobre os produtos veganos?
-- "O segmento de carne vegetal é a maior revolução que estamos a viver na indústria, tanto no canal Horeca, como no direto ao consumidor. Nós, como empresa, definimos como objectivo de cinco a sete anos chegar a 1.000 milhões de euros de faturação com todo o que é plant-based e alternativas vegetais. Não só com The Vegetarian Butcher, mas também com outras marcas, como Ben & Jerry's e o seu gelado vegetal de cookies. Espanha é um país muito relevante neste sentido".
-- No entanto, vemos que em Espanha ainda há muitas resistências quanto a deixar de comer carne animal
--"No final, a proposta da Unilever neste sentido consiste em dar uma solução o mais ampla possível ao maior número de pessoas possível. O que nos dizem os dados é que cada vez há mais pessoas que compram carne de origem vegetal, em Espanha são cinco milhões de pessoas e o número cresce. Acho que a nossa obrigação é oferecer o máximo número de opções para cobrir a procura real. E, quanto aos restaurantes, pomos muita energia em inspirar os chefs e em integrar soluções com proteína vegetal nas cartas".
-- Acha que os bares e restaurantes apostam forte nisso?
--"Diria que sim. A restauração em Espanha adapta-se às tendências. Evidentemente, continuará a evoluir, não o vemos como algo estático, mas sim dinâmica e e em mudança. E consiste em integrar soluções alternativas à carne tradicional. Hoje fá-lo em 25% dos restaurantes. Mas acho que amanhã serão muitos mais".
-- Que avaliação fazem da aliança com o Burger King, como fornecedores da sua carne vegetal?
-- "Estamos muito satisfeitos de termos optado por uma aliança estratégica como esta. No final, é uma aposta da Burger King na nossa marca, para procurar um maior número de soluções e poder aproximar-se de mais consumidores".
– Outra das marcas de Unilever é a Knorr. Li que os seus produtos "já se cultivam de forma sustentável"...
--"Para nós é fundamental trabalhar para que os produtos sejam cada vez mais sustentáveis, faz parte do nosso DNA. A Unilever pôs em marcha na Extremadura o primeiro campo de agricultura sustentável em grande escala que teve em Espanha, e ali é onde se cultivam os tomates que se usam para a marca Knorr. Trabalhamos de forma colaborativa com fornecedores, e temos 50 novos projetos de agricultura regenerativa em todo mundo. Um desses aqui, em Espanha, e é muito interessante ver como a tecnologia (neste caso os satélites e os sensores digitais) nos ajudam a reduzir o consumo de água e o impacto de gases de efeito de estufa".
--Quais são os produtos da Unilever mais procurados?
--"A principal mudança que observámos no consumidor é a aposta pela carne vegetal. É o maior movimento dos últimos anos. O nosso esforço está na parte de desenvolvimento do produto e na colaboração com o setor da restauração".
--Como enfrenta a Unilever a digitalização?
--"Estamos muito atentos às tendências digitais, e nossa aposta hoje é sólida: desenvolvimento de soluções web, com aplicações e formação. Pedidos Ahora é uma aplicação para alimentação e restauração, não só com os produtos da Unilever, mas que tem mais de 20.000 referências, que em 2021 teve mais de 20 milhões de faturação. Acreditamos em pôr as coisas mais fáceis".
-- Em todos os setores fala-se dos riscos da inflação, como faz frente a Unilever ao incremento dos custos? Repercutirão no consumidor?
--"O nosso foco está num contexto dinâmico e a nossa aposta continua a ser ajudar o restaurante a que tenha mais rentabilidade. A nossa energia está aí, porque no setor a chave está em capacitar".
- Há alguma novidade recente que destaque?
--"Estamos muito orgulhosos da receção que teve o nosso brownie vegano da Carte D'Or, que é para todos os públicos. Temos uma proposta de produto potente, com inovações".
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